Dentro e fora de tela

Compartilho uma reflexão poética escrita a partir de um debate realizado com pessoas de diferentes posições sociais, que assistiram e dialogaram sobre o filme Bacurau, em período do seu lançamento (2019). Penso que a produção cinematográfica brasileira tem colaborado com a ampliação do debate sobre temas caros a conjuntura e estrutura social. O filme faz pensar sobre o problema da desigualdade, e mostra, em linguagem distópica, o que ocorreria se quem encontra-se à margem, decidisse reagir.

Autora: Hebelyanne Pimentel da Silva.

Não é um simples

BACURAU

É a denúncia de fatos

Um grito de oprimidos

Nas entrelinhas dos atos

 

Para os que são marginais

Interpretar não foi difícil

Viu-se retratos contundentes

De pensamentos esquisitos

 

Alguns lembraram do sertão

Da seca e da miséria

Outros disseram de gênero

Do interior

Da favela

De Fabianos a Severinos,

Marieles e Marias,

Tudo viram em mesma tela

 

Para os superiores

Comentar foi bem difícil.

Parecia Retrato célebre

Do que por eles nunca foi visto

Até tentaram remeter

Ora a seus momentos tristonhos.

Falaram de música e técnica

Do artístico contemporâneo.

Mas em palavras vazias

Esqueceram o humano.

 

Alguns proferiram poucos

Dos seus muitos preconceitos

Tudo soou desrespeito

Hipocrisia sem efeito

Esqueceram que na dor

Na fome e no horror

Todos vivem do mesmo jeito

 

O filme fala de margem.

De reação ao estigma.

Diz também de luta.

De impressão escondida.

Vemos o convite célebre

Ao ato de pensar

De ultrapassar o posto

De imaginar e falar.

 

Assim foi dado o grito

De reação do cinema

Ao que está posto

(dentro)

(E também) FORA (de cena).

Sobre o autor

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É Pedagoga e autora da obra "Uma década de PROSA". Busca desenvolver por aqui, reflexões, majoritariamente autobiográficas, sobre o conceito de democracia na sociedade capitalista. Escreve, esporadicamente, poesias e crônicas.


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