O Quarto de Jack

Publicado em 8 de março de 2016 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

Quando tudo ao nosso redor parece limitado e sufocante demais, restringindo-nos a um único e pequeno espaço, que nos impede de conhecer o restante do mundo, resta-nos mergulhar num mundo de sonhos e fantasias para nos conectarmos com o inacessível.

É nessa transição entre o real e o imaginário que viveu o pequeno Jack, personagem principal da trama de suspense O Quarto de Jack, dirigido por Lenny Abrahamson. O filme é baseado na obra homônima de Emma Donoghue, também roteirista do longa.

Na trama o ator mirim Jacob Tremblay vive Jack, um garoto de cinco anos que é mantido junto com sua mãe (Brie Larson) aprisionados num espaço minúsculo de dez metros – dotado de quarto, cozinha e banheiro – por um sequestrador, que a colocou ali há sete anos, quando ela tinha apenas 17 anos de idade.

Já o menino nunca havia saído daquele ambiente, onde passa a maior parte do dia vendo TV e acreditando que toda a infinidade de informações e pessoas exibidas na tela não podiam ser reais, mas que estavam realmente dentro de uma caixa, já que ele achava que o mundo se resumia a um cubículo de dez metros quadrados. O único contato com a luz solar era por meio de uma janela no teto, cujo vidro permanecia lacrado para que ele e sua mãe não escapassem.

Mas, apesar de tudo, Jack demonstra ser uma criança feliz e tal alegria pode ser justificada pelo seu olhar genuíno sobre sua condição de vida, a relação extremamente afetuosa com sua mãe e uma imaginação muito fértil que o leva para além daquele micro espaço onde se encontra – ao contrário da mãe, que apresenta constantes alternâncias emotivas entre se conformar com a situação e desejar incessantemente sair dali.

O filme é envolvente tanto pelo suspense causado para saber se mãe e filho conseguirão ou não escapar do quarto, quanto pela linda relação amorosa entre os dois personagens que acaba sendo a maior motivação para que eles possam enfrentar tal situação.

A atuação da jovem Brie Larson, de apenas 26 anos, é vívida e transmite nitidamente suas alterações emotivas especialmente depois que a história sofre uma reviravolta e ela se vê num mar de conflitos e dúvidas. Seu brilhante papel lhe rendeu, inclusive, o Oscar de melhor atriz em sua primeira indicação à estatueta.

Jacob Tremblay também se revela encantador ao transmitir para o público a sensação de viver num aprisionamento sem ter tal consciência, já que o filme é contado muito mais sob a sua perspectiva tão inocente e de incompreensão sobre o que realmente estava acontecendo.

Uma linda reflexão sobre o potencial motivador e inspirador que a forte ligação afetuosa entre mãe e filho pode provocar.

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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