Harpia, Gavião ameaçado de extinção, é gravado na área a ser destruída pela Termoelétrica
Guardado a sete chaves pelo biólogo e ornitólogo, Bruno Lima, pioneiro no estudo das aves de Peruíbe, foi divulgado ontem, dia 17/09, o registro sonoro raríssimo da Harpia (Harpia harpyja), feito em 2012, em Itanhaém. Trata-se do primeiro registro feito no estado de São Paulo.
Conhecida também por Gavião Real, esta ave predadora possui um bico potente, garras maiores que as do urso pardo americano e suas pernas tem grossura de um punho de um homem adulto.
Esta espécie está ameaçada de extinção por conta da destruição das grandes áreas florestais e a caça indiscriminada, somados ao seu lento crescimento populacional.
A motivação para publicar o registro se deu por conta da possibilidade da instalação da Usina Termoelétrica em Peruíbe, cujas linhas de transmissão vão passar exatamente pelo local onde o Gavião foi ouvido, que é também residência de outras aves ameaçadas, como o Tauató-pintado (Accipiter poliogaster) e o Papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasilieinsis): “Guardei esse registro por cinco anos, pois um senhor que criava galinhas dizia que mataria o grande gavião cinza e branco que vinha comer suas aves. Fiquei com medo de que acontecesse o mesmo que aconteceu com o ninho do papagaio-de-cara-roxa (depois que descobrimos e divulgamos, a árvore foi queimada!). Mas agora, com a ameaça da usina, decidi publicar!”.
Lima diz que Martha Argel fez um comentário importante no ¨“Vampiro da Mata Atlantica”, veja: “Um registro dessa espécie no Estado de São Paulo seria um tremendo alento para aqueles que trabalham para a conservação da Mata Atlântica”. O ornitólogo espera que esse registro ajude a barrar as torres de transmissão da Usina que querem implantar no Litoral Sul.
Ouça a gravação de Bruno Lima, publicado no wikiaves, clicando no link abaixo
Som da Harpia, por Bruno Lima (clique aqui)
A Harpia ocupa a mais elevada posição na cadeia alimentar. Não tem predador, a não ser o homem. Ao comer suas presas (macacos, preguiças e, em menor escala, répteis e aves), presta um serviço fundamental para o equilíbrio da natureza: o controle de populações de outros animais. Com suas longas asas listradas em tons cinza e branco, pode ser vista em florestas tropicais entre o sul do México e o norte da Argentina. Seu nome vem da mitologia grega: tratava-se de um ser imaginário, rosto de mulher e corpo de abutre. Inspirou a fênix do filme “Harry Potter e a câmara secreta”. Também é conhecida como gavião-real, por causa de suas curvas imponentes e a coroa de penas no topo da cabeça. Pelos índios, é chamada de uiraçu, uma referência a seu grande porte.
Outros ornitólogos podem ter visto este Gavião nas matas de Peruíbe. Antonio Silveira relatou que viu dois gaviões na Estrada do Barrerinho, no interior do Mosaico de Unidades de Conservação Juréia-itatins, que podem ser a Harpia. Perto dali, um amigo do próprio Bruno Lima, em expedição ao Utingão, disse que viu um grande gavião no alto da serra, mas, infelizmente, não conseguiu registrar.
Reportagem e Pesquisa: Márcio Ribeiro
Foto: Fabiano Oliveira (gentilmente cedida), feita em Mato grosso
Áudio: Bruno Lima
Fonte: Revista Época e Wikiaves
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Sobre o autor
Sou Jornalista, Técnico em Turismo, Monitor Ambiental, Técnico em Lazer e Recreação e observador de pássaros. Sou membro da Academia Peruibense de Letras e caiçara com orgulho das matas da Juréia. Trabalhei na Rádio Planeta FM, sou fundador do Jornal Bem-Te-Vi e participei de uma reunião de criação do Jornal do Caraguava. Fiz estágio na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Peruíbe e no Jornal Expresso Popular, do Grupo "A Tribuna", de Santos, afiliada Globo. Fui Diretor de Imprensa na Associação dos Estudantes de Peruíbe - AEP. Trabalhei também em outras áreas. Atualmente, escrevo para "O Garoçá / Editoria Livre" e para a "Revista Editoria Livre."
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