Centenário do 16mm é celebrado com programação gratuita em SP

Entre os dias 03 e 17/05, o Centro Cultural São Paulo, CCSP, celebra o “Centenário do 16mm” com programação especial e gratuita. Os apaixonados pela sétima arte e pelo cinema de película terão a oportunidade de ver e rever clássicos do cinema mundial, entre eles, O Homem Mosca, que celebra 100 anos e abre a mostra com projeção em 16mm e execução ao vivo de trilha sonora pelo pianista Tony Berchmans; Cisne Negro (Black Swan, 2010), de Darren Aronofsky, que foi quase todo captado no formato; Flores do Pó, (Blossoms in the Dust, 1942) que será exibido em cópia 16mm original em Technicolor; Mazurka (1935), filme alemão com direção de Willi Forst, em cópia 16mm raríssima; e O Camelô da Rua Larga (1958), chanchada com direção de Eurides Ramos e roteiro de Chico Anysio, com Zé Trindade, Zezé Macedo e números musicais com Nelson Gonçalves e Maysa.

A mostra conta também com um debate mediado pelo professor e crítico de cinema Donny Correa com as participações do professor de cinema e cineasta Paolo Gregori, e o cinegrafista da TV Cultura Francisco Sampaio. Durante as exibições, o CCSP presta uma homenagem ao projecionista e montador senhor Benê de Oliveira.

“Centenário do 16mm” conta com a produção da Cine 16 Projetos Culturais em Cinema. A programação completa está disponível no site da CCSP e os ingressos podem ser retirados uma hora antes de cada exibição. Para mais informações, basta seguir as redes sociais da Cine 16: @vivaofilme

Confira a programação:

  • 03/05, 20h, Cinepiano Apresenta o Homem Mosca (1923) (sala Jardel Filho)
  • 04/05, 17h, O Homem da Máscara de Ferro (1939) e, 19h30,o Conde de Monte Cristo (1934)
  • 05/05, 17h, PI (1998) e, 19h,Cisne Negro (2010)
  • 06/05, 17h, Procura-se Amy (1997), e ,19h30, O Balconista (1994)
  • 07/05, 17h, A Última Gargalhada (1924), e, 19h, O Encouraçado Potemkin (1924)
  • 09/05, 15h,Trens Estreitamente Vigiados (1966); 17h,A Tortura do Medo (1960) e, 19h,O Camelô da Rua Larga (1958)
  • 10/05, 15h, Hamlet (1948); 18h, debate com Paolo Gregori, Francisco de Sampaio e Donny Correia e 20h Flores do Pó (1942)
  • 11/05, 17h,Paixões que Alucinam (1961), e ,19h,Dersu Uzala (1975)
  • 12/05, 15h,Depois da Chuva (1999);17h,Sonatine (1993) e 19h A Rotina Tem Seu Encanto (1962)
  • 13/05, 15h, Shadows (1959); 17h, Homenagem A Benedito e 19h Mazurka (1935)
  • 14/05, 15h, sessão infantil com: Balão Vermelho (1956), Aprendiz de Feiticeiro (1940) e Pedro e o Lobo (1946); 17h Sossega Leão (1936) e 19h No Tempo Das Diligências (1939)
  • 16/05, 17h,Esposas Ingênuas (1922), 20h Um Triângulo Diferente (1984)
  • 17/05, 16h,O Caçula (1924), 18h Sherlock Jr. (1924), 19h O Circo (1928)

16mm completa 100 anos
Há 100 anos, em 08 de janeiro de 1923, no auditório da East High School, em Rochester, N. York, a Kodak anunciava o nascimento da cinematografia amadora, com demonstração do conjunto câmera (Cine Kodak) e projetor de filmes (Kodascope) no formato de lançamento 16mm.

Na edição do dia seguinte, o jornal Democrat and Chronicle (Rochester), deu destaque em primeira página para o acontecimento. E coube ao tempo mostrar que a nova bitola revolucionária o alcance da imagem em movimento.

Muito mais econômico e portátil do que o 35mm, padrão da indústria cinematográfica de então, o novo formato, nas décadas seguintes, expandiu radicalmente as possibilidades de produção e exibição de filmes para além do mero entretenimento, diante do poder do cinema como instrumento para fins educacionais e de comunicação de massa.

Com o 16mm, o cinema saiu dos cinemas, por assim dizer. Projetores 16mm passaram a ser itens comuns nas escolas, universidades, órgãos públicos, empresas, sindicatos, igrejas, clubes e residências. A bitola passou também a ser o padrão profissional para captação de imagens em reportagens externas de TV, até o advento dos equipamentos portáteis de videotape na década de 1970. Além disso, tornou-se o formato padrão da indústria cinematográfica para distribuição de filmes para as emissoras até a década de 1980, quando foi substituído por outras mídias, magnéticas e digitais, mais compactas, baratas e com equiparação de qualidade para a pequena tela eletrônica.

O 16mm permitiu também o surgimento do cinema itinerante, tornando possível, graças à portabilidade e relativo baixo custo dos projetores, levar a experiência do filme cinematográfico a comunidades que não tinham acesso a salas de projeção.

Então eis que profissionais passaram a ver o 16 como solução estética alternativa: John Cassavetes com “Shadows” (1959), Jean Eustache com “The MotherandtheWhore” (La Maman et la Putain,1973), Wim Wenders com “Alice in the Cities” (Alice in den Städten, 1974), Mike Figgis com “Despedida em Las Vegas” (Leaving Las Vegas, 1995), Fernando Meirelles com City ofGod (Cidade de Deus 2002), Mike Leigh com “Vera Drake” (2004), Darren Aronofsky com “Cisne Negro” (Black Swan, 2010), apenas para citar alguns, de centenas de títulos. Além disso, em 2020 a série da Netflix “The Eddy” foi inteiramente produzida em 16mm.

Sobre o autor

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Cidadão do mundo, jornalista por formação, comunicador por vocação, apaixonado por música, hardnews e ironia, fotógrafo por hobby, escritor e inquieto por criação. Autor de "Coisas da Vida", "O Diário de Arthur Ferraù", "Águas de Março", "Coisas da Vida" e da série "Labirintos do Coração".


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