Saiba como era o projeto que Oscar Niemeyer preparou para o Bairro do Guaraú, em 1955

Você sabia que, além de participar do projeto da sede das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos, dos prédios da Pampulha, em Belo Horizonte,  do Congresso Nacional do Brasil, do Palácio do Planalto, do Supremo Federal e da Catedral de Brasília, em Brasília,  e tantos outros conhecidos, Oscar Niemeyer, o famoso arquiteto brasileiro, também participou de um projeto para o Bairro do Guaraú, em Peruíbe?

Em parceria com o arquiteto José de Souza Reis, o projeto pensado para o Guaraú era de 1955 e chamava-se “Guaraú- Futura Cidade Balneária.”

Você que mora ou visita o Guaraú, visualize como seria o bairro, caso o projeto fosse executado:

O projeto da cidade foi dividido em quatro partes:

1- Arpoador Paulista, Cidade Balneária: Com parque residencial para os sócios. Cidade balneária para receber turistas do país e do estrangeiro. Parque Esportivo.

2-  Guaraú- Parque de Veraneio e Pesca:  Parque de veraneio para os habitantes do interior do estado de São Paulo e estados limítrofes. Clube de pesca associado a colonias de pescadores. Indústria de pesca. Industrialização do pescado, com aproveitamento dos sub-produtos como adubo, alimento para animais e utilização industrial.

3- Parques Associados Guaraú: Parque florestal para a preservação da fauna e flora com área livre de 20.000.000,00 metros quadrados. Parque residencial para os sócios. Parques esportivos de alta classe, compreendendo: Clube de campo (golfe, polo, equitação, natação, tênis, etc), Iate Clube e Clube de Caça e Pesca. Parque comercial (Porto, Aeroporto, Estação Rodoviária, etc.) Parque industrial nas margens do Rio Guaraú, na parte navegável.

4- Granjas Guaraú: Granjas modelo para a produção agro pastoril. Agricultura como estilo de vida.

“Pela primeira vez no Brasil, uma região perfeitamente delimitada como unidade, será aproveitada para as atividades humanas, sem a deformação ou mutilação das suas características fundamentais, mediante um projeto integral e racionalmente estudado, que permitirá ao ser civilizado atual viver em contato íntimo com a natureza primitiva. O projeto, que pela sua naturalidade e exatidão se ajustará na região como delicada luva, estabelecerá uma relação de harmonia entre o homem na sua alegria de viver e a natureza, que é e será sempre soberana no Vale do Guaraú.”

“Os famosos arquitetos Oscar Niemeyer e José de Souza Reis farão desta região uma joia rara engastada no glorioso e portentoso Estado de São Paulo, que hoje se destaca no cenário mundial como vanguardeiro, pelo seu alucinante progresso.”

“Será o projeto um marco indelével no renascimento da faixa litorânea do sul do país.”

Como descreve o projeto, a “Futura Cidade Balneária” seria exclusiva de pessoas com dinheiro, que iriam financiar e pagar todo o projeto, veja: “Sendo o empreendimento organizado em sociedade civil, os que para ele entram, tornam-se sócios e suas contribuições serão invertidas na completa execução do projeto”.

Caso você lamente Peruíbe não ter um bairro como imaginaram os arquitetos, saiba que, se o sonho tivesse se realizado, provavelmente, muitos não conheceriam ou chegariam perto do Bairro do Guaraú.

No material que O Garoçá teve acesso não fala como seriam as aquisições dos terrenos, pois sabe-se que ali reside uma população caiçara antiga, inclusive como seria se eles se negassem a sair de suas terras. Também não há qualquer inclusão ou contrapartida para as comunidades tradicionais.

A reportagem de O Garoçá mandou e-mail para a Fundação Oscar Niemeyer, Prefeitura de Peruíbe e também para a Prefeitura de Itanhaém para saber por que o projeto não foi executado, mas até o fechamento desta matéria não obteve qualquer resposta.

Oscar Niemeyer

Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer (Oscar Niemeyer 1907-2012) foi um dos maiores arquitetos do Brasil, nascido no Rio de Janeiro em 1907 e falecido em 2012, na mesma cidade.

Formou-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro, em 1934. Projetou diversas obras importantes e conhecidas até hoje.

Além daquelas já citadas, existem outras espalhadas por diversos lugares do mundo, como: O Parque do Ibirapuera, São Paulo (1951). A sede do Partido Comunista Francês, Paris (1965). A Escola de Arquitetura de Argel, Argélia (1968). A sede da Editora Mondadori, Milão, Itália (1968). A sede do jornal L’Humanité, Saint-Denis, França (1987)…

Museu da Arte Contemporânea, Niterói / RJ, ilustração da matéria (Imagem pixabay)

Texto e Reportagem: Márcio Ribeiro

Imagem: Pixabay e Biblioteca Nacional

Fonte: Acervo Digital da Biblioteca Nacional

Agradecimentos e Pauta: Fábio Ribeiro*

*Professor de História da Rede Pública e Mestre em História Social pela FFLCH/USP

Contato: [email protected]

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Sobre o autor

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Sou Jornalista, Técnico em Turismo, Monitor Ambiental, Técnico em Lazer e Recreação e observador de pássaros. Sou membro da Academia Peruibense de Letras e caiçara com orgulho das matas da Juréia. Trabalhei na Rádio Planeta FM, sou fundador do Jornal Bem-Te-Vi e participei de uma reunião de criação do Jornal do Caraguava. Fiz estágio na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Peruíbe e no Jornal Expresso Popular, do Grupo "A Tribuna", de Santos, afiliada Globo. Fui Diretor de Imprensa na Associação dos Estudantes de Peruíbe - AEP. Trabalhei também em outras áreas. Atualmente, escrevo para "O Garoçá / Editoria Livre" e para a "Revista Editoria Livre."


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