Ciclone-bomba traz novos registros de aves para Peruíbe
O ciclone-bomba, que causou estragos no sul do país e prejuízos aos pescadores de Peruíbe, trouxe também novas espécies de aves que ainda não foram registradas na cidade, no site Wikiaves.
Batuíra-de-peito-tijolo
No dia 03/07, Bruno Neri fez o primeiro registro da Batuíra-do-peito-tijolo, “uma espécie do charadrius” (Charadrius modestus), que ocorre principalmente no extremo sul do país e que pode chegar até o estado do Rio de Janeiro na época de migração, de acordo com os poucos estudos existentes sobre a ave.
A aparição deste habitante das praias litorâneas é considerada rara no sudeste do Brasil e, curiosamente, aparece principalmente no mês de maio, conforme as observações feitas no site wikiaves, veja:
Em 2008, foi registrada em Iguape/SP, no mês de maio.
2013: em Ilha Comprida/SP, no mês de maio
2015: no Arraial do Cabo/RJ, no comecinho de junho.
2016: em Cubatão/SP, no mês de maio
2020: em Ilhabela/SP, no mês de maio
Peruíbe foi a única que destoou em relação às demais cidades da região sudeste, com o registro acontecendo no mês de julho.
Veja a foto do primeiro registro no Wikiaves, feita por Bruno Neri:
Karina Avila, Pedro Behne, Franciane S. Pereira e Sergio Farrabrás também fizeram imagens. Confira outra foto:
Trinta-réis-grande
Ainda no mesmo dia, o Trinta-réis-grande foi fotografado pela primeira vez na cidade, pelas lentes da Gemany Rosa. A espécie vista em Peruíbe vive principalmente nas praias de grandes rios e lagos de quase toda a América Latina.
No litoral, costuma aparecer quando está fora do seu período reprodutivo, principalmente no Norte do País e no Rio Grande do Sul, enquanto no sudeste as aparições são mais tímidas. É bastante comum nas margens do Rio Amazonas e nos seus afluentes maiores. Há registros também ao longo do Rio São Francisco.
Veja a primeira foto feita em Peruíbe, para o site Wikiaves:
Fábio Barata, Pedro Behne, Bruno Neri e Franciane S. Pereira também fizeram as suas fotos. Veja mais uma:
Saíra-de-chapéu-preto
Nem bem os observadores de aves repercutiram os dois novos achados, a Saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata) resolveu entrar para a lista das espécies do município logo no dia seguinte. Fábio Barata fez o registro e, posteriormente, a Manoela Gonsaga, a Franciane S. Pereira, o Pedro Behne e o Marcos Santos.
A espécie parece não gostar muito de Peruíbe, pois prefere as matas arbóreas do cerrado e da caatinga. Ela está aumentando a sua distribuição geográfica por conta dos desmatamentos e, por isso, já pode ser encontrada em todos os estados brasileiros.
Veja a foto feita pelo Fábio Barata e em seguida a da Manoela Gonsaga:
Amarelinho-do-junco
No dia 10, uma verdadeira raridade resolveu dar o ar das graças por aqui: Trata-se do Amarelinho-do-junco (Pseudocolopteryx flaviventris) que é um pequeno passarinho que gosta de viver nos brejos da região Sul do País, principalmente onde há taboas e juncais.
Ele foi fotografado pela primeira vez em Peruíbe por Pedro Behne e, depois, por Bruno Neri, Karina Avila e Sergio Farrabrás que comemoraram o novo achado:
“Estávamos na ponte do Rio Preto, na Armando Cunha, quando um passarinho amarelo adentrou uma touceira de capim. Tirei várias fotos, pois na hora não consegui identificá-lo. Na edição, para a surpresa e felicidade, era o Amarelinho–do-junco”
–Pedro Behne
Perceba a importância do achado: No Brasil, o Amarelinho-do-junco só foi encontrado em quatro oportunidades fora da região Sul do País e todas no Estado de São Paulo: em Canas (2012), Ubatuba (2016), Santo André (2017) e Peruíbe (2020).
