A gestão do abandono

Durante a tarde desta segunda feira, 31/07/2017, vários trabalhadores do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) se reuniram para uma manifestação na praça Prado, Centro da Cidade. O foco da reivindicação foi a resistência contra a portaria 41, da Secretaria Municipal que quer remanejar o horário de atendimento à pessoa em situação de rua no horário da manhã, deixando assim pessoas que vivem na extrema vulnerabilidade a mercê da própria sorte.

Com tudo isso o atendimento na parte da manhã acaba com a oportunidade de um atendimento medico, tirar RG ou CPF, além de outros tipos de serviços. Vários trabalhadores, de todas as regiões da Cidade, podem ficar sem suas metas de atendimento.

Para que fique claro o que está acontecendo, é preciso lembrar que estamos falando de, aproximadamente, 400 trabalhadores demitidos. Isso implica em 500 ou 600 pessoas que vão perder o atendimento. A justificativa que foi dada á que, tirando o horário da manhã a população de rua terá uma maior prioridade no horário da noite.

Lembrando que há pouco mais de um mês, São Paulo passou por uma sequência de noites com baixas temperaturas, e a prefeitura, em vez de ajudar a população com abrigos de emergência, retirou os cobertores e apreendeu as barracas dos moradores de rua, além de jogar água fria neles. Em contrapartida, a Secretaria Municipal respondeu, em nota, que os organizadores estão divulgando números errados.

“Não são ‘400 pessoas demitidas’. A SEAS está fechando 218 postos de trabalho no serviço de abordagem do período da manhã e abrindo as mesmas 218 vagas, para o mesmo serviço, à noite. Isso porque a Secretaria está requalificando esse serviço, com o objetivo de melhorar o encaminhamento aos centros de acolhida. Após criterioso estudo da Secretaria, foi constatada que a abordagem no período matutino era insuficiente e pouco eficaz, já que esse público normalmente executa serviços de reciclagem e demais trabalhos informais durante o dia.”

A secretaria ainda afirma manter 1.283 convênios com entidades sociais, “que executam diversos serviços, com equipes próprias”. Segundo o órgão,

“é errado afirmar que a mudança na abordagem a pessoas em situação de rua, serviço executado por quatro entidades diferentes, irá afetar o atendimento a idosos, portadores de deficiência, mulher vítimas de violência, crianças ou adolescentes, cujos serviços são executados por outras organizações”.

A nota da secretaria não explica a razão pela qual a portaria foi publicada sem diálogo com os trabalhadores e entidades, e sem ser avaliada pelo Conselho Municipal.

 

Bruno Alves

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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