O espetáculo “Helena Blavatsky, a voz do silêncio”

Helena Petrovna Blavatsky foi uma das figuras mais notáveis do mundo nas últimas décadas do século 19, tornando-se imprescindível para o pensamento moderno. A vida e obra desta renomada pensadora russa inspirou o espetáculo “Helena Blavatsky, a voz do silêncio”, que estreou virtualmente, em 2020, com elogios de artistas e formadores de opinião e fez sua primeira temporada presencial, em janeiro, em São Paulo.

Enquanto incansável buscadora de sabedoria antiga e atemporal, Helena Blavatsky revolucionou o pensamento humano. Sua obra influenciou cientistas como Einstein e Thomas Edison; escritores como James Joyce, Yeats, Fernando Pessoa, T. S. Elliot; artistas como Mondrian, Paul Klee, Gauguin; músicos como Mahler, Jean Sibelius, Alexander Criabrin; além de inúmeros pensadores, como Christmas Humphreys, C. W. Leadbeater, Annie Besant, Alice Bailey, Rudolf Steiner e Gandhi.

Estrelada por Beth Zalcman, sob a direção de Luiz Antônio Rocha, indicado ao prêmio Shell de 2019 pela montagem de “Paulo Freire, o Andarilho da Utopia”, a montagem mexe com os espectadores ao instigar uma profunda reflexão sobre a busca do homem pelo conhecimento filosófico, espiritual e místico. Este é o primeiro texto teatral da filósofa e poetisa Lucia Helena Galvão, cujas palestras na internet são acompanhadas por milhões de seguidores. Após cada sessão, haverá um bate-papo com a equipe de criação.

Foi justamente essa busca pelo conhecimento da essência humana, propagado por Blavatsky, que fez com que o teatro tivesse 90% de ocupação durante a primeira temporada, com mais de 4.500 mil espectadores em 11 sessões. 

A atriz Beth Zalcman com o diretor Luiz Antônio Rocha durante uma das apresentações da peça. Foto: Divulgação

“O teatro está localizado no centro financeiro e nervoso de São Paulo, e a gente viu o interesse dos espectadores de buscar a conexão e união entre as pessoas, em contraste com toda aquela correria em um mundo partido. Considerando que vivemos num período de caos mundial, no qual o fundamentalismo, as tecnologias e as crises políticas e climáticas do planeta invadem nossa dignidade com tanta violência, resgatar os pensamentos de Blavatsky é de extrema importância. Afinal, segundo ela, o universo é dirigido de dentro para fora, pois nenhum movimento ou mudança exterior do homem pode ter lugar no corpo externo se não for provocado por um impulso interno”, afirma o diretor.

A atriz Beth Zalcman, que dá vida novamente a essa importante personagem histórica, bateu um papo com o Editoria Livre. Beth, que define a peça como um mergulho no improvável, no intangível e uma forma comovida e contundente para homenagear esta mulher tão especial, falou um pouco sobre a experiência de interpretar a Blavatsky nos palcos e muito mais. Confira:

Por qual motivo escolher uma peça sobre a Madame Blavatsky?
Blavatsky foi inspiração na nossa juventude tanto para mim como para Luiz Antônio, idade que buscamos personagens diferentes que nos instigam ao autoconhecimento. Luiz tinha sonho de trazer essa personagem mística forte para o palco e me convidou para esse projeto. Pela complexidade dos pensamentos de Blavatsky, procuramos a professora e filósofa Lucia Helena Galvão para escrever o texto, que topou imediatamente o desafio e, como ela disse, Blavatsky merece essa homenagem.

GALERIA: Confira imagens do espetáculo “A Voz do Silêncio”

Qual a importância da Blavatsky no autoconhecimento e na espiritualidade?
Ela foi em busca da sabedoria antiga atemporal. Saiu viajando pelo mundo recolhendo conhecimento profundo com uma verdade diferente de seu tempo: século XIX . Trouxe ideias como: a heresia da separatividade, o maior mal do mundo conhecido como egoísmo.

Qual a sensação de fazer voltar à vida uma personagem histórica tão importante?
Uma sensação de certeza e de crescimento. Cada vez que faço a peça, que falo esse texto profundo, poético, percebo alguma nuance que não havia descoberto ainda. É um mergulho na sua plenitude .

“A voz do silêncio”, que dá título à peça, é também o nome de um livro da Blavatsky. Como se deu essa escolha e por que “A Voz do Silêncio”?
A Lúcia tem uma palestra incrível sobre esse tema no YouTube e por aí começamos nosso diálogo . O texto é inspirado no livro de Blavatsky mas também traz muitas outras referências de sua obra. A voz do silêncio é uma provocação para olharmos para nossa essência, para nosso autoconhecimento .

Qual o recado que a Blavatsky, por meio de todo o seu legado, tem para os dias de hoje e que está simbolizado na peça?
Creio que ela dá umas boas dicas como uma fala no texto: “a humanidade, pelo menos em sua maioria, detesta refletir, mesmo em proveito próprio”. Esquecemos que refletir nos ajuda a crescer .

Qual o maior aprendizado que fica para você?
São muitos . Ter determinação e consciência do seu propósito de vida, pensar na potência que trazemos dentro de nós e não fora, essa potência imperativa que dá sentido a uma vida mais saudável, digna, justa para você e para o próximo.

O espetáculo teve uma montagem virtual e agora está presencial. Qual a diferença entre as duas?
No virtual, fizemos três temporadas incríveis e atingimos literalmente o mundo. Tinha gente de Cingapura, do Canadá, do interior do Brasil de localidades que não têm teatro, enfim, lindo! Mas eu fazia olhando para um celular na sala da minha casa . Eu imaginava a plateia … e atuava com toda a potência que a personagem exige. Já no teatro… Ah! que alegria voltar para o teatro e ter os olhos e a respiração da plateia tão próximos, contracenando comigo no palco. Teatro é um espaço de inúmeras possibilidades. Muito bom voltar e ter a plateia lotando o teatro, emocionada, tocada e escutando a voz do silêncio!

A temporada de SP acaba no dia 19 de março , mas a peça continua?
A próxima parada será no dia 15/04 em Taubaté e nos dias 21/22/23 de abril em Belo Horizonte. Temos também convites para Angola e Portugal.

Se você está em São Paulo ou de passagem pela cidade, aproveite a última semana da peça. Confira as datas:

  • Quarta-feira (15/03), às 20h
  • Sábado (18/03), às 18h
  • Domingo (19/03), às 17h e 20h
  • Após cada sessão, haverá um bate-papo com a equipe de criação, com exceção do dia 18/03.

Sobre o autor

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Cidadão do mundo, jornalista por formação, comunicador por vocação, apaixonado por música, hardnews e ironia, fotógrafo por hobby, escritor e inquieto por criação. Autor de "Coisas da Vida", "O Diário de Arthur Ferraù", "Águas de Março", "Coisas da Vida" e da série "Labirintos do Coração".


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