Trajetória de formação do tema de pesquisa

Como já havia prometido, compartilho aqui um pouco da minha trajetória no mestrado

Vez por outra sou abordado por algum amigo pedindo informações sobre o mestrado. Muitos pensam sem seguir carreira acadêmica, mas não sabem por onde começar. Mesmo com a imensa quantidade de informações disponíveis na internet, muitos preferem falar diretamente com que já está lá dentro.

Existe, inclusive, uma piada interna sobre o mestrado: “quem está dentro quer sair, quem está fora quer entrar”. Mas tudo isso faz parte da dinâmica. Eu já havia feito uma proposta para novos posts prometendo falar sobre minha pesquisa. Acabei não cumprindo, até o momento. Acho que está na hora de começar a expor um pouco do trabalho que tenho realizado. Assim, eu respondo aos interessados, gero conteúdo para o blog e motivo a continuar nesse processo final.

É claro que, nem só de publicações sobre a academia se manterá minha coluna. Mas será importante, de tempos em tempos, expor aqui algo do que estou produzindo. Para começar, exponho aqui um trecho da introdução do meu texto de qualificação. Vocês poderão notar que faço uso da primeira pessoa. Sempre fui reticente quanto a esse recurso, mas o programa em que estou desenvolvendo minha pesquisa considera necessário explicar a trajetória do pesquisador logo na introdução. Vamos a ela.


Ao voltar para a cidade de São Paulo, em julho de 2013, fui ao encontro do prof. Dr. Dirceu Lopes Fernandes, na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Como eu havia acabado de chegar, e o prof. Dirceu era meu único contato no mundo do jornalismo, fui cobrar uma antiga promessa que ele tinha me feito sobre emprego e contatos. Nossa relação tinha começado na Universidade Católica de Santos (UniSantos), onde ele havia sido professor por 33 anos, e onde eu me graduei em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo.

O professor então me sugeriu que cursasse uma de suas disciplinas, Fundamentos do Jornalismo, ministrada na USP, que eu já havia frequentado alguns anos antes sem nunca ter concluído.

A proposta da disciplina era a de, a cada aula, realizar uma entrevista coletiva – em parceria com os outros colegas de turma – com algum jornalista, diretor ou redator renomado dos mais diversos veículos de comunicação da cidade e, terminada a entrevista, elaborar uma matéria com manchete, linha fina e lide (lead) num período de vinte minutos. Em resumo, era um exercício prático realizado a cada nova aula. No entanto, meu foco seria levar currículo para cada uma das redações visitadas e tentar estabelecer contato com os profissionais do meio. Durante esse semestre, visitamos a redação da revista Caros Amigos, do jornal Brasil de Fato, da Folha de S. Paulo, do Estado de S. Paulo, além de muitas outras. Numa dessas oportunidades, o prof. Dirceu ministrou uma aula sobre as campanhas em apoio à educação desenvolvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo. Focou, principalmente, na figura do Júlio de Mesquita Filho e no seu empenho para criar a USP. Ao fim da aula fui pedir referências bibliográficas sobre o assunto, minha curiosidade havia sido atiçada. Durante o restante do semestre eu dividi meu tempo entre as aulas da disciplina, a busca por emprego e a pesquisa sobre o Júlio de Mesquita e seu projeto de universidade.

Findo o semestre, já trabalhando, tive a ideia de tentar pesquisar o assunto num curso de pós-graduação. Não obtive o apoio do prof. Dirceu. Ele argumentava que mestrado e doutorado servem para capacitar o indivíduo a lecionar em universidades, mas que para isso é preciso ter experiência de mercado. Recomendava que eu aumentasse a experiência antes de me aventurar no mestrado. “Pelo menos mais dez anos de prática antes de pensar em ensinar”, dizia ele.

Desobedecendo as recomendações do meu querido professor e amigo, comecei a cursar, como aluno ouvinte, a disciplina “Espaços e tempos da escola moderna: a educação comparada, perspectivas e políticas”, ministrada pela Prof.a Dr. ª Vivian Batista da Silva, na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Por causa da greve geral, iniciada em maio de 2014 e finda em agosto daquele ano, a disciplina não foi concluída.

De qualquer modo, aquela experiência foi o suficiente para fomentar o interesse pela História da Educação. Além do mais, a dúvida continuava: O que faz com que um jornalista, empresário, formado em Direito, que nunca lecionou, tome para si a missão de fundar a Universidade de São Paulo?


Pois bem, esse é um trechinho da minha trajetória rumo ao mestrado, contada na introdução. Lembrando que esse ainda é o rascunho. Só depois de muitas revisões com o meu orientador, Dr. Mauro Castilho Gonçalves, terei algo digno de mostrar à banca. Até lá vamos conversando.

 

José Fagner Alves Santos

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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