Ruínas do Abarabebê: Detalhes de um patrimônio abandonado

 

As Ruínas do Abarebebê são um importante ponto turístico e cultural do Brasil. E fica em Peruíbe!

Pra quem não conhece o local, O GAROÇÁ tenta levar um pouco desta história até você, prezado leitor. Ou será que faz com que o leitor vá até as Ruínas? Leia, confira, desvende este mistério e nos conte depois.

Se pensarmos que os índios se utilizavam das montanhas como ponto de referência, as Ruínas do Abarebebê ficam mesmo em um ponto muito estratégico, pois além de ter o morro do Bairro dos Prados de um lado, duas ilhas ficam bem alinhadas à sua frente, orientando bem os viajantes, de acordo com as observações do Professor de História Eduardo Sanchez.

ilhas

A igreja é tombada pelo CONDEPHATT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Arqueológico e Turístico) e muitos a consideram como a primeira do Brasil.

A sua construção data de 1532 e o responsável foi o Padre Leonardo Nunes, primeiro jesuíta a pisar na Capitania de São Vicente. Por aqui, ele organizou a catequização e a libertação de índios escravizados.

Deste sítio arqueológico, já foram resgatadas mais de 50 mil peças, a maioria de um trabalho feito no final da década de 80, sendo que, grande parte delas, encontram-se no Museu de Arqueologia da USP.

Dentre todas, a mais rara é a pia batismal, feita no século XVI, talhada em uma única pedra, que foi retirada por Benedito Calixto em 1908. Hoje, ela encontra-se em uma área nobre do Museu do Ipiranga, em São Paulo.

pia-bastimal

Logo na entrada das Ruínas há três painéis informativos com fotos das décadas de 1920 e 1940 (acervo do Museu de Imagem de Taubaté) feitas pelo fotógrafo Paulo Camilher Florençano.

Há também um desenho de 1776 feito pelo engenheiro militar português José Custódio Sá e Faria, onde ele reconstituiu o formato original da igreja.

Ao todo, são 11 painéis espalhados pelo sítio arqueológico com as mais variadas informações, que dão um respaldo nas explicações passadas pelos monitores e guias locais.

paineis

A escada que dá acesso à igreja é feita de pedras e possui sete degraus que simbolizam os pecados capitais, comum nas igrejas construídas naquela época.

Como não é permitido pisar neles, foi instalada, há vinte anos, uma escadaria de madeira e que hoje está muito desgastada pelo tempo. O visitante que passar ali, deve ter muita atenção para não se machucar.

escada

Passando pelas escadas, chega-se ao batistério e dali não é muito difícil imaginar padres de pele branca vestidos de batina, contrastando com os índios semi-nus. Uma breve olhada para o mar e muitas caravelas atracadas nas ilhas do Guaraú e de Peruíbe, utilizadas em outrora pelas embarcações que comercializavam escravos.

O enorme espaço onde está o sítio arqueológico é muito agradável de se visitar, pois tem um enorme gramado, frondosas árvores de Jambolão, pássaros cantando e a incansável brisa do mar.

Quando funcionava, um funcionário pedia para as pessoas assinarem o livro de presença, onde constam registros de diversas cidades do país, principalmente da capital paulista.

As Ruínas do Abarebebê chegou a receber cerca de 60 pessoas por semana, mas está completamente fechada há seis anos.

Museu de Arqueologia

Algumas peças retiradas do sítio Arqueológico das Ruínas podem ser vistas no museu da Estação Ferroviária, no Bairro da Estação, principalmente as de cerâmica. Alguns objetos encontrados na Juréia também foram levados para o local.

O Museu da Estação Ferroviária está funcionando das 8 às 12:30, de segunda à sexta-feira, mesmo com problemas de iluminação.

Veja o vídeo feito pela Univesp TV, onde o Doutor e Mestre em Arqueologia – MAE/USP, Bacharel em História, Plácido Cali, conta um pouco do seu trabalho feito sobre o sítio cerâmico de Peruíbe.

Pauta e Reportagem: Márcio Ribeiro
Fotos e Pesquisa: Márcio Ribeiro
Vídeo Youtube: TV Univesp
Colaboração: Fábio Ribeiro / Fátima Cristina Pires / Eduardo Sanchez
Postagem: O Garoçá

Todos os direitos reservados – Novembro de 2016
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Sobre o autor

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Sou Jornalista, Técnico em Turismo, Monitor Ambiental, Técnico em Lazer e Recreação e observador de pássaros. Sou membro da Academia Peruibense de Letras e caiçara com orgulho das matas da Juréia. Trabalhei na Rádio Planeta FM, sou fundador do Jornal Bem-Te-Vi e participei de uma reunião de criação do Jornal do Caraguava. Fiz estágio na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Peruíbe e no Jornal Expresso Popular, do Grupo "A Tribuna", de Santos, afiliada Globo. Fui Diretor de Imprensa na Associação dos Estudantes de Peruíbe - AEP. Trabalhei também em outras áreas. Atualmente, escrevo para "O Garoçá / Editoria Livre" e para a "Revista Editoria Livre."


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