Por que o impeachment não é solução

Publicado em 24 de março de 2015 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

O dia 15 de março de 2015 certamente ficará marcado na história do Brasil, por ter sido o dia em que mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas do país protestar contra o atual governo, defendendo, principalmente, o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Claro que sou a favor de protestos que possam ao menos mostrar para os políticos de modo geral que não somos bobos e estamos muito insatisfeitos com a forma como este país vem sendo governado, movido à corrupção, interesses pessoais e falta de planejamento. Porém, há que se tomar cuidado ao defender um impeachment.

Estão falando neste termo como se, num passe de mágica, ele fosse resolver todos os problemas existentes neste país. Antes de tudo é preciso saber o que significa essa palavra, a qual muitos mal devem ter conhecimento. Impeachment é a cassação do mandato de um político do Executivo e não de todos os aliados que trabalham para ele. Se a Dilma deixar o seu cargo, petistas, peemedebistas e também opositores corruptos continuarão lá deitando e rolando em cima do nosso suado dinheiro.

De acordo com a Lei 1079/50, caso ocorra um impeachment, o vice-presidente passa a assumir a presidência imediatamente, permanecendo até o fim do mandato. Ou seja, quem assumiria seria o Michel Temer – presidente do PMDB, partido que coleciona um histórico memorável de escândalos em corrupção como mensalão, cobrança de propinas, desvio de verbas, entre outros.

É certo que também existe a possibilidade de um afastamento do vice, caso ele se torne presidente – o que, se ocorrer na primeira parte do mandato, acarretaria na convocação de novas eleições –, mas daí para conseguirem provas que consigam tirar o atual vice do poder…. – o mesmo vale para a presidenta Dilma. E mesmo que conseguissem cassar o mandato de Temer, caso isso ocorresse na segunda metade de seu mandato, seriam convocadas eleições indiretas, ou seja, apenas os membros do Congresso Nacional poderiam votar nos candidatos – algo que poderia revelar-se uma verdadeira tragédia para a política, dependendo de quem fosse eleito.

Portanto, temos que reivindicar sim, mas reivindicar da maneira correta: por reformas políticas, gestão mais eficiente, políticas mais transparentes, punições mais rígidas para os corruptos e melhoras significativas na fiscalização de nossos governantes.

E o mais importante de tudo: seguir o exemplo de inúmeros países, cujos cidadãos acompanham cada passo de seus governantes e por isso estão sempre prontos para cobrar melhorias deles em manifestações pelas ruas.

Infelizmente o gigante pela própria natureza parece ter acordado tarde demais, pois a situação que estamos vivendo já não é novidade para ninguém e essas ilegalidades já passaram por governos anteriores. Se estamos passando por um momento tão delicado da economia brasileira, devemos nos conscientizar que esta situação não começou agora.

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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