Blogar é compartilhar experiências

Quando os blogs foram criados, eles serviram de ferramentas de diálogo entre os blogueiros e o público leitor. Em algum momento isso se perdeu.

Sou uma pessoa facilmente influenciável. No último sábado (dia 28 de novembro de 2020) à noite, depois de ter assistido ao filme Julie & Julia (escrito e dirigido por Nora Ephron) e começar a ler o livro que originou a película, resolvi que faria o primeiro prato preparado pela Julie Powell, uma sopa de batatas com alho-poró e manteiga.

Sou dado a esses impulsos gastronômicos. De vez em quando cismo que quero fazer um prato e não descanso enquanto não consigo realizá-lo.

Verifiquei a geladeira e, para a minha sorte, havia mais de um quilo de batata aguardando preparo. Faltava o alho-poró. Corri até o mercado mais próximo e resolvi o problema.

O prato ficou muito bom, devo confessar. E eu, guloso que sou, repeti algumas vezes. Fiquei pesado, com dificuldade para respirar. Aqui é importante dizer que, tenho sofrido com problemas gástricos há alguns anos. Encher a barriga daquele jeito pouco antes de dormir não foi uma boa ideia.

Acordei por volta das duas da madrugada. Um refluxo angustiante não me permitia deitar. Fiquei até às quatro da manhã sentado, recostado da cama, lendo o já citado livro. Curiosamente, no decorrer da leitura, me dei conta de algo que esquecera havia muito tempo: blogar era sobre compartilhar experiências, como a Julie faz após testar as receitas. Não é preciso o peso do fazer jornalístico. Ele pode até existir, mas não é obrigatório. Quando será que nos esquecemos disso?

DEIXAMOS DE ESCREVER

Digo isso porque, muitas vezes, ao chegar cansado de um dia de trabalho, é muito comum não termos energia para produzir conteúdo para o blog. Temos muito a dizer, mas pouca disposição para realizar artigos grandiosos. No entanto, o blog (qualquer que seja) deveria ser uma conversa. A responsabilidade com o que se escreve será sempre bem-vinda, mas a formalidade pode – ao menos de vez em quando – ser deixada de lado.

Querendo sempre produzir artigos grandiosos, as publicações começaram a minguar. A conversa foi acontecendo nas redes sociais e rareando nos blogs. Mas é nas redes sociais que aquele post bacana será soterrado por centenas de fotografias de gatos fofinhos, crianças sorridentes, e panfletagem política.

APROVEITANDO A OPORTUNIDADE

O primeiro conselho que dou para todo aspirante a jornalista ou escritor é: crie um blog. Muitos dizem que os blogs morreram, e até é possível que isso seja verdade se o seu interesse for ganhar dinheiro. Se isso é a única coisa que você quer, seria muito mais fácil criar um canal no Youtube. Não quero dizer com isso que haja alguma garantia nessa segunda opção, mas com o conteúdo escrito será muito mais difícil.

Então, por que eu recomendo a criação de um blog? Simples: porque é preciso praticar a escrita. Se você quer melhorar em algo, seja lá o que for, é preciso praticar constantemente. Para além disso, é preciso expor sua produção. Você precisa ser lido, julgado e comentado. É assim que se consegue experiência hoje em dia. No passado havia os fanzines, mas essa é uma ferramenta cada vez mais rara.

VAMOS PRATICAR O QUE PREGAMOS

Como diz o ditado, casa de ferreiro, espeto de pau. Há muito tempo que não tenho dado a devida atenção para este blog. No entanto, em decorrência da atual pandemia que assola o planeta, serei obrigado a voltar para a minha cidade natal no interior da Bahia. Pensei que, talvez fosse um exercício interessante compartilhar com você essa minha experiência de retorno.

Não garanto que conseguirei publicar diariamente, mas serei mais constante nas postagens até que essa situação seja resolvida (o que deve acontecer nos próximos 90 dias). Voltar para a casa da mãe aos 41 anos de idade pode ser frustrante. Mas, como diz o ditado, se te derem um limão…

Repare como o meu texto está cheio de clichês. Esse é um claro sintoma de falta de exercício. Esses lugares comuns são próprios daqueles que não têm ideias originais. Algo que pode ser resolvido com a escrita diária (ou quase diária).

Vamos ver qual será minha constância.

José Fagner Alves Santos

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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