Entrevista com Camis Barbieri

Camis Barbieri fala como foi seu primeiro contato com a mídia podcast e quais seus programas favoritos

Essa entrevista foi produzida e publicada no extinto Mídias e Modos. Foi o primeiro episódio do Podcast. A transcrição foi feita porque a intenção original era montar um livro com a coleção de entrevistas. Infelizmente o projeto foi abandonado por conta de uma sucessão de ataques que o site sofreu.

J. Fagner – Quando é que você conheceu a mídia podcast?

Camila Barbieri – Então, conheci podcast mais ou menos lá pra 2008…

J. Fagner – a-ham!

Camila Barbieri –… Quando eu fui ouvir podcast dentro do assunto que eu sou… Que eu tenho  meu hobby, que são seriados (sic), né? Que eu fui ouvir o Podcast Legendado que é da Cláudia Croitor que é um podcast que, inclusive, fica hospedado lá na globo.com.

E depois, fui passando para outros podcasts, né? Que você começa com um e acaba ouvindo outros podcasts, né? Especialmente quem é ligado em tecnologia e é meio nerd… Você acaba sempre procurando, sempre outras coisas. E aí eu acabei chegando naqueles clássicos, tipo Nerdcast, Rapadura (cast) e hoje em dia tem tanto podcast que você pode escolher o que você quiser, né? Então você escolhe entre vários temas diferentes… De cultura japonesa, de culinária, de saúde, de… Acho que tem de automobilismo, tem até um podcast de motel que eu já ouvi… Enfim.

J. Fagner – Nossa!

Quem foi que te apresentou à mídia?

Camila Barbieri – Então, na verdade, eu descobri sozinha o podcast… Ouvindo mesmo e acabei me interessando e aí foi… Um dia eu resolvi fazer também. Entrar na dança, entrar na brincadeira com todo mundo e aí comecei o meu próprio podcast que é S. A. Cast do Seriadores Anônimos.

J. Fagner – Tá! Você está fazendo podcast há quanto tempo?

Camila Barbieri – Então, também há dois anos que estou fazendo podcast, o Seriadores, e na verdade eu comecei com o Seriadores, mas eu já fiz tantos outros nesse meio tempo. Fui fazendo outros projetos aí no meio e… É uma coisa que você não para, é impressionante.

J. Fagner – E qual a periodicidade do teu podcast hoje?

Camila Barbieri – Hoje é semanal, antes era quinzenal porque a gente não tinha muita manha de edição e aí demorava um pouquinho mais, mas agora que a equipe né?… agora nós temos dois editores que sou eu e um outro menino que edita, que é o Leo, a gente edita um por semana, então é rapidinho.

J. Fagner – Existe alguma relação entre o podcast que você faz e o teu trabalho?

Camila Barbieri – Não existe nenhuma, infelizmente. Eu gostaria muito de trabalhar com isso, seria bem legal. Inclusive seria muito legal se eu pudesse levar ele (o Podcast Seriadores) pra dentro do meu trabalho… eu trabalho com assessoria de imprensa, mas dentro do que eu faço não cabe ainda o podcast, não tem relação, mas eu imagino que para determinadas áreas, mesmo em assessoria de imprensa, especialmente na área de comunicação, cabe perfeitamente como uma ferramenta profissional. Uma coisa bem bacana.

J. Fagner – Me diz uma coisa: na tua opinião o que é que está faltando para a mídia (podcast) engrenar no Brasil? Porque nos EUA isso já funciona perfeitamente relacionado à questão da própria assessoria de imprensa ou do próprio jornalismo. Na tua visão o que é que está faltando para que isso funcione no Brasil

Camila Barbieri – Você diz profissionalmente?

J. Fagner – Profissionalmente falando, exatamente.

Camila Barbieri – Olha, eu acho que faltam as pessoas conhecerem, porque é uma mídia…

Particularmente não muito popular no Brasil ainda. A gente vai vendo os números de downloads que existem… se você comparar com a população brasileira os números de downloads são muito poucos, são muito baixos. Então, falta popularizar. Acho que as pessoas não conhecem, os brasileiros não têm o costume de ouvir podcast, mas está crescendo o número, as pessoas estão chegando lá. É porque hoje em dia com internet, mídias sociais as pessoas estão conhecendo. Graças às mídias sociais que os podcasts estão crescendo no Brasil, isso é uma realidade. Agora profissionalmente, eu conheço poucos podcasts que são usados como uma ferramenta de comunicação dentro de empresas. Inclusive esse podcast, que eu citei para você, do motel é um podcast de um motel mesmo que faz como uma ferramenta dentro do site deles.

