As Pesquisas Acadêmicas e as Relações Humanas

Arquivando memórias e Histórias. Pensando sobre o “Ubuntu”.

Hoje, ao assistir a um webinário com um professor que atua como reitor em uma Universidade de Angola, me veio a memória o meu tempo de graduação na Universidade Federal de Alagoas. Lembrei dos debates que tinha com amigos que, vindos de diferentes países do continente africano, mostravam-se vinculados aos mais distintos cursos ofertados pela instituição. Alguns estavam em Alagoas, a partir do PEC-G, e me mostravam a importância desse programa para o intercâmbio de relações que estabelecemos no Ensino Superior Federal.

Eles traziam as sabedorias das diferentes culturas que ajudam a compor tal continente. Assim como eu e outras pessoas de origem interiorana, levávamos as nossas formas de ser. Recordo que aprendi, com muitos, sobre: as diferentes linguagens que perpassam a cultura de cada país; a rica culinária, que se aproxima e distancia-se da que temos no Brasil, dependendo-se do país ao qual nos referimos; aprendi sobre a importância da amizade e do respeito ao outro. Com o passar do tempo, e com a convivência, as nossas formas de ser se confundiam a ponto de nem percebermos mais que havíamos iniciado as nossas trajetórias em países diferentes. Nos formávamos profissionais de distintas áreas, ao tempo que nos transformávamos diariamente como humanos.

Eu estudava sobre “Ubuntu” (sou o que sou porque somos todxs nós), nas aulas da disciplina de História da Educação, no primeiro período, e o via acontecer sempre que mantinha contato com alguns desses amigos. Na verdade, as relações humanas que estabelecíamos eram bem semelhantes às que encontrava entre os meus amigos de origem interiorana. Eram relações de afeto e de comunhão. As nossas formas de perceber a vida em sociedade, interagiam no olhar que destinávamos ao que era estudado teoricamente nos cursos com os quais mantínhamos vínculo. Conheci melhor a Educação de Cabo Verde e de Benin, mais especificamente. Dada a minha impossibilidade de viajar, contatei os movimentos das cidades nas quais os meus amigos haviam nascido, por meio de fotografias e vídeos. A imagem que escolhi para ilustrar essa matéria, foi uma dessas. Retrata uma das escolas presentes na Cidade da Prata, de Cabo Verde (ilha ocupada por portugueses em 1460).

Com o diálogo de hoje, sobre a Educação de Angola, recordei de todas as minhas experiências de Graduação. O professor falava sobre a importância da ética na pesquisa e sobre a necessidade dessas investigações tornarem-se estimuladoras das políticas públicas a serem implantadas nas diferentes localidades do planeta. A pesquisa em ciências humanas, em sua concepção, existe para fazer refletir sobre os problemas sociais e, a partir disso, transformar as experiências cidadãs. O professor, em suas colocações, me levou a perceber como nós, brasileiras e brasileiros, que desenvolvemos pesquisas no Brasil, temos a evoluir. Sobre como precisamos repensar, diariamente, a razão de ser dos nossos textos acadêmicos e da nossa atuação em sociedade.

Sobre o autor

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É Pedagoga, Mestra em Educação e autora da obra "Uma década de PROSA". Busca desenvolver, por meio desta coluna, reflexões majoritariamente autobiográficas sobre as condições de vida das pessoas de origem interiorana, especificamente do interior de Alagoas. Escreve, comumente, crônicas e artigos de opinião, mas também utiliza-se da linguagem poética, quando pertinente à temática destacada.


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