O que está por trás da invasão ao Capitólio?

Shannon Stapleton / Reuters

“O dia em que os EUA beberam seu próprio veneno.” É assim que o Prof. Dr. Jack Brandão, especialista em imagens e diretor do Centro de Estudos Logoimagéticos CONDES-FOTÓS, destinado a estudar a influência imagética na sociedade, classifica o dia 6 de janeiro de 2021. A data ficou conhecida mundialmente pela ocasião em que, horas antes de o Capitólio, sede do congresso estadunidense, reconhecer, oficialmente, a vitória de Joe Biden como presidente dos EUA, apoiadores de Donald Trump invadiram e depredaram o local.

Para Brandão, os EUA foram palco de um cenário já ocorrido em diversos outros países e que foi ocasionado e patrocinado por eles próprios. “A depredação do Capitólio é fruto de uma construção e de uma desconstrução imagética que já se desenham há tempos.  A primeira está relacionada a uma série de fake news divulgada, repetida e exaustivamente, por Trump em suas redes socias, que acabam condicionando o olhar de seus apoiadores a acreditarem somente no que ele diz. Já a segunda trata-se de uma desconstrução da verdade ocasionada pelas inverdades veiculadas”, alerta Brandão.

O professor cita como exemplo a destruição de vários equipamentos jornalísticos, destinados a cobrir o reconhecimento da vitória de Biden, pelos manifestantes. “Toda essa revolta é oriunda de uma construção imagética de Trump, que visa atacar a mídia de modo generalizado. Óbvio que há muitos veículos midiáticos tendenciosos e parciais, mas, descredibilizar todos, simplesmente por criticarem o governo de Trump significa uma incapacidade de o presidente lidar com a realidade.”

Eis o perigo de determinado uso das redes sociais: quando são utilizadas para construir “verdades” absolutas, impedindo que se enxergue o todo e que não se desenvolva o pensamento crítico. Uma dessas “verdades” foi a alegação de Trump quanto a possibilidade de ter sofrido um golpe político, que favoreceu Biden, sem qualquer prova que comprovasse tal impasse. Ao repetir tal afirmação incessantemente, muitos de seus apoiadores acreditaram em tal inverdade, resultando na invasão ao Capitólio.

Outro aspecto que também chamou bastante atenção, além da própria invasão, foi a forma como muitos manifestantes estavam caracterizados. Alguns vestidos com camisetas que faziam apologia ao nazismo e, entre outras caracterizações, houve um homem que invadiu o congresso portando uma lança de quase dois metros, usando chifres e as cores da bandeira dos EUA estampada em seu rosto, em um estilo semelhante à população viking. Para Brandão, é lamentável analisar como parte desses manifestantes acaba resgatando movimentos contra os quais os EUA lutaram por anos. “Milhões de americanos, incluindo antepassados desses militantes, morreram como vítimas de tais movimentos, os quais são, agora, retomados por eles”, afirma o pesquisador, que considera tal panorama surreal e inconcebível.

O professor faz uma série de outras análises a respeito da invasão ocorrida no dia 6 de janeiro e das inverdades proferidas por Trump no Canal Imagens em Foco, do You Tube, pertencente ao CONDES-FOTÓS. Para saber mais, basta acessar o vídeo abaixo.

Gostou do vídeo? Então inscreva-se em nosso canal Imagens em Foco para saber mais sobre o poder das imagens na sociedade.

Sobre o autor

+ posts

Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Últimas publicações