Eu admiro você, MULHER DE INTERIOR!
Ao trazer a público a necessidade de colocarmos, nas pesquisas acadêmicas, o LUGAR DE FALA da mulher pobre e de origem interiorana, tenho mostrado as ESPECIFICIDADES DO INTERIOR EM RELAÇÃO A CAPITAL, e tenho evidenciado a minha defesa a formação clássica como necessária ao exercício pleno da CIDADANIA. Foram tantos textos acadêmicos até aqui. Mas, como eles são expressões insuficientes, escre(VI)vo também em poesia. Inspiro-me na vida da mulher de interior em meio acadêmico. O último, repleto de preconceitos e desafios de muitas espécies. A fotografia mostra parte do espaço que mais frequentei, quando estava cursando Graduação em Pedagogia pela UFAL. Essa fotografia, em especifico, foi feita por uma das pessoas que tinha na memória ao escrever a parte final do poema.
Autora: Hebelyanne Pimentel da Silva.
Por sua humanidade
Pela capacidade
De ser verdade
Você é generosidade
Humildade
Empatia e amizade.
– Mulher de interior!
Eu até acabaria
Brevemente essa prosa,
Mas o número de qualidades
Parece que não esgota.
Você gosta de Clarice,
De Graciliano Ramos,
Falamos muito sobre Kafka,
Saramago e outros tantos.
Eram dias de leitura
Que retiravam a tortura
De estar sós, em meio a escuros cantos.
Ingressamos em um planeta
Que poucos conseguiam notar,
Entre personagens e encantos
Que a leitura pode evidenciar.
Eram dias de alegria
Em meio a tanta agonia
De viver em um (não)lugar.
– Nosso lugar é onde a paz está!
Sabíamos ser necessária
A excessiva dedicação.
Fizemos muito de tudo.
Engolimos sem água o limão.
Fomos Histórias de superação.
– Caminhamos com pés grudados no chão!
Para objetivos alcançar,
Sonhos realizar,
Dificuldades superar.
Contra a corrente
Precisávamos nadar.
E até malabarismos
A vida ensinava dar.
As vezes era difícil
Fazer tanto em pouco tempo,
Diante do desanimo,
Do mal estar
E do tormento.
Mas, o que nos fortalecia
Era saber que uma à outra, tínhamos,
E que mãos não iriam soltar.
Até disseram-nos:
– Caipiras!
E cultura fomos mostrar.
Respostas silenciosas
Os dias ajudaram a dar.
Muito mais que em palavras,
Defendemos uma causa
Impossível de questionar.
Você vai sim, se emancipar!
Pode acreditar!
O seu lugar não é (apenas) o lar.
– Você merece estudar!
E viver, onde quiser estar.
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Sobre o autor
É Pedagoga, Mestra em Educação e autora da obra "Uma década de PROSA". Busca desenvolver, por meio desta coluna, reflexões majoritariamente autobiográficas sobre as condições de vida das pessoas de origem interiorana, especificamente do interior de Alagoas. Escreve, comumente, crônicas e artigos de opinião, mas também utiliza-se da linguagem poética, quando pertinente à temática destacada.
Sempre incrível 😍
Maravilhosaaaaaaaa!!! Como não se perceber em sua escrita, querida Bella?! As vezes gritamos, com ou sem voz, mas gritamos para o mundo ouvir e saber que aqui estamos e nos encontramos em nosso LAR. Lar que somos e que construímos a partir de nossas vidas e de nossas vivências. Sua prosa é forte, é acolhedora, é LAR.
Pessoas incríveis e maravilhosas! Como é bom encontrar vocês por aqui, Gilmar e Larissa.
Suas palavras também são LAR, minha querida Lalá! Leves como o AR… E fortes como de uma mulher que sabe a importância de lutar. Lutar com: respeito, coerência, ética. Lutar com Gentitude e empatia. Tudo por uma sociedade mais justa. LUTAR PELO FIM DA HIPOCRISIA. Continuemos a gritar, minha cara!! E quando a nossa voz falhar, espero que tenhamos outras capazes de perpetuar a defesa a essa causa.
Eu admiro vocês!