Guarás-vermelhos dão espetáculo de rara beleza no portinho de Peruíbe/SP

Márcio Ribeiro

Um grupo de jovens Guarás-vermelhos (Eudocimus ruber) apareceram e estão dando um show de beleza no portinho de Peruíbe, atraindo observadores de aves, que não estão economizando nos cliques.

O Guia de Turismo, fotógrafo e birdwatcher, Bruno Neri, é um deles e fez umas fotos bacanas por lá.

Veja algumas imagens e depois conheça  mais sobre o alado.

Guará-vermelho voando (Bruno Neri)
Guará-vermelho se alimentando (Bruno Neri)

Como é possível ver, os guarás mostrados nas fotografias não são totalmente vermelhos, como sugere o nome, isto por que eles ainda são jovens. Pode ser que eles estejam de passagem pela cidade, mas há a esperança de que eles permaneçam e construam os seus ninhos pela área, como conta o biólogo e ornitólogo, Bruno Lima:

“Temos a ideia de colocar uns bonecos para atrair os adultos,  por que estes que estão por aqui são os jovens. Daqui a um mês, os adultos vão sair de Cubatão e se espalhar pelo litoral de SP, tanto pro norte quanto pro sul, a procura de um lugar para fazer  um novo ninhal. Se eles passarem por aqui e verem os bonecos, talvez eles se estimulem a fazer um ninhal  aqui, porque o nosso manguezal não está doente. O nosso manguezal pode fornecer alimentos pra ele“.

Atualmente, a ocorrência desta espécie é esporádica na cidade mas, na época do descobrimento do Brasil, os guarás-vermelhos eram vistos em todos os manguezais do país, como bem lembrou o Lima:

“Tem registros dos  tupinambás quando faziam os rituais antropofágicos. Antes de matar o inimigo, eles colocavam um manto com mais de duas mil  penas de guarás.” 

“O próprio Hans Staden,  que foi o prisioneiro dos tupinambás lá em Bertioga, um prisioneiro do grande chefe Cunhambebe, dizia  que via nuvens de pássaros vermelhos cruzando os céus em cima do rio Itapanhaú. Então, sempre teve guará aqui na região e é normal que ele volte a colonizar aqui .” 

Aquarela sobre pergaminho mostra índio com um manto tupinambá
Museu na Dinamarca abriga um dos seis mantos tupinambás conhecidos no mundo diz nunca ter recebido uma solicitação formal para devolução ao Brasil, fonte BBC

Imagem: XI Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação Inovação e inclusão social: questões contemporâneas da informação. Rio de Janeiro, 25 a 28 de outubro de 2010, por Luiz Carlos Borges e Marilia Braz Botelho

No livro “Guarás Vermelhos do Brasil – as cores vibrantes das preservação”, de Robson Silva e Silva, tem a informação de que os Guarás se reproduziam nos ninhais de Ilha Comprida.

Leia um trecho:

“Na população existente no litoral de São Paulo, nos manguezais de Santos e Cubatão, é verificado a movimentação de grande parte dos indivíduos para o sul, no período de reprodução, entre os meses de setembro e fevereiro/março até a região dos manguezais de Iguape e Ilha Comprida, onde os Guarás estão se reproduzindo desde 2003, perfazendo um trajeto de cerca de 140 quilômetros, em linha reta.

Logo depois do período reprodutivo, a partir de abril, a maioria das aves retorna para as áreas de alimentação da Baixada Santista, em Santos e Cubatão, inclusive os filhotes produzidos nesta mesma temporada, os quais formam grupos separados.”  (Silva e Silva, 2005)

Registros de indivíduos imaturos não é incomum neste caminho de passagem feito pelos Guarás. Em Março de 2006, 27 guarás foram vistos nos manguezais de Itanhaém. Em 2005, Bruno Lima observou 11 indivíduos voando próximo ao manguezal do Guaraú. Provavelmente, estes locais podem ser um ponto importante de parada no trajeto das aves, onde podem descansar para se alimentar.

Em dezembro de 2019, o site de A Tribuna, publicou uma reportagem mostrando que os Guarás estão fazendo ninhos na Ilha Pompeba, em São Vicente. A notícia foi comemorada e pode ser que algumas aves não façam mais o trajeto até os manguezais do Rio Ribeira, permanecendo mais tempo na Baixada Santista.

Em Peruíbe, resta saber se os Guarás vão permanecer até ficarem adultos ou vão tingir o céu de vermelho em outro manguezal…

Guará-vermelho imaturo (Bruno Neri)

Texto e Reportagem: Márcio Ribeiro

Pesquisa: Márcio Ribeiro

Fotos Guarás: Bruno Neri

Outras imagens: Creditadas no local

Contato: [email protected]

 

CONSULTAS

Staden, Hans: Duas viagens ao Brasil

Silva e Silva, Robson: Guarás Vermelhos do Brasil – As cores vibrantes da preservação

http://enancib.ibict.br/index.php/enancib/xienancib/paper/viewFile/3593/2717

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-42405892

https://www.wikiaves.com.br/wiki/guara

https://www.atribuna.com.br

O Garoçá – percorrendo as praias de Peruíbe e região

Todos os direitos reservados / Setembro de 2020

Sobre o autor

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Sou Jornalista, Técnico em Turismo, Monitor Ambiental, Técnico em Lazer e Recreação e observador de pássaros. Sou membro da Academia Peruibense de Letras e caiçara com orgulho das matas da Juréia. Trabalhei na Rádio Planeta FM, sou fundador do Jornal Bem-Te-Vi e participei de uma reunião de criação do Jornal do Caraguava. Fiz estágio na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Peruíbe e no Jornal Expresso Popular, do Grupo "A Tribuna", de Santos, afiliada Globo. Fui Diretor de Imprensa na Associação dos Estudantes de Peruíbe - AEP. Trabalhei também em outras áreas. Atualmente, escrevo para "O Garoçá / Editoria Livre" e para a "Revista Editoria Livre."


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