Pague pela assinatura do serviço que você gosta

Depois da internet ficamos acostumados a não pagar pela informação. É comum baixar músicas e filmes piratas, procurar livros com o DRM violado ou ferramentas para furar o paywall. Muitas vezes ficamos indignados quando o site X ou Y nos exige o cadastro para ler a matéria na íntegra.

Que os jornais estejam penando para pagar suas contas – salário de funcionários, água, luz, telefone, internet, servidor para manter o site no ar, passagens e estadia do repórter, equipamentos, divulgação, custo com gráfica, distribuição, aluguel – pouco importa. Achamos uma falta de consideração do maldito jornal, que só nos permite ler cinco matérias por mês sem fazer o cadastro.

Nem vou falar aqui sobre as indústrias do cinema, da música, da produção de livros, dos serviços de streaming.

Nem sempre temos dinheiro para tudo

Eu entendo que o salário médio do brasileiro é baixo. Entendo que não ganhamos o suficiente para bancar muitos dos nossos luxos (façamos de conta que cultura seja luxo). No entanto, muitos daqueles que se recusam a pagar pela assinatura de um jornal têm condições para fazê-lo. A assinatura digital de um bom jornal deve custar pouco mais de um real por dia, trinta e poucos reais por mês. Alguns deles oferecem descontos para professores e estudantes.

É difícil acreditar que alguém com condições para custear um plano de internet não tenha dinheiro para assinar um jornal, revista ou um serviço como a Netflix ou o Spotify. Aí você pergunta: mas, eu posso encontrar a informação gratuita na internet, por que eu pagaria? A resposta é simples: para que haja continuidade na produção. O mercado livreiro, só para dar um exemplo, possui uma margem de lucro muito pequena. Os livros vendem pouco e os custos de produção são consideráveis. Mas, parece que isso pouco importa. Além do mercado de ebooks não ter vingado no Brasil, o número de sites que oferecem versões piratas é impressionante.

Não quero dizer como você deve gastar seu dinheiro. Minha intenção é provocar a reflexão individual. Pense bem: você tem condições para pagar? Mesmo assim prefere se apropriar da produção alheia sem remunerar devidamente seus autores? Como você espera que a situação do Brasil mude? Será que isso não é corrupção? Será que temos moral para cobrar dos políticos?

Nem sempre temos tempo para consumir tudo

O pior é que, recebemos diariamente uma quantidade de informação bem maior do que podemos consumir. Viramos acumuladores. Conheço muita gente que está com o disco rígido cheio de filmes, músicas, quadrinhos, livros e episódios de séries. Tudo pirata. Sabe quando eles darão conta de ler todos aqueles livros? Nunca. Podem até, com algum esforço, consumir todos os filmes e séries, mas terão que abrir mão de muitas horas diárias. O trabalhador médio encontrará dificuldade para arranjar tempo.

Se você não tem condições, o puxão de orelha não é para você. Mas, se você pode pagar, cogite a possibilidade. Isso te dará uma sensação de dever cumprido, fará com que você se sinta como parte da equipe e tenha orgulho de si mesmo. Além do mais, você terá consciência de que está fazendo a sua parte.

 

José Fagner Alves Santos

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


One Reply to “Pague pela assinatura do serviço que você gosta”

  1. Rubem

    A Maioria pode pagar, mas existe uma cultura muito forte (e até um site) de que tudo de graça/ilegal é mais gostoso. O jeitinho brasileiro do qual tanto nos orgulhamos.

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