Museu do Inusitado resgata a cultura indígena em Sarau e documentário exibido em SP
Coletivo de artistas exibe produção que retrata técnica de dança e luta indígenas acompanhada de uma programação literária
Gravação de documentário na Aldeia Nhaderekoa (Foto: Divulgação)
Você sabe o que significa Xondaro? Trata-se de uma técnica de luta utilizada pelos indígenas guaranis para defesa de seu território (tekoa). Também conhecida como uma dança, que se configura um ritual em defesa do sagrado, esse método, segundo os guaranis, permite que os antigos guerreiros sejam capazes de segurar uma flecha lançada e ainda se transformar em seres encantados, como onça, cobra e macaco.
Com o intuito de conferir mais visibilidade a essa técnica – que se assemelha a capoeira em razão de suas múltiplas funções envolvendo a luta e a dança –, o coletivo Museu do Inusitado produziu o documentário O Inusitado Encantamento Xondaro. Gravado na Aldeia Nhaderekoa, em Itanhaém, a produção traz relatos de Mestres Xondaros, além da exibição da técnica.
O documentário está sendo exibido em algumas bibliotecas públicas de São Paulo, acompanhado de um Sarau com abertura e encerramento poéticos, também organizado pelo coletivo, além de um bate-papo com lideranças indígenas sobre a produção, a luta e arte mística do Xondaro e a sobrevivência de tais conhecimentos únicos dos povos originários.
“Nossa ideia é resgatar questões essenciais da cultura indígena e o Xondaro é um exemplo que precisa ser reforçado não apenas com a população de modo geral, mas também com a geração indígena mais nova, já que esta vem inserida em um contexto diferenciado, influenciado pela mídia, e necessita estar em contato com sua história. Além disso, contribuímos para ampliar a visibilidade indígena na sociedade”, afirma o músico-educador, artista e produtor de eventos Luís Vitor Maia, idealizador e fundador do Museu do Inusitado.
Sobre o Museu do Inusitado
Com um espaço criado oficialmente em 2015, entre as regiões do Capão Redondo e Jardim São Luís, na capital paulistana, o Museu surgiu com o intuito de atender a necessidade de infraestrutura para ensaios e reuniões de artistas e produtores culturais do entorno.
O coletivo também se destaca por realizar parcerias com aldeias indígenas, como Nhaderekoa, Yrexakã e Takuá Ju mirim, situadas em São Paulo, a fim de fortalecer esses espaços com reformas e ações culturais e de afirmação da cultura Guarani, combatendo, assim, a invisibilidade indígena.
“Diante da falta de assistência pelos poderes públicos, contribuímos com as lideranças indígenas na busca pela reestruturação de seus territórios por meio da criação de espaços culturais, que proporcionem experiências de troca entre seus moradores, outros indígenas e grupos de pessoas e associações interessados em promover ações afirmativas para as regiões das aldeias”, afirma Luís Vitor.
Sobre a Aldeia Nhaderekoa
A Aldeia Nhaderekoa, que significa o caminho para todos ou o caminho de todos, é uma retomada de território tradicional das migrações dos Guarani Mbya, composta por 12 famílias, que estão adequando as vivências tradicionais, religiosa e social, buscando uma segurança alimentar, a partir da tradição originária, e utilização total do território.
Localizada na Serra do Mar, a Aldeia está no caminho tradicional percorrido pelos guaranis para ir de São Paulo até Itanhaém, território usado por eles durante os milhares de anos que viveram ali. Trata-se do território tradicional Guarani Mbya.
A parceria com o Museu do Inusitado visa fortalecer a Aldeia e a tradição Guarani, além de gerar recursos para a construção da Opy (Casa de Reza), fundamental para o fortalecimento espiritual da comunidade e para o Nhanderekó (modo de vida) do território.
Confira a programação:
14/12/22 (quarta), a partir das 14h:
Biblioteca Pedro Nava: Av. Eng. Caetano Álvares, 5903 – Mandaqui, São Paulo
15/12/22 (quinta), a partir das 13h30:
Biblioteca Vinícius de Moraes: R. Jardim Tamoio, 1119 – Conj. Res. José Bonifácio, São Paulo
17/12/22 (sábado), a partir das 11h:
Biblioteca Nuto Sant’Anna: Praça Tenório de Aguiar, 32 – Santana, São Paulo
Para mais informações sobre este e outros projetos do coletivo, acesse @museudoinusitado
Qualquer dúvida, estou à disposição.
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Sobre o autor
Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.
Excelente essa exposição sobre as etnia Mbya e sobre o encantamento Xondaro, Parabéns!!! Que NHÃNDERU nos abençoe e proteja sempre!!!