Resenha: Júlia, Aventuras de Uma Criminóloga 16 – A Sombra do Tempo
Essa é uma publicação da editora Mythos, que traz de forma regular as aventuras da personagem italiana, desta vez com Roteiro de Giancarlo Berardi e arte de Pietro Dall’Agnol.
A história começa mostrando uma clássica família tradicional americana. O pai leva o filho para pescar enquanto a mãe, chamada Melanie, fica em casa providenciando bolinhos, e todos se divertem muito quando acaba a pescaria. O pai de Melanie, um senhor já idoso chamado Ross, demostra sofrer de depressão pela morte da mulher e por temer ficar sozinho na velhice. Melanie decide trazer o pai para morar com a sua família, já que assim ele não ficaria sozinho e ajudaria a tomar conta do pequeno Simon, de sete anos.
Tudo vai dentro da normalidade com a vida e a família, quando Melanie começa a ter algumas visões de sua infância, em que aparece uma pequena menina morta e ensanguentada. Impressionada com estes fatos, ela procura a famosa criminóloga Júlia Kendall para tentar desvendar essa história. Durante as investigações, Melanie tem mais uma visão mostrando que o seu próprio pai tinha matado a criança.
Ao investigar o passado da família de Melanie, bem como a região onde ela cresceu com os pais, Júlia descobre que houve uma morte de uma garotinha de sete anos em circunstancias estranhas. Na época em que os fatos ocorreram, a polícia entendeu que a morte aconteceu devido a um acidente e fechou o caso. Suspeitando que Ross tenha mesmo matado a criança, Júlia e Melanie o denunciam à polícia que o prendem para investigar o ocorrido. No final é revelada a identidade do assassino e em quais condições o crime foi efetuado.
Essa história mostra os perigos de uma conclusão precipitada envolvendo um crime ou uma denúncia. Uma interpretação errada e a acusação de um inocente podem trazer consequências trágicas para a vida de uma pessoa. Em toda a história podemos encontrar pessoas que foram acusadas injustamente e que tiveram a vida destroçada por esse tipo de pressuposição. Mais recentemente, é possível encontrar vários casos como esse, principalmente envolvendo a comunidade pobre e negra, que é previamente julgada e culpada pelo sistema. Tais pessoas, condenadas injustamente, carregam pra toda a vida um sofrimento que é muito difícil de ser mensurado.
O roteiro dessa história é simples, mas muito bem feito. Retrata muito bem as aventuras encontradas nos quadrinhos de Júlia, contendo mistério, investigação policial e uma solução inesperada nos momentos finais. A narrativa é dinâmica, o que leva ao termino da leitura em pouco tempo.
Os desenhos são simples, mas muito bem trabalhados, utilizando as sombras de forma muito eficiente e interessante, aproveitamento do espaço negativo para construir muito bem o cenário. A narrativa gráfica é bastante eficiente, deixando a obra com leitura muito agradável.
Para quem gosta de histórias de investigação policial essa, como todas as histórias de Júlia, é um prato cheio.
Esse volume tem capa cartão, 130 páginas em preto e branco, miolo com papel off-set e possui preço de capa de R$ 30,90. Pode ser facilmente encontrada com bons descontos em sites especializados ou no site da própria editora.
Por Maxson Vieira
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Sobre o autor
Formado em Física, Mestre e Doutor em Engenharia Espacial / Ciência dos Materiais. Fã de J. R. R. Tolkien, José Saramago, Sebastião Salgado e Ansel Adams. Passou a infância e adolescência dividido entre Astronomia, quadrinhos, livros e D&D. Atualmente é professor do IFBA.