Uma espécie rara de Jiboia, encontrada somente no Vale do Ribeira, foi achada em Sete Barras, no dia 25 de outubro deste ano. A descoberta foi divulgada recentemente pela Fundação Florestal.
Endêmica do Brasil, a Jiboia-do-ribeira (Corallus cropanii) só ocorre no sul do Estado de São Paulo, numa extensão calculada de 1.257 quilômetros quadrados e não se sabe se há fragmentação da população. Acredita-se que existam menos de 1000 indivíduos maduros, por isso ela é considerada rara, ameaçada de extinção e muito difícil de ser encontrada na natureza.
Não venenosa, foi descrita em 1953 pelo herpetólogo, Alphonse Richard Hoge, do Instituto Butantan, com base em um único exemplar, levado vivo até ele por um morador de Miracatu e, desde então, pesquisadores buscam por outros exemplares da mesma espécie. Em 2013 e 2014, uma busca foi realizada pela região, mas nenhum indivíduo da espécie foi encontrado, mesmo com 150 dias de procura.
Os últimos registros desta serpente foram em Miracatu, Eldorado e Sete Barras. O município de Pedro de Toledo também é descrito como área de ocorrência deste réptil, por isso pode ser que exista também em toda a Juréia, nos fundões da Armando Cunha ou nas planícies litorâneas do sul do estado de São Paulo, entre 0 e 60 metros de altitude.

O exemplar coletado em Sete Barras será encaminhado para estudos. Posteriormente, os pesquisadores vão avaliar a melhor forma de realizar a soltura, que deverá ser em uma área preservada e segura.
Comunidade
Os dois animais encontrados em Sete Barras (2017 e 2020) foram capturados graças a um projeto de educação e conservação ambiental realizado desde 2016 com moradores da área rural do Guapiruvu, onde a comunidade é ativa na conservação. Foram os moradores Paulo Vinicius Teixeira, Wilian Daniel Martins, Bernardo Alves dos Santos e Virgílio Gomes que encontraram o exemplar deste ano. O projeto é o “Ação Comunitária Mãos que protegem”, iniciativa que auxilia a gestão do Parque Estadual de Intervales e permite o resgate de serpentes encontradas na comunidade e sua soltura em áreas preservadas e seguras.
De acordo com biólogos do projeto, encontrar a espécie viva é um bom indicativo, e que isso só aconteceu após o trabalho de conscientização da própria população, que é protagonista no trabalho de conservação ambiental.

Texto e Reportagem: Márcio Ribeiro
https://www.facebook.com/ProjetoCoralluscropanii
Imagens: Bruno Rocha e Lívia Corrêa
Link da foto de Bruno Rocha: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2020/11/25/jiboia-mais-rara-do-mundo-e-achada-sem-querer-no-interior-de-sao-paulo.ghtml
Link da foto de Livia Corrrêa: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2017/02/jiboia-mais-rara-do-mundo-e-achada-viva-apos-mais-de-60-anos-de-buscas.html
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