Resenha: Dylan Dog – Manchas Solares

Publicada originalmente na Itália em 2002, essa edição foi lançada no mercado brasileiro em junho de 2017 pela editora Lorentz, numa tentativa de reintroduzir o personagem no país. Ela conta com roteiros do Pasquale Ruju e arte de Bruno Brindisi.

Para quem ainda não conhece o personagem, Dylan Dog é um ex-policial de Londres, que resolveu largar o emprego e se dedicar a investigar crimes que envolvem o sobrenatural, daí o seu apelido “Detetive do Pesadelo”. Sua publicação teve início no final da década de 1980, na Itália, e alcançou enorme sucesso, batendo recordes de venda. Na década de 1990, chegou a vender mensalmente mais de um milhão de exemplares somente no seu país de origem.

A trama começa com um suposto enterro do Dylan Dog. Tão curioso quanto o enterro é o fato de que todos em volta do caixão são zumbis. Após esse preludio, é mostrado que há um crescente aumento do número de suicídios, assassinatos e acidentes de trânsito na cidade. Alguns assassinatos e suicídios bem chocantes, como um motorista de ônibus que se deu um banho de gasolina e em seguida tocou fogo em si mesmo e saiu a toda velocidade com o ônibus lotado de pessoas, até causar um grave acidente.

 

Abertura da história com o “enterro” do Dylan Dog

No meio de tantos fatos chocantes, um astrônomo amador procura Dylan (que está vivo) para relatar que supostamente descobriu a causa destes acontecimentos. As manchas solares estavam irradiando algum tipo de partículas que causavam alucinações às pessoas. Inicialmente, Dylan se recusou a aceitar o caso, achando que o senhor estava louco, mas resolve investigar e logo percebe que algo muito mais sério está ocorrendo.

As erupções solares, na verdade, são portais e através deles espíritos vieram para a Terra. Eles conseguiram entrar na atmosfera através dos buracos na camada de ozônio e foram atraídos para aquela cidade por uma antena gigante que acabou de ser instalada. Esses espíritos induzem as pessoas a cometer suicídio e a matar outras pessoas, tornando-se mortos-vivos. O final é bastante aberto, deixando várias dúvidas e pontas soltas que podem ser utilizadas em uma continuação.

Pessoas induzidas pelos espíritos a cometerem crimes

A história é criativa, mas possui vários problemas. Um deles é a clara falta de assessoria científica, o que origina vários deslizes no roteiro. Manchas solares, buracos na camada de ozônio, ondas de rádio e antenas de transmissão de sinal de TV são tratados quase como fenômenos místicos. O final é bastante confuso e deixa várias lacunas e dúvidas, não deixando claro o final dos personagens.

Os desenhos são bons, melhores que a média apresentada nas histórias do Dylan Dog. As cenas de suicídio e assassinatos são muito bem feitas e consequentemente muito fortes.

Para quem gosta de história de terror e não se preocupa muito com furos de roteiro, este volume é um prato cheio. Apesar de estar esgotada há alguns anos, ainda pode ser encontrada em sebos.

 

Por Maxson Vieira

 

Sobre o autor

+ posts

Formado em Física, Mestre e Doutor em Engenharia Espacial / Ciência dos Materiais. Fã de J. R. R. Tolkien, José Saramago, Sebastião Salgado e Ansel Adams. Passou a infância e adolescência dividido entre Astronomia, quadrinhos, livros e D&D. Atualmente é professor do IFBA.


Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Últimas publicações