A Revolução Cultural: Entre Dostoiévski e o Brasil de 2024

Em 1872, Dostoiévski, em “Os Demônios”, capturou a essência de uma estratégia revolucionária sinistra que ecoa até os dias atuais. No Brasil de 2024, observamos paralelos preocupantes, onde a discussão sobre a “revolução cultural” é muitas vezes abafada por um véu de diversões aparentemente inofensivas. Este artigo busca iluminar os desafios contemporâneos, resgatando ideias do passado e lançando um olhar crítico sobre a situação atual.

A Estratégia Revolucionária:

Dostoiévski, quase meio século antes da tomada do Palácio de Inverno, já discernia a estratégia revolucionária. A citação de um de seus personagens reflete a influência da “revolução cultural” na sociedade: a cooptação de profissionais respeitados, como professores e advogados, para promover ideias que, a longo prazo, levam ao genocídio político em massa.

Os Desafios Atuais:

No Brasil contemporâneo, a discussão sobre a “revolução cultural” enfrenta obstáculos. Empresários, políticos e líderes militares, muitas vezes práticos em suas abordagens, podem não perceber os efeitos práticos de certas modas culturais. Estas, inicialmente obscurecidas por uma profusão de pretextos, podem eventualmente resultar em consequências brutais. A revolução cultural, mesmo que não leve diretamente à tomada do poder político, deixa marcas profundas na sociedade, minando padrões de julgamento e promovendo mudanças irreversíveis.

O Silenciamento Crítico:

O Brasil, infelizmente, não está imune a esses desafios. O silenciamento da discussão crítica sobre a revolução cultural tornou-se seu triunfo máximo, dificultando a análise e a compreensão pública. A falta de traduções de estudos estrangeiros sobre o tema e a ausência de equivalentes locais refletem uma intelectualidade dividida entre ativistas enfurecidos e observadores acovardados.

Desafios à Atividade Intelectual:

A revolução cultural no Brasil atingiu um estágio em que a simples tentativa de diagnosticar o estado de coisas é tratada como ousadia impolida. Os constrangimentos, ameaças e boicotes enfrentados por escritores independentes que buscam analisar a marcha dessa revolução indicam uma submissão total aos cânones culturais impostos. O desafio à atividade intelectual torna-se evidente quando o debate sobre a revolução cultural é não apenas desencorajado, mas também considerado uma ameaça.

Conclusão:

À medida que exploramos as linhas entre Dostoiévski e o Brasil de 2024, torna-se crucial questionar o estado atual da intelectualidade brasileira e sua capacidade de resistir ao silenciamento crítico. Este é um chamado para uma análise mais profunda, uma reflexão sobre a influência da “revolução cultural” e uma reafirmação do compromisso com o pensamento independente, essencial para preservar os valores fundamentais de uma sociedade.

José Fagner Alves Santos

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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