O Rei Leão

Título de maior bilheteria da Broadway, recebido em 2012, com arrecadação de U$ 835,8 milhões desde sua primeira apresentação no local, ocorrida em 13 de novembro de 1997 e que ficou conhecido como O Rei Leão: O Marco da Broadway, e um dos musicais de maior sucesso na história do teatro, chega ao Brasil no Teatro Renault (antigo Teatro Abril), localizado em São Paulo.
A trama, baseada num dos mais famosos filmes produzidos nos estúdios da Disney, que encantou gerações e continua a encantar até hoje, traz a história do simpático leãozinho Simba (o papel revezado em cada apresentação pelos atores mirins Gustavo Bonfim, Henrique Filgueiras, Matheus Braga e Yudchi Taniguti) – filho do Rei da Selva: o Leão Mufasa (papel de César Mello) – passando por uma série de aventuras e perigos logo após a morte do seu pai, pois o filhote é orientado pelo malvado tio Scar (Osvaldo Mil) a fugir, o que faz seu sobrinho acreditar ser o culpado pela morte do pai, quando na verdade o tio é o responsável pela tragédia, visando assumir o posto do irmão e todo seu poder.
Após fugir, Simba encontra os simpáticos e divertidos Timão (Ronaldo Reis) e Pumba (Marcelo Klabin), um suricato e um javali, que vão acompanhá-lo enquanto o pequeno cresce e entra na fase da puberdade (e passa a ser interpretado pelo ator Tiago Barbosa). Nesse período, ele também reencontra Nala (Josi Lopes), uma amiga de infância, quando um clima de romance pinta no ar.
Quem já viu e reviu o filme, seja nos telões ou nas telinhas, certamente perceberá que ele foi totalmente reproduzido no palco quase sem alterações, com o destaque que a animação da Disney praticamente ganha vida ao ser transformada em uma superprodução que faz total jus a esse título, vislumbrando o olhar da plateia do Teatro Renault.
Logo de início, a emocionante abertura composta pela passagem de diversos animais para assistirem ao nascimento do filho do Rei Leão já arranca suspiros emocionantes dos espectadores, pois o musical não se contenta em restringir um espetáculo de luzes, malabares, figurinos e cenários impecáveis aos limites do palco. Aplicando uma técnica circense, a entrada é marcada pela passagem destes personagens pelos corredores do teatro, interagindo, encantando e divertindo o público.
 
Passam pelas escadas da plateia atores fantasiados, que se movimentam com os braços e pernas apoiados em pernas de pau formando imensas girafas de pano, outra parte do elenco se junta para compor um elefante, cujo tamanho e formato é semelhante ao animal verdadeiro, entre muitos outros habitantes da floresta que, não apenas no início, como em vários outros momentos, interagem com os espectadores, deixando o espetáculo muito mais lúdico e dinâmico.
Há que se destacar também a atuação e desenvoltura dos três atores (Juliana Peppi, Jorge Neto e Felippe Moraes) que interpretam as famosas hienas, seguidoras do Leão Scar que, a pedido dele, o ajudam a preparar a armadilha que culminará na morte de Mufasa.  Momentos memoráveis do longa-metragem da Disney, como a aparição de Timão e Pumba cantando “Hatuna Matata” são reproduzidos impecavelmente no palco arrancando aplausos do plateia, contribuindo demasiadamente para despertar imensa empatia na público, pois quem não se encanta com estes engraçadíssimos personagens e a brilhante atuação e incorporação dos atores Ronaldo Reis e Marcelo Klabin, que interpretam o suricato e o javali?
 
Em termos de atuação, o destaque vai para o ator Cesar Mello, que interpreta o Mufasa. Mello consegue passar todas as características do seu personagem de forma clara e cativante, pois o ator está tão envolto em seu papel que, mesmo se estivesse desprovido de figurino, conseguiria fazer com que a plateia acreditasse no Rei Leão, que muitas vezes rouba toda a atenção do público para si no palco.  Já no quesito voz, o destaque vai para a atriz sul-africana Phindile Mikhize (que inclusive já cantou ao lado de Michael Jackson), que faz o papel da babuína Rafiki, e tem uma das vozes mais brilhantes do espetáculo emocionando o público ao entoar as canções.
Em termos de produção não há o que discordar: a mistura de efeitos cênicos e circenses por meio de malabares, simulação de pássaros que voam, cenários que se alternam instantaneamente e surgem de modo completamente distinto do anterior e repleto de objetos que parecem surgir magicamente levam a plateia para o exotismo selvagem africano, cenário da história. O próprio musical poupa a imaginação do público, pois o perfeccionismo na reprodução da selva, com a ajuda do excepcional trabalho de expressão corporal do elenco, é quase tão concreto que não há muito que imaginar diante de tamanho espetáculo, pois a realidade da trama parece acontecer ali no palco.
 
Não há como ficar indiferente, por exemplo, a uma das cenas mais deslumbrantes do musical, quando Simba vê a imagem de seu pai refletida na água e surge então repentinamente, ao fundo do palco, fragmentos que formam o rosto de Mufasa num tamanho gigantesco que chega a emocionar quem assiste. 

O sincronismo nas coreografias de dança, tão famoso por ocorrer de modo impecável nas produções norte-americanas, ganha cada vez mais fôlego nos palcos brasileiros como, por exemplo, nos números apresentados nesta peça e que acontecem em total sintonia.

O Rei Leão tem canções de Elton John e Tim Rice e tradução e autoria para a versão nacional de Gilberto Gil. A direção é de Julie Taymor.  
 
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
 
 
 

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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