Memórias de UMA CASA PARA PESSOAS IDOSAS: revoluções formativas
Quando escrevi o meu primeiro livro, maximizei o desejo por apresentar a público pessoas revolucionárias. É assim que vejo a personagem que ressalto como protagonista nesse rascunho jornalístico.
Existem lugares que nos ajudam a recordar quem somos. Nos transportam ao passado como se houvesse neles um poder que só o tempo e a aquisição de mais idade, nos ajuda a perceber. Estive recentemente na atual “CASA DO IDOSO”, instituição anteriormente conhecida como “Casa do Pobre”. A transformação desse espaço, me foi percebida já pelo nome. É, agora um lugar destinado às pessoas que passam por mais uma das tantas fases que ajudam a compor a vida. Uma vida que foi diferente para todos os que lá habitam. Habitantes não mais definidos pela classe. Por vezes, nunca havia parado para pensar sobre o peso das palavras supracitadas, quando associadas a um Lugar, e foi por meio da interferência de alguém, que isso me tomou o pensamento. Sim, existe alguém que se encontra na base dessa e de outras transformações: Ana Paula Silva.
Ao entrar na recepção da Caso do Idoso, remeti automaticamente a essa pessoa. Ana Paula foi minha professora de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental II, e eu recordo do seu olhar sempre empático e sensível às pessoas. Foi em um concurso promovido por ela, que me senti escritora pela primeira vez: um concurso de Fábulas. Eu era uma menina sonhadora, apenas. Ela parecia estimular sonhos. Anos mais tarde, quando ingressei no Ensino Médio e participei de um projeto voluntário para arrecadação de donativos aos idosos presentes na instituição supracitada, ela havia acabado de iniciar as suas atividades como gestora da antiga Casa do Pobre. Ela passava a coordenar uma Casa, que marcava a minha memória, naquele momento, pelo aspecto de desprezo. As memórias que tenho daquele antigo abrigo ressaltam um lugar que remetia à tristeza. Com paredes húmidas e de cor pouco atraente. Quando entrava lá para visitas, lembro de ver as pessoas em leitos, espalhadas pelos corredores pouco iluminados. Realidade distinta da que encontrei atualmente, aproximadamente 10 anos após a minha última visita.
A instituição mostra como o trabalho de gestão pode ser capaz de apresentar função revolucionária. Ou melhor, uma gestão unida ao trabalho de vários profissionais que visam alcançar o bem comum. A característica de mulher sensível e justa, que encontrei na ex-professora Paula, agora aparece em cada parede daquele espaço. É impossível não a perceber ali. O abrigo que antes era composto por quartos e uma pequena capela, hoje contem: sala de estudos, sala para fisioterapia, quartos separados por gênero e compatibilidade etária, refeitório com televisão e equipamentos apropriados, sala com armários. Eu reafirmei, por meio dessa visita, como as obras são capazes de refletir as suas autorias. Ele também estava nas palavras dos residentes que me olhavam sorrindo durante a visita, e perguntavam: Você é amiga de Paula? As coisas mudaram tanto por aqui, não é?
Penso que essa visita me levou a muitas reflexões. Mostrou como tornam-se bonitas as pessoas que praticam o bem.
A instituição tem reivindicado a sua federalização e, até lá, tem sobrevivido de doações. Aos que desejarem colaborar com o projeto, seguem informações para o envio de contribuições:
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Sobre o autor
É Pedagoga, Mestra em Educação e autora da obra "Uma década de PROSA". Busca desenvolver, por meio desta coluna, reflexões majoritariamente autobiográficas sobre as condições de vida das pessoas de origem interiorana, especificamente do interior de Alagoas. Escreve, comumente, crônicas e artigos de opinião, mas também utiliza-se da linguagem poética, quando pertinente à temática destacada.
“[…] como tornam-se bonitas as pessoas que fazem o bem.”
É com essa frase marcante que venho comentar esse texto que desperta em nós, leitores, muitas emoções. Através de sua narração, amiga Belly, podemos perceber que a beleza está no ser que faz o bem, e na transformação de vidas que esse bem pode alcançar. Os sorrisos verdadeiros e significativos, certamente, foram acompanhados de brilho nos olhos juntamente com a certeza de chegar nessa etapa da vida (velhice) com muito amor, carinho e dedicação, algo que, infelizmente, vem nos faltando nos nossos dias.
Obrigada por suavizar meu dia com sua escrita e por me fazer continuar acreditando na bondade humana.
Que lindaa!
Obrigada Lalá!
A recíproca sempre será verdadeira.