Peça “Gargalhada Selvagem” fala sobre a importância de rir de si mesmo

Rir é o melhor remédio e rir de si mesmo pode muitas vezes ser a solução para diversas questões do nosso cotidiano. E rir durante 90 minutos em uma peça hilária que fala justamente sobre a importância de não se levar tão a sério é uma combinação mais que perfeita. Tudo começa quando um homem e uma mulher se esbarram em um supermercado comprando uma lata de atum e a partir deste encontro passam a habitar de forma hilária os sonhos e os pesadelos um do outro.

Dividida em três partes que se interligam de forma muito inteligente, Gargalhada Selvagem é uma sátira social deliciosa que mostra, por meio de situações comuns do dia a dia, que o mais importante da vida é saber rir de si mesmo, garantindo ao espectador uma sequência de risadas mais do que necessárias. A ideia é usar o poder corrosivo da comédia inteligente para satirizar nossos costumes e propor uma reflexão sobre nosso cotidiano, como a neurose da vida em uma grande cidade, os relacionamentos amorosos, a positividade quase artificial que a sociedade contemporânea nos exige e o artificialismo de algumas relações.

A primeira parte fica a cargo de um monólogo com a excelente Alexandra Richter, que tem no currículo títulos como “Toma Lá Dá Cá” (2008), “Minha Mãe é uma Peça” (2013, 2016 e 2019), “Amor.com” (2017) e “Além da Ilusão” (2022) além de diversas outras novelas, filmes e peças. A personagem eleva ao máximo todas as mazelas do seu dia a dia e conta, de forma desenfreada e divertida, como foi o seu trajeto de vida, unindo momentos que vão da loucura à sensatez, e que se cruzam até a chegada daquele dia em que só queria comprar uma lata de atum no supermercado.

Logo depois, em um jogo de cena bastante surpreendente, nos deparemos com outro monólogo de um personagem masculino, que vive em busca de harmonia, mas está sempre a ponto de explodir. Vivido pelo igualmente incrível Rodrigo Fagundes, que recentemente esteve em Cara e Coragem (2022) além de acumular diversas participações em séries e novelas da Rede Globo, onde também interpretou Patrick, do humorístico Zorra Total, ele reflete de forma intimista e engraçada, como é difícil ser uma pessoa positiva em um mundo altamente negativo.

Na terceira e última parte, os dois personagens se encontram em uma sequência hilariante e confrontam a forma como cada um enxergou o outro no corredor do supermercado. Os personagens então percebem como rir dos próprios problemas é uma forma de encará-los, observando suas posturas e formas de ver o mundo. E é justamente quando eles se encontram que vem o melhor e mais engraçado momento de todo o espetáculo e elevam ainda mais o tom com a participação de Joel Vieira, garantindo boas risadas e aplausos inesperados durante a apresentação em mais uma sequência fantástica.

O diretor Guilherme Weber, que também assina a tradução do texto original de Christopher Durang, relata que os dois principais personagens retratam a vida nas metrópoles. “A ferocidade da vida nas grandes cidades apenas aumentou desde que o texto foi escrito e é nesta observação que os personagens são criados. São, ambos, um catálogo de neuroses da vida urbana e, quando estes catálogos se encontram, explodem em comédia. Os personagens são dois atores que usam o humor como escudo, a linguagem como arma e a piada como um colete salva vidas”, reflete.

Ele também acrescenta que o objetivo da peça é fazer uma homenagem à comédia como linguagem. “Estamos compondo em cena diferentes expressões da comédia e do humor: piada de salão, número de plateia, humor físico, paródia, stand up, chanchada… E ainda lançamos um olhar profundo sobre a obra do Christopher Durang. Sempre me interessou os dramaturgos que criaram grandes papéis femininos através do filtro Queer, como ele. E também os diferentes tratamentos de comédia que ele usa em seus textos, como a paródia, por exemplo. É um recurso de alta voltagem de humor e crítica”, afirma.

Se você está em São Paulo, pode conferir a peça Gargalhada Selvagem que está em cartaz no Teatro Porto até 28 de maio de 2023, às sextas e sábados às 20h e aos domingos às 17h. Os ingressos estão disponíveis em www.sympla.com.br/teatroportoseguro.

Sobre o autor

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Cidadão do mundo, jornalista por formação, comunicador por vocação, apaixonado por música, hardnews e ironia, fotógrafo por hobby, escritor e inquieto por criação. Autor de "Coisas da Vida", "O Diário de Arthur Ferraù", "Águas de Março", "Coisas da Vida" e da série "Labirintos do Coração".


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