J. Fagner – Ah, que legal. Para divulgação do motel?

Camila Barbieri – É para divulgação do motel. Eu não lembro o endereço agora, eu só lembro que um dia eu cheguei nele (podcast) assim e eu falei: – Cara!… Tinham dois apresentadores que me pareceram radialistas profissionais apresentando e eles faziam a tática de toda a mídia do motel através do podcast, dentro do site e eu achei bem bacana. É engraçado. Mesmo que você não vá no motel deles o podcast é bem interessante.

J. Fagner – Você enxerga o podcast como alternativa ao jornalismo opinativo?

Camila Barbieri – Eu enxergo sim. Apesar de muita gente que não dá valor à mídia podcast hoje em dia e que acha que é uma mídia menor e que talvez não tenha o mesmo valor do que um jornal, um artigo num jornal ou uma pessoa que está numa rádio formal ou, enfim, na TV,

o podcast é uma mídia que ela vai ficar na internet disponível para as pessoas, dependendo se você for manter o seu site ela fica disponível eternamente. Então ela é uma mídia de opinião muito forte, ela é uma mídia que dura e ela é uma mídia atemporal, especificamente atemporal. Uma coisa que eu opinei hoje um cara pode ouvir daqui a um ano e ainda está

válido, sabe? Então eu acho que é uma coisa tão bacana das pessoas terem acesso. E eu não vejo muito isso na mídia tradicional, sabe? Essa coisa da pessoa poder ter acesso depois que aquele momento passa, sabe? Fica tão mais difícil você chegar perto de um jornal velho do que baixar um podcast e ouvir. Eu imagino que é uma ferramenta bem bacana para o jornalismo opinativo apesar de não ser feito em termos profissionais a maioria dos podcasts.

Mas, a opinião das pessoas ainda está lá. O negócio é dá voz para todo mundo não só para quem é jornalista, até mesmo porque hoje em dia nem precisa de diploma mais… enfim.

J. Fagner – Bom, não vamos nem entrar nessa discussão agora.

Camila Barbieri – Não vamos nem entrar nessa discussão que a gente gosta tanto, né?

J. Fagner – Quais são as dicas que você daria para quem tivesse começando um podcast agora?

Camila Barbieri – Ouvir podcast em primeiro lugar para você saber o que tem de bacana, o que você não gosta especificamente. E para você tentar fazer coisas diferentes das que estão aí no mercado. Hoje em dia tem tanto podcast que é um pouco difícil você ser um pouco criativo, mas você tem que ter sua personalidade, seu estilo, fazer uma ediçãozinha bacana.

Aprender sempre. Procurar conhecer o pessoal que já está aí fazendo podcast há algum tempo. O pessoal vai ajudar com certeza. Os podcasts são uma comunidade bem unida, na verdade, então… é mais ou menos por aí. Sempre primar por fazer um trabalho original e diferenciado do que está por aí que aí com certeza você vai ter público.

J. Fagner – Eu queria que você indicasse para quem quisesse começar a ouvir podcast agora, três podcast nacionais para quem não conhece podcast, para quem está começando agora.

Camila Barbieri – Podcasts que eu escuto e que eu gosto: eu gosto do Papo de Gordo, tá? É um podcast bem engraçado com temática de saúde… Enfim, a equipe é muito boa a edição também é muito boa. Tem o PodCumê que é um podcast de variedades também, que tem uma edição maravilhosa, de verdade… Você quer aprender edição de podcast ou como fica bacana para as pessoas ouvirem? Dá uma ouvidinha em uma edição só do PodCumê, você vai ter noção absoluta de como o negócio é bacana e bem feito. E vou indicar um podcast também, dentro da minha área que é de seriados, que é o Box e Séries, que é um podcast, também, bem criativo, bem engraçado e que trata o assunto de forma bacana e diferente para as pessoas que gostam.

J. Fagner – Você quer fazer seu jabá?

Camila Barbieri – Fazer jabá (risos) é uma coisa que todo podcaster faz, né? Eu tenho o Seriadores Anônimos que é o S. A. Cast lá dentro.

J. Fagner – Qual é o endereço?

Camila Barbieri – WWW.seriadores.com.br, podcast semanal. E eu estou, também, semanalmente no Podmaníaco lá no WWW.seriemaniacos.com.br.

J. Fagner – Como é que você consegue gravar dois podcasts por semana?

Camila Barbieri – Não, na verdade eu gravo mais de dois podcasts por semana porque eu sempre sou convidada (risos).

J. Fagner – É sério?

Camila Barbieri – É.

J. Fagner – Deus! Que bom…

Camila Barbieri – Olha, eu já cheguei a gravar um por dia.

J. Fagner – Nossa!

Camila Barbieri – Em semanas assim que eu gravei, tipo, de domingo a domingo. Fiquei meio abilolada, mas deu certo.

J. Fagner – Eu realmente não daria conta. Camila, brigadão!

Camila Barbieri – Imagina.

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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