Veja a foto do Pedro Behne e em seguida a da Karina Avila:
Os registros das aves costeiras e mais o Amarelinho-do-junco foi um trabalho em equipe do Grupo “Aves de Peruíbe.” Por lá, o biólogo e ornitólogo, Bruno Lima, falou dos possíveis registros que poderiam vir após os ventos e indicou com acerto os locais das prováveis aparições. O próximo da lista, também indicado por ele, é o Papa-piri (Tachuris rubrigastra) que entrou no radar e na mira dos membros do grupo.
Atualmente, Peruíbe contabiliza 473 espécies registradas e ocupa a 15ª posição no ranking nacional do Wikiaves, onde Porto Velho / RO é a primeira com 601.
Na lista das cidades paulistas, Peruíbe é a terceira na relação e fica atrás de São Paulo (com 483 registros) e de Ubatuba (513 espécies).
Outros registros
Conheça uma listagem feita a partir de abril de 2019
No ano passado, foi a vez do Pedreiro-dos-andes (Cinclodes fuscus) aparecer e surpreender os observadores de aves da cidade. Este nobre passarinho foi encontrado em uma vala de esgoto na periferia da cidade pelo biólogo e ornitólogo, Bruno Lima, no mês de abril.
Para se ter uma ideia do tamanho do achado, este bicho vive na região dos Andes, Patagônia e raramente ultrapassa os limites do Rio Grande do Sul, tanto é que os estados de Santa Catarina e Paraná ainda não contabilizam este passarinho nas suas listas. O registro de Peruíbe é o único fora do Sul do País e, consequentemente, sem igual nas demais regiões brasileiras .
Confira a foto de Bruno Lima e em seguida a do Márcio Ribeiro
De lá para cá (abril de 2019), a cidade ganhou outros 13 novos registros a saber, além dos já citados acima, são eles: Guaracava-de-crista-branca (Elaenia chilensis); Sanã-vermelha (Laterallus leucopyrrhus); Maçarico-pernilongo (Calidris himantopus); Pernilongo-de-costas-negras (Himantopus mexicanus); Topetinho-vermelho (Lophornis magnificus); Maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla); Maçarico-de-bico-fino (Calidris bairdii); Marreca-caneleira (Dendrocygna bicolor); Gaivota-de-franklin (Leucophaeus pipixcan); Caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxantha); Corocoxó (Carpornis cucullata); Taperuçu-de-coleira-falha (Streptoprocne biscutata) e o Socoí-amarelo (Ixobrychus involucris).
Além dos novos achados, outras importantes espécies aparaceram em lugares inusitados e movimentaram o birdwatching peruibense, com destaque para três:
O Sabiá-pimenta (Carpornis melanocephala), espécie florestal, ameaçada de extinção, encontrada na zona rural ou na encosta dos Itatins, marcou presença na mata urbana da ETEC;
O Apuim-de-costas-pretas (Touit melanonotus ) outra espécie ameaçada de extinção, florestal, ouvida apenas uma vez em 2012, também pôde ser vista na mata urbana da ETEC;
E por último, o Tapicuru (Phimosus infuscatus), ave que foi clicada por toda a Baixada Santista e em praticamente todos os ambientes das cidades que também teve o seu destaque neste ano:
Quais serão os novos registros?
Aguardem!
Reportagem e Pesquisa: Márcio Ribeiro
Imagens: creditadas no local
Contato: [email protected]
Fonte: Wikiaves e O Garoçá / Editoria Livre
Todos os direitos reservados / Julho de 2020
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Sobre o autor
Sou Jornalista, Técnico em Turismo, Monitor Ambiental, Técnico em Lazer e Recreação e observador de pássaros. Sou membro da Academia Peruibense de Letras e caiçara com orgulho das matas da Juréia. Trabalhei na Rádio Planeta FM, sou fundador do Jornal Bem-Te-Vi e participei de uma reunião de criação do Jornal do Caraguava. Fiz estágio na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Peruíbe e no Jornal Expresso Popular, do Grupo "A Tribuna", de Santos, afiliada Globo. Fui Diretor de Imprensa na Associação dos Estudantes de Peruíbe - AEP. Trabalhei também em outras áreas. Atualmente, escrevo para "O Garoçá / Editoria Livre" e para a "Revista Editoria Livre."