O que dizer da gafe do Oscar 2017 e suas demais premiações?

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

Quem conferiu a 89ª cerimônia do Oscar 2017, que aconteceu no domingo (26/02), em Los Angeles (EUA), teve assunto para comentar hoje (27) em casa, no bar, no whatsapp ou quem sabe até no bloco de carnaval. Um dos maiores acontecimentos do cinema começou com muitas premiações previsíveis e um final de dar o que falar: os atores Warren Beatty e Faye Dunaway, estrelas do clássico Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas (1967), foram os escolhidos para anunciar o principal prêmio da noite de Melhor Filme e cometeram uma gafe ao trocar os envelopes.

Primeiro muitos vibraram – e certamente você leitor pode ser um deles – com o anúncio de La La Land – Cantando Estações como o melhor filme do ano. Porém, a felicidade durou pouco, dois minutos depois Beatty afirmou que havia trocado os envelopes e lido o que indicava a melhor atriz, onde estava escrito “Emma Stone – La La Land” – ele não estranhou o nome da atriz junto ao filme? – e que o verdadeiro vencedor do prêmio tão esperado seria Moonlight: Sob a Luz do Luar.

A gafe imediatamente gerou comentários e piadas pelas redes sociais, deixando muitos boquiabertos, como eu rsrs. Recordista em indicações ao Oscar, concorrendo em 13 categorias, La La Land era um dos mais esperados para fechar a noite como a produção do ano. Com excelentes atuações, coreografias, planos de filmagem e iluminações que traduziam o interior dos personagens, o filme se destacou, apesar da história simples e linear na maior parte do longa, contando a vida de um casal formado por um pianista e uma aspirante a atriz.

Todavia tal produção não deixou de ser um dos destaques na cerimônia, vencendo em seis indicações, todas merecidas: Melhor Diretor – para Damien Chazelle, o mais jovem diretor a ganhar um prêmio, e que usou de técnicas fantásticas envolvendo coreografias, enquadramentos e cores, para explicitar a essência da trama -, Melhor Atriz – para Emma Stone, que cumpre seu papel com perfeição despertando carisma no público –, Melhor Música Original – City of Stars –, Melhor Trilha Sonora, Melhor Fotografia e Direção de Arte – mais que esperados, dado o espetáculo visual que por si só nos  transporta ao contexto da trama.

Moonlight: Sob a Luz do Luar mostrou-se mais simples visualmente e estático, todavia sua história, que poderia ser melhor explorada na frente das câmeras, contém um forte apelo emocional quanto a repressão sofrida por homossexuais, especialmente de regiões pobres – o filme conta a história de um menino morador do gueto, que sofre nas mãos de seus colegas que o provocam chamando-o de “bicha” e com a mãe drogada.

Apelos emocionais e reais de forte impacto costumam atrair os olhos da Academia Cinematográfica – caso semelhante aconteceu ano passado quando Spotlight: Segredos Revelados (2006) levou o melhor prêmio do ano, narrando a história verídica de um grupo de jornalistas investigadores de padres pedófilos, enquanto todos apostavam em O Regresso (2006).

Moonlight também ganhou os prêmios de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali que, apesar das poucas aparições na trama, marcou presença com sua atuação.

E o que dizer da escolha de Casey Afleck como Melhor Ator por sua atuação em Manchester a Beira Mar? Certamente uma premiação que não agradou a muitos, já que o ator, ao interpretar um zelador solitário que é incumbido de cuidar do sobrinho após a morte do irmão, não tem nem a chance de explorar muito seu personagem para ser digno de tal premiação. Quem é que não estava torcendo para Ryan Gosling por seu brilhantismo em La La Land? Manchester a Beira Mar também levou o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado.

Até o Último Homem que emocionou com a história de um soldado que se recusa a pegar em armas por questões religiosas, mas mesmo assim decide ir à guerra para cuidar de seus companheiros – levou os prêmios de Melhor Mixagem de Som, – melhor inserção de sons em coerência com a mensagem do filme – e Melhor Edição.

A cerimônia ainda contou com algumas provocações ao presidente Trump – e, gafes a parte, o filme vencedor abordou justamente homossexualismo e contou com um elenco composto apenas por atores negros (tal vitória seria também uma provocação?) na gestão de um presidente de discurso mais ofensivo e preconceituoso – feitas pelo apresentador da premiação, o comediante Jimmy Kimmel, que chegou a cutucar também a Academia pela cerimônia do ano passado chamada de Oscar Branco, por não contar com atores negros nas principais indicações. Ele disse: “Quero dizer: ‘Obrigado, presidente Trump’. Quer dizer, lembram do ano passado, quando o Oscar pareceu racista?”.

Esse realmente foi um Oscar de render conversas, piadas e muitos memes.

Confira todos os prêmios da noite:

Melhor Filme

Moonlight – Sob a Luz do Luar

Melhor Direção

Damien Chazelle, La La Land – Cantando Estações

Melhor Ator

Casey Affleck, Manchester À Beira-Mar

Melhor Atriz

Emma Stone, La La Land – Cantando Estações

Melhor Atriz Coadjuvante

Viola Davis, Um Limite Entre Nós

Melhor Ator Coadjuvante

Mahershala Ali, Moonlight – Sob a Luz do Luar

Melhor Roteiro Original

Manchester À Beira-Mar

Melhor Roteiro Adaptado

Moonlight – Sob a Luz do Luar

Melhor Música Original

“City of Stars”, La La Land – Cantando Estações

Melhor Fotografia

La La Land – Cantando Estações

Melhor Documentário de Curta-Metragem

Os Capacetes Brancos

Melhor Documentário de Longa-Metragem

OJ: Made in America

 

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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