O Regresso

Publicado em 14 de fevereiro de 2016 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

Na cerimônia do Oscar de 2015, o diretor mexicano Alexandro Iñárritu foi um dos grandes destaques, após levar a estatueta de melhor diretor por sua produção Birdman. O longa ainda foi premiado com o Oscar de melhor filme, fotografia e roteiro original.

Na noite de premiações deste ano (2016), que acontece em 28/02, os holofotes também estarão voltados para o diretor, cuja mais nova produção, O Regresso, está liderando sozinho em indicações. São 12 no total, incluindo melhor filme, melhor diretor (Iñárritu), melhor ator (Leonardo DiCaprio), melhor ator coadjuvante (Tom Hardy), melhor fotografia, entre outras.

Inspirado em eventos reais, O Regresso traz Leonardo DiCaprio no papel de Hugh Glass, um caçador de peles, acompanhado de seu filho (Forrest Goodluck), no Missouri de 1823. Ele vê sua vida se transformar num verdadeiro inferno, após ser atacado por um urso que o agride violentamente, rasgando suas costas, fraturando a sua perna e furando o seu pescoço.

Mas o pior ainda estava por vir: após ficar praticamente imobilizado e à beira da morte, Glass é abandonado pelos seus dois companheiros, Jim Bridger (Will Poulter) e John Fitzgerald (Tom Hardy), que haviam sido ordenados pelo chefe da expedição a permanecerem ao lado do caçador até o momento de sua morte – a qual acreditavam que não demoraria a acontecer dado o estado em que se encontrava – para enterrarem-no. Fitzgerald ainda acaba matando o filho de Glass, após este flagrá-lo tentando assassinar o pai.

Sozinho, sem armamentos, num ambiente completamente inóspito e gélido, Glass vai reunindo forças de modo inexplicável para obter alimento e se locomover, até encontrar um índio que o ajuda em sua recuperação.  Ele parte então numa busca frenética por Fitzgerald para vingar a morte de seu filho.

Cenas de planos-sequência parecem ser mesmo um dos pontos fortes do diretor que, assim como em Birdman, optou por menos cortes em alguns momentos, conferindo maior realismo às cenas. Apesar de ser uma história simples e sem muitos diálogos, há momentos de tirar o fôlego como a cena do caçador sendo atacado pelo urso. Mas se o espectador(a) for sensível a cenas fortes envolvendo muita violência e sangue, talvez o longa não agrade.

A atuação de DiCaprio é outro ponto de destaque da trama. O ator retrata muito bem alguém cujo corpo fora espezinhado por um animal feroz. Destaque também para a sua fala quase sussurrada durante praticamente todo o tempo do filme, já que seu personagem havia sido ferido também na garganta. Agora é torcer para que ele leve o Oscar de melhor ator – apesar de já ter feito atuações memoráveis em outros longas e nunca ter levado tal prêmio.

Mas no que tange à semelhança com os fatos reais é notável uma série de incoerências e exageros que acabam por fantasiar a história em relação ao que realmente aconteceu com o Glass da vida real – o que mais se sabe é que ele ficou famoso após realmente ter sobrevivido ao ataque do urso.

As fotografias também são arrebatadoras e conferem um realismo ainda maior, já que as filmagens aconteceram em ambientes inóspitos e gélidos, no Canadá e na Patagônia. O Regresso já foi premiado com o Globo de Ouro de melhor filme, diretor (Iñárritu) e ator (DiCaprio). Será que o feito se repete na noite de 28/02?

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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