Livro narra como o racismo e o elitismo podem destruir sonhos

Aos 17 anos, Leiliane, uma jovem negra dedicada aos estudos e com o sonho de se formar em medicina, mora com a madrinha após perder a mãe em um acidente de ônibus, em 2007, e o pai estar desaparecido. Após fazer o Enem, ela obtém 880 pontos de média e, como não possui computador, pede ao amigo Tomás para que faça sua inscrição no Sisu.

Com pouca vontade, e a pedido de sua mãe, Débora, Tomás faz a inscrição no Sisu em cursos que Leiliane não deseja, além de gerar um print falso de uma aprovação na Universidade Federal do Espírito Santo, no curso de Medicina. Iludida com a informação mentirosa, Leiliane festeja e planeja como assistirá às aulas remotas, já que não tem computador. Por sugestão de amigos, ela grava um vídeo e publica nas redes sociais, no qual pede ajuda aos internautas para comprar a máquina. Sensibilizadas, as pessoas doam recursos para que Leiliane compre o equipamento necessário. No entanto, a moça descobre a farsa daquele que se dizia seu amigo.

Essa é a trama da novela literária “O trote da lista”, escrita pelo escritor capixaba Maxwell dos Santos e disponível gratuitamente neste link. A trama, baseada em uma notícia veiculada em diversos portais, sensibilizou o escritor. “Após ler no site Razões para Acreditar a história de vida da jovem Rutineia de Souza, de Alto do Rodrigues/RN, que fora enganada pelo “amigo”, na inscrição no Sisu para Medicina, decidi escrever essa trama e disponibilizar na internet gratuitamente”, explica o autor.

“Eu fiquei muito irritado, primeiro pelo fato da menina ser preta e, como também sou preto periférico morador de uma região com alta vulnerabilidade social, quando vi essa notícia e fiquei a par da história da Rutineia, decidi narrar em um livro e na obra acabei inserindo questões do racismo e do elitismo, pois a Débora, mãe do Tomás, é uma pessoa reacionária e ressentida. Ela queria ser médica também e, como não conseguiu, agiu dentro daquele pensamento de ‘se eu não consegui, por que ela tem que conseguir?'”, afirma

“Essa mãe é um arquétipo prefeito da classe média reacionária, da elite do atraso que não aceita políticas públicas que permitem a ascensão social de pessoas pobres, pretas e periféricas, não aceita dividir os mesmos espaços e também sequer aceita que elas possam ingressar em universidades”, finaliza.

Sobre o autor

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Cidadão do mundo, jornalista por formação, comunicador por vocação, apaixonado por música, hardnews e ironia, fotógrafo por hobby, escritor e inquieto por criação. Autor de "Coisas da Vida", "O Diário de Arthur Ferraù", "Águas de Março", "Coisas da Vida" e da série "Labirintos do Coração".


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