Inflação demais, investimento de menos


O ano de 2012 encerrou com uma taxa inflacionária de 5,84%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA . Trata-se de um resultado que se mantém acima da meta oficial de 4,5% pelo terceiro ano consecutivo.

No ano em que nações desenvolvidas sentiam fortemente o impacto da crise, a presidente Dilma buscou valorizar o consumo interno nacional e, com o objetivo de reduzir gastos dos cofres brasileiros, baixou juros e reduziu investimentos em setores importantes para o desenvolvimento do país, como o elétrico. Se o governo federal temia um gasto excessivo do dinheiro público, tal temor não implicaria necessariamente numa redução de investimentos e também da produtividade comercial, por exemplo, algo que acabou ocorrendo pois, com o incentivo ao consumo ocasionado principalmente pela oferta de crédito, a quantidade de produtos não foi suficiente para atender o crescimento desenfreado da demanda nacional.

Diante dessas circunstâncias, 2013 já chega com reajustes de preços elevados para o consumidor. É sabido que gastos excessivos não são nada bem vindos para as reservas monetárias do Brasil, entretanto é relevante que os setores importantes para o desenvolvimento do país não sejam negativamente afetados com redução de investimentos. Portanto, o diagnóstico para esse complexo mapeamento econômico está num problema que na verdade não se resume a falta de recursos financeiros, mas sim à falta de uma boa e qualificada gestão administrativa.

O Brasil ainda possui um dos índices de inflação mais altos do mundo. Trata-se de um valor muito maior do que países como Chile, Colômbia e Peru, onde as taxas inflacionárias não correspondem nem à metade da brasileira e o crescimento destas nações é o dobro do brasileiro. Sendo assim, parece mesmo haver pequenas falhas a serem ajustadas na gestão governamental do nosso país.

 Setores como o elétrico não podem deixar de receber importantes investimentos para que mantenham o nível produtivo. Mas, contrariando tal lógica, o governo optou pela redução do fomento financeiro a esta área. Resultado: este fator, aliado à queda do índice pluviométrico e ao aumento das secas, contribuiu para uma drástica redução dos reservatórios de água e para o temor de um novo racionamento energético.

E, para dificultar ainda mais o incremento da produção energética nacional, o Brasil precisa lidar com a questão do licenciamento ambiental, que impõe restrições à construção de novas hidrelétricas com reservatórios. Para contornar os entraves impostos pela legislação, o governo tem incentivado a criação de usinas a fio d’água – não possuem represas, eliminando grandes áreas alagadas provocadas pelas cheias dos reservatórios, mas estes são responsáveis por ajudar a regularizar o sistema nos períodos mais secos – e sem eles a situação se complica ainda mais para gerar energia nestes momentos de queda das chuvas.

Portanto, se o peso da questão tributária se torna muito mais incômodo até mesmo para o desenvolvimento do empreendedorismo nacional, nada melhor do que reduzi-lo, a fim de agilizar a produtividade, permitindo que a demanda seja atendida, gere mais lucro para os caixas nacionais, impedindo um aumento violento dos preços. Para isso, é premente que certos governos estaduais façam sua parte, reduzindo impostos escorchantes e equilibrando a batalha da guerra fiscal, que estão perdendo para estados que não praticam uma carga tributária tão elevada, como em setores de telefonia e energia, e reduzam tributos como o ICMS, da ordem de 33%, ou o IPVA, cuja alíquota em São Paulo chega a ser o dobro de estados vizinhos, promovendo uma evasão de divisas.

Existe ainda outro quesito que, aliado ao tributarismo, se torna um verdadeiro entrave para a competitividade e crescimento das empresas que se lançam no mercado: a burocracia estatal, um verdadeiro bicho papão para muitos empreendedores, que chegam a levar anos para abrir o próprio negócio, em razão das inúmeras exigências burocráticas.

Taí, portanto, dois fatores que podem explicar por que nações vizinhas estão à nossa frente em desenvolvimento com uma inflação muito menor.
Em agosto de 2012 a presidente Dilma anunciou algumas medidas determinantes para acelerar o nosso crescimento e combater esse peso burocrático, contrariando até mesmo ideologias de integrantes de seu próprio partido: a privatização de aeroportos e serviços prestados aos setores ferroviários, rodoviários e portuários.

Porém, grande parte destas metas – no que tange a concessão do governo a empresas privadas de serviços em ferrovias, rodovias e portos – ainda precisa desenvolver muito. Dilma Roussef está no terceiro ano de seu mandato e ainda há muito o que cumprir. Seu primeiro ano de estreia na presidência sofreu conturbações em razão das demissões de vários ministros que estão sendo investigados por improbidade administrativa e pelo desvio de verbas dos cofres públicos, entre outros crimes de corrupção.

Já em 2012 o governo passou um bom tempo preocupado em investir nas campanhas eleitorais municipais. Resta agora saber como se desencadearão os próximos dois anos de gestão da nossa presidenta e se o corte nos gastos será feito da maneira mais adequada. Por enquanto ainda não estamos vivendo o cenário ideal de racionamento monetário. Vamos aguardar para ver quais serão as próximas ações concretas a favor do crescimento econômico do país. Pois algumas metas nesse sentido já conhecemos, só falta as ações para cumprí-las saírem do papel.

Por Mariana da Cruz Mascarenhas

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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