Romance revela como elite da Alemanha nazista impulsionou Holocausto
Sem a colaboração direta da alta sociedade da Alemanha nazista, nos anos 30 e 40 do século 20, o Holocausto não teria acontecido. Esta é a premissa do romance histórico “O Engenheiro da Morte – a Participação da Elite alemã no Holocausto” (Editora Vestígio), o mais novo livro de Marcio Pitliuk, escritor, cineasta e um dos maiores especialistas no país sobre o tema, que será lançado no dia 18 de abril, a partir das 18h, na livraria da Vila Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo.
A obra estará disponível nas principais lojas físicas e virtuais e trata de um assunto pouco conhecido: o envolvimento direto de industriais, empresários, engenheiros, arquitetos, banqueiros, médicos, advogados, em síntese, de grande parte da elite alemã no maior genocídio da História Contemporânea. O único propósito dessas pessoas, segundo o autor, foi enriquecer e aumentar os lucros para suas empresas, como Volkswagen, Siemens, Oetker, Deutsche Bank, BMW, Krupp, entre outras ainda hoje na lista das mais valiosas do mundo.
A narrativa fictícia, com fatos reais e personagens muito bem construídos, é a história do jovem e ambicioso engenheiro Carl Farben. Em 1941, quando os alemães começam a construir os campos de extermínio, ele muda a fórmula de um inseticida para torná-lo mortal aos seres humanos. Assim, desenvolve o gás Taifun B para dizimar os judeus. Incentivado pela esposa, Farben conquista fortuna e sucesso durante a guerra, mesmo às custas do genocídio causado pelo seu produto. Com a rendição da Alemanha, o casal consegue documentos falsos e foge para o Brasil. No entanto, a caça aos nazistas continua mesmo após o conflito militar global.
O livro é um thriller envolvente, desde o primeiro capítulo, com as revelações do autor sobre o Holocausto ou Shoah (calamidade) para os judeus; o assassinato de seis milhões de judeus, crianças, adultos e idosos, e também homossexuais, ciganos, opositores políticos, deficientes físicos e mentais e testemunhas de Jeová.
“Os soldados da Schutzstaffel, a SS, que organizavam as filas nas câmaras de gás, eram o último elo da corrente assassina”, diz Pitliuk. “Os militares administraram os campos de concentração, mas para construí-los foram necessários arquitetos, engenheiros e mão de obra especializada, além de muitos recursos financeiros. Para produzir o gás Zyklon B, um pesticida da Bayer (ainda existem latas com o logotipo) reformulado para ser um gás letal em humanos, os nazistas precisaram de químicos e uma fábrica, bem como de metalúrgicas para as cercas de arame farpado. Era um grande negócio com corrupção generalizada e engajamento da elite alemã”, relata Pitliuk.
Dinheiro para a indústria do genocídio da Alemanha nazista não era problema. No livro, o autor conta como se dava o financiamento dos campos de concentração. O Deutsche Bank emprestou altos valores ao regime do Terceiro Reich, e quem pagou literalmente essa conta foram os judeus. A elite alemã, com o apoio do regime nazista, confiscou tudo dos judeus: economias, casas, joias, obras de arte, empresas, indústrias, enfim, tudo que estava ao seu alcance.
“Até a vitória soviética na Batalha de Stalingrado, em fevereiro de 1943, o padrão de vida da população da Alemanha Nazista era muito alto. O suborno era disseminado em um regime totalitário, criminoso e amoral”, menciona Pitliuk.
Parte do que era roubado dos judeus era destinado à população da Alemanha e outra reservada para construir os campos em Auschwitz-Birkenau, Dachau, Majdanek e outros. Mesmo depois de assassinados, os judeus eram mercadorias para grande lucro dos nazistas.
“Os cabelos dos judeus eram vendidos em toneladas para ser usado como material térmico em submarinos, aviões de guerra; os ossos serviam de adubo. Apenas para lembrar algumas situações. Tudo foi documentado pelos nazistas. Ninguém pensa isso”, comenta o autor. “Quando os gerentes das fábricas reclamavam do precário estado de saúde dos judeus que eles recebiam para ser usados como escravos nas empresas, os comandantes da SS diziam que, caso não resistissem, não tinha problema, porque muito mais chegariam. Perto do fim da guerra e com a derrota iminente, a elite, civis e militares enviaram grandes somas de dinheiro ao exterior, principalmente a Suíça, para se manterem com alto padrão de vida no pós-guerra. Todos tinham consciência dos crimes cometidos”, conclui o autor.
Marcio Pitliuk é um dos maiores especialistas brasileiros no assunto Holocausto e, desde 2008, se dedica a divulgar o que é considerado o maior crime da Humanidade no século passado. É diretor no Brasil do Yad Vashem, o mais importante centro de pesquisas e ensino do Holocausto, sediado em Jerusalém, curador do Memorial do Holocausto de São Paulo e membro acadêmico do StandWithUs Brasil. Sobre esse tema, faz palestras, realizou três longas-metragens e escreveu outros quatro livros: “O homem que venceu Hitler” (romance histórico), “A alpinista: sexo e corrupção na Alemanha Nazista” (romance histórico) e “Sobreviventes – Volumes I e II” (com Luiz Rampazzo).
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Sobre o autor
Cidadão do mundo, jornalista por formação, comunicador por vocação, apaixonado por música, hardnews e ironia, fotógrafo por hobby, escritor e inquieto por criação. Autor de "Coisas da Vida", "O Diário de Arthur Ferraù", "Águas de Março", "Coisas da Vida" e da série "Labirintos do Coração".