Encontro com Fátima Cristina Pires: Parte 1: Peruíbe e você

 

Quais são as histórias que você tem pra contar?

Todo mundo tem histórias pra contar e se juntarmos as várias visões e versões de um mesmo fato, sobre vários prismas temos aí a memória coletiva. Por exemplo, onde eu e você estávamos naquele 24 de dezembro de 1958, quando várias pessoas de Peruíbe se organizaram para fazer valer e acontecer o plebiscito emancipador de Peruíbe? Algumas pessoas que moravam aqui irão lembrar e contar suas versões.

E você já havia nascido nesse dia? Já morava em Peruíbe? Se não estava por aqui nessa data, alguém já te contou essa história?

Para os peruibenses ou peruibanos (como alguns munícipes preferem ser chamados) o acontecimento que gerou a emancipação de Peruíbe é sim um fato histórico de grande importância para a construção de sua história e por se tratar de algo relativamente novo, pertencente à história contemporânea, pois, muitos viveram esse dia ou tem pessoas com vínculos muito próximos que o vivenciaram e por isso podemos dizer que a Emancipação Político Administrativa de Peruíbe está além da história geral, ligada à história pessoal de muitos munícipes, o que gera a “Memória Afetiva” e essa memória afetiva irá se juntar a pontos importantes para criar uma história maior, a história que, podemos assim dizer oficial, que está infiltrado em cada canto por onde passamos, como as ruas, avenidas, praças e monumentos.

Muitas pessoas ainda nos dias de hoje analisam a história como algo onde não estão inseridas, como algo distante de sua realidade e vivência, e expressam essa ideia em comentários assim: “Por que tenho que saber isso, já foi há tanto tempo?” É, mas não podemos esquecer que aquele momento é o reflexo do que vivemos hoje em vários aspectos, até mesmo se pensarmos na nossa história pessoal, se minha bisavó não tivesse encontrado o meu bisavô e se as suas histórias não tivessem se encaixado, hoje eu estaria aqui? Se meu bisavô não tivesse vindo para o Brasil fugindo da Primeira Guerra Mundial…Percebam como a memória afetiva está na maioria das vezes dentro da construção da história? Pois ela é o cotidiano das pessoas, faz parte da nossa memória e identidade.

Apresentação cívica na então Praça Castelo Branco, hoje Praça Ambrósio Baldim, na década de 1970

Votamos então à Emancipação Político Administrativa de Peruíbe, que ocorreu em 18 de fevereiro de 1959, sendo oficializada em 01 de janeiro de 1960 com a posse do então primeiro prefeito eleito de Peruíbe Geraldo Russomano, o vice-prefeito Albano Ferreira e os dez primeiros vereadores diplomados: Adolfo Hanachiro, Affonso Morsch, Aléssio Lacerda, Armando Prado, Benedito Marcondes Sodré, Bernadino Ataúlo, Décio Chaves de Luna, João Bechir, Noel Antonio Rosa, Pedro Sabino e Vitor Caetano dos Santos. Posso dizer que muitas pessoas passam por lembretes desse acontecimento histórico todos os dias, principalmente as pessoas que moram ou passam frequentemente pelo bairro da Estação (apesar de oficialmente se dizer que o Bairro da Estação não existe porque o território onde ele está faz parte do Centro, mas minha memória afetiva não aceita isso, para mim Estação sempre será Estação), enfim, olha lá a história sendo dita na Avenida 24, assim como na maioria das outras ruas que tem nome de emancipadores, que viviam aqui ou não, como por exemplo: Avenida João Beachir, Rua General Ataliba Leonel. Como podemos observar a maioria das ruas que estruturam esse bairro, tem a ver com a emancipação municipal.
Peruíbe se torna independente, porém com a sua rica pré-história e com histórias seculares para contar.

Vista da Estação e de parte do acesso ferroviário (década de 50)

Ainda quero aproveitar para lembrar que o próprio nome “Estação”, está ligado com uma das maiores forças de desenvolvimento da então Vila de Peruíbe e dos caiçaras, que foi a chegada do trem em 1914, responsável por uma das primeiras construções de alvenaria da época, novamente a história oficial se junta à memória afetiva.

Enfim, hoje eu quis falar um pouco da importância de cada um de nós na construção da história, na percepção de como esse município que tanto amamos tem memória, tem identidade e seja você munícipe, veranista ou turista, você está ligado diretamente em algum momento com isso tudo, pois você faz parte dessa história.

Peruíbe “Terra da Eterna Juventude” ah quantas histórias para contar, quantas memórias pra relembrar…

Em breve, publicaremos uma nova história sobre Patrimônio Cultural.

Aguarde.

Vista da Praça da Matriz com sua Igreja Original (década de 60)

Autoria e Texto: Fátima Cristina Pires
Historiadora, especialista em Patrimônio Histórico, Mestre em educação.

Fotos: Acervo do Departamento da Cultura de Peruíbe

Publicado originalmente no Jornal de Peruíbe

[email protected]

MTB 0078407

Sobre o autor

Website | + posts

Sou Jornalista, Técnico em Turismo, Monitor Ambiental, Técnico em Lazer e Recreação e observador de pássaros. Sou membro da Academia Peruibense de Letras e caiçara com orgulho das matas da Juréia. Trabalhei na Rádio Planeta FM, sou fundador do Jornal Bem-Te-Vi e participei de uma reunião de criação do Jornal do Caraguava. Fiz estágio na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Peruíbe e no Jornal Expresso Popular, do Grupo "A Tribuna", de Santos, afiliada Globo. Fui Diretor de Imprensa na Associação dos Estudantes de Peruíbe - AEP. Trabalhei também em outras áreas. Atualmente, escrevo para "O Garoçá / Editoria Livre" e para a "Revista Editoria Livre."


Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Últimas publicações