Uma baita lição que aprendi com o Nagado
“Casa de ferreiro, espeto de pau”, diz o antigo ditado. Esse final de semana tive uma experiência um tanto amarga. Só não foi pior graças à gentileza do Alexandre Nagado. Vamos lá. Eu já contei aqui da minha interação com esse grande redator e quadrinista. O que você ainda não sabe é do parto que foi a execução da décima primeira edição da nossa revista.
Eu havia trabalhado muito durante as duas últimas semanas. Foram 15 dias atípicos. Perdi algumas noites de sono graças à ansiedade e problemas de ordem pessoal. O resultado foi um Fagner em estado de exaustão na sexta feira.
A edição estava programada para sair no domingo, ao meio dia. No sábado eu ainda tinha muito trabalho pela frente e nem havia começado a elaborar o arquivo. Resolvi fazer a diagramação e escrever o editorial no horário de almoço, com muita correria, nenhuma apuração e revisão inexistente. O resultado não poderia ser outro. A revista ficou cheia de erros.
O pior é que eu nem me dei conta, enviei para o Nagado uma cópia em PDF, crente que meu trabalho estava feito. Ele me retornou um e-mail muito educado, pontuando algumas incorreções. Para a minha vergonha, não eram poucas. Eu havia atribuído a ele publicações que não escreveu, havia generalizado o viés partidário dos seus entrevistados e havia omitido os links para os sites e redes sociais desses mesmos entrevistados.
Muito provavelmente, eu, no lugar dele, teria perdido a paciência. Mas parece que o Nagado é uma dessas pessoas que estão em outro nível evolutivo. Comentou muito discretamente, quase pedindo desculpas.
Depois de três ou quatro e-mails trocados consegui arrumar o grosso da bagunça. Duas lições importantes ficaram desse episódio:
- 1) não posso tratar a edição da revista como algo de menor importância. Se for para fazer desse jeito é melhor não fazer. Em respeito ao meu trabalho, mas principalmente, em respeito ao trabalho de todos os colaboradores;
- 2) quando crescer quero ser igual ao Alexandre Nagado. Estou fazendo piada com algo realmente muito sério. A cordialidade, simpatia e generosidade de pessoas como ele me fazem repensar muito das minhas atitudes. O mundo seria muito melhor se fôssemos todos mais tolerantes.
Aproveito o espaço para agradecer mais uma vez ao Nagado pela paciência e generosidade. Vamos torcer para que a lição apreendida não fique só no campo teórico.
Uma boa semana para todos nós.
José Fagner Alves Santos
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Sobre o autor
José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.