Coletivo de brincantes celebra a diversidade cultural com sambada de coco em São Paulo
Celebrado, anualmente, em 21 de maio, o Dia Mundial da Diversidade Cultural foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2001, com o objetivo de promover a heterogeneidade cultural e a harmonia entre as nações. Além disso, a data é uma oportunidade para refletir sobre a importância da tolerância, da compreensão e do respeito mútuo entre as culturas. E não podemos abordar tal tema sem ressaltar o Brasil, país extremamente diverso culturalmente, resultado da mistura de diversas etnias e culturas que ocorreu ao longo de sua história.
Um exemplo dessa diversidade está no Coco de Roda, dança folclórica com raízes da cultura afro-brasileira. Originária da região nordestina do país, a dança mistura elementos da cultura africana, indígena e portuguesa. Em 2021, essa expressão foi considerada patrimônio cultural e imaterial da Paraíba, demonstrando como a valorização dessas expressões é de fundamental importância para uma sociedade mais justa e inclusiva. Ciente de tudo isso, o grupo Coco da Quebrada vem promovendo essa diversidade por meio da realização de sambadas de coco de roda nos espaços de São Paulo, com o intuito de fortalecer essa tradição nordestina na capital paulista.
No dia 20 de maio, o coletivo estará no Polo Cultural do Parque Chácara do Jockey, localizado na Vila Sônia, em São Paulo, para apresentar o show É Pra Quebrar. “Trata-se de um coco de roda para fazer todo mundo querer brincar junto, com pandeiro, ganzá, conga, matraca, alfaia e palma de mão marcando o ritmo pisado e ancestral da manifestação cultural tradicional” afirma o brincante João Aquino, responsável pelo coletivo.
Seguindo a tradição, a percussão em ciclos e as canções entoadas em coro, no estilo “pergunta e resposta”, o grupo levará os participantes para um outro estado de presença. “É dessa forma que apresentamos nossas composições autorais que tratam de temas obrigatórios como a festa, a natureza e a ancestralidade, e também de temas mais contemporâneos como tabus e questões sociais.
O espaço onde acontece o show foi inaugurado neste mês de maio no Parque Chácara do Jockey, com apresentações musicais voltadas para a cultura popular, realizadas aos sábados, a partir das 16h, produzidas tanto pelo Coco da Quebrada como pelo grupo Baião Lascado. “Em maio de 2023, o Pq Chácara do Jockey – decretado parque após 30 anos de mobilização da comunidade vizinha – completa seis anos de existência e a prefeitura inaugura um novo Polo Cultural com o objetivo de viabilizar o acesso à cultura”, explica João. A programação teve início no dia 6 de maio, com a apresentação do show É Pra Quebrar pelo Coco da Quebrada, que volta a se apresentar no dia 20. Já nos dias 13 e 27, quem comanda é o Baião Lascado.
Sobre a apresentação realizada no dia 6, a professora Maria disse que saiu da Zona Sul de São Paulo para ver o Coco da Quebrada e foi muito bom. “Dancei e me diverti muito. Havia adultos, crianças, todo mundo brincando junto. Eu pretendo ir novamente no dia 20 e espero que tenham mais eventos assim por lá”. Já a fotógrafa Ana (25) exaltou a presença de pessoas de diferentes lugares e etnias, que se reuniram para aprender, dançar, cantar e cirandar juntos. “Algo que o coco de roda traz é esse senso de comunidade, de que todos os membros da roda são importantes e precisam do outro para movimentar e fazer acontecer. Espero muito que eles continuem ganhando espaço para continuar difundindo essa cultura.”
O produtor cultural Antônio (22) completou: “No momento em que o pessoal do coletivo chamou todo o público para compor uma ciranda, eu não só me senti muito feliz em dançar com todas aquelas pessoas, como também me senti parte da apresentação e isso tudo é muito bonito e potente”.
Sobre o coletivo:
Em 2014, o grupo iniciou suas atividades no Espaço Comunidade, localizado na região periférica da Zona Sul de São Paulo, onde realizava apresentações de sambada de Coco de Roda. Além disso, o grupo também trabalhou com outras expressões culturais tradicionais.
Em 2018, com o fechamento do espaço, o grupo se dedicou a aprofundar seus conhecimentos sobre as manifestações e mestres do folguedo, e a partir de 2020, passou a se considerar um coletivo de artistas, criadores, brincantes e multiplicadores da tradição cultural do Coco de Roda. Nesse mesmo ano, em meio à crise sanitária causada pela pandemia de coronavírus, o coletivo idealizou o projeto Caminhando se Faz o Caminho, com o objetivo de ampliar a cultura popular brasileira nas periferias e quebradas de São Paulo através da criação de um álbum musical e visual.
Em 2022, o coletivo conseguiu concretizar o projeto ao ser contemplado pelo Programa de Valorização às Iniciativas Culturais (VAI) da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, permitindo a gravação do primeiro álbum musical em estúdio e um álbum visual com cenas e poesias autorais gravadas no Espaço Clariô de Teatro.
Neste ano de 2023, o grupo marca a inauguração do Polo Cultural do Parque Chácara do Jockey com suas apresentações de Coco de Roda, reforçando a importância dessa manifestação cultural.
Serviço
Show É Pra Quebrar! – Coco da Quebrada
Sábado, dia 20 de maio, às 16h
Evento gratuito
Parque Chácara do Jockey – Praça da Balança, entrada da EMIA, Rua Santa Crescência 201 – Vila Sônia – São Paulo – SP
Mais informações: @cocodaquebrada (Instagram)
Leia outras histórias
Sobre o autor
Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.
Recordações brasilienses: encontros com histórias locais
ICA – Instituto Caraguava em Ação apresenta projeto “Afromusicalidades Universais”
Vidas arquivadas: aprendendo com hemerotecas
Defesa de mestrado de Bella Silva
Tutankamon em São Paulo
Tarsila do Amaral, a brasileira
Mobi Dick chega a São Paulo em releitura teatral com linguagem da Palhaçaria
Espetáculo “The Bichos” convida as crianças a uma jornada lúdica sobre a velhice
