Fim de ano: alerta vermelho para o bolso do consumidor, ou alívio, depende só de você!

Ao contrário do anunciado Espírito Natalino, o fim de ano costuma ser marcado por festas, família reunida e muitas compras. Mas nem tudo se insere no clima festivo, com a chegada dos meses de novembro e dezembro a indução ao consumo representa uma verdadeira facada no bolso do cidadão, favorecendo o aumento da inadimplência. Uma solução que vem sendo adotada pelos brasileiros a fim de resolver este problema é usar os recursos do 13º para quitar suas dívidas.

Uma pesquisa divulgada pela empresa Ipsos, em novembro de 2013, revelou que 24,5% dos brasileiros usariam o dinheiro do 13º para este fim. Acostumado a sofrer com o acúmulo de dívidas, o brasileiro parece estar aprendendo rápido. As dívidas representam uma verdadeira bola de neve pois, exceto nos casos de uma emergência para a qual a pessoa não está preparada, como uma doença, acidente ou um desemprego prolongado, o endividamento geralmente é o termômetro de que seus gastos não cabem na renda que usufrui, implicando numa verdadeira compra de dinheiro. Pois é isso o que o uso de mecanismos de crédito representa, você compra dinheiro para pagar o dinheiro que não tem.

Todavia, em 2013 a redução do número de inadimplentes brasileiros foi surpreendente. Segundo dados do Serasa Experian, somente no mês de setembro, por exemplo, houve uma redução da inadimplência de 10,8% em relação ao mesmo período de 2012. A pesquisa Ipsos também mostrou que neste ano, em comparação a 2012, um número menor de brasileiros usou o 13º para quitar dívidas (24,5 % dos entrevistados em 2013 em relação a 32,6% em 2012) e mais pessoas utilizarão o recurso para poupar (20,4% em 2013 em relação a 16,3% em 2012). Isso reflete maior preocupação do consumidor quanto à contenção e economia de gastos. E o brasileiro está aprendendo aos poucos como fazer isso.

O primeiro passo é pegar um caderno e elencar tudo aquilo que está devendo, para quem, quanto, quando vence. Se você tiver uma aplicação qualquer, como uma poupança, um CDB, uma renda fixa, etc, convém avaliar a possibilidade de sacar este dinheiro para quitar as dívidas, começando por aquelas sobre as quais incide maior taxa de juros – o cartão de crédito quando já está no rotativo, o cheque especial. Espero que dever para agiota não seja o seu caso. Se for, quite o mais rápido possível e fuja dele!

Anote também aquilo que tem a receber e as datas de recebimento. Salários, rescisões contratuais, enfim, tudo o que poderá usar para negociar e renegociar as dívidas. Use o que tiver nas aplicações para eliminar as dívidas vencidas, informe-se sobre as taxas de juros praticadas e sobre qual seria o abatimento para quitá-la. Há também a possibilidade de efetuar um empréstimo em outra instituição, cujos juros estejam menores do que aquela que esteja financiando a dívida. Pesquise na internet sites que orientam como renegociar dívidas, assim como instituições que dão orientações preliminares. Com todas as informações, dirija-se à instituição e tente a maior redução possível, e quando chegar a um acordo exija todas as condições tratadas por escrito e recibos dos valores pagos e quitados, discriminados.

Após a eliminação deste tipo de débito é fundamental efetuar um planejamento eficaz que possa preveni-lo de contrair novas dívidas. Como os consumidores tendem a gastar mais no fim do ano, eles precisam ficar atentos para comprar somente o que precisar, especulando preços e a qualidade dos produtos, e não agir por impulsividade, evitando gastos desnecessários. A pergunta que se deve fazer ao ver algo que salta aos olhos: EU EFETIVAMENTE PRECISO DISSO? Se sim, tem que ser agora ou posso fazer uma economia e comprar daqui a algum tempo? Mesmo assim, não seria melhor pesquisar onde comprar com melhores condições? Comprar de imediato, por impulso, via de regra conduz a uma compra mal feita e arrependimentos, principalmente quando logo depois encontra outro produto (ou o mesmo) com melhores condições.

Ao se planejar para efetuar uma compra – seja uma TV nova, uma troca de geladeira ou fogão, por exemplo – juntar o valor que seria pago pela prestação numa poupança durante o tempo em que você estaria pagando por um objeto que já estaria usando pode ser compensador, pois poderá, com o dinheiro todo na mão, negociar um bom desconto, evitar dívida, isso se não aparecer nesse tempo uma boa promoção ou um modelo mais novo e com melhores funções. Isso fará com que você não só evite comprometer o seu dinheiro futuro, como também estar daqui a um ano pagando por algo que já saiu de linha. Pense nisso.

Entretanto, antes de comprar, não se esqueça de que logo após as festas surgem as despesas pesadas: o IPVA do veículo, o IPTU, matrícula das crianças ou da faculdade, material escolar, seguro do veículo, são algumas delas. É fundamental colocar no seu planejamento espaço para quitá-las.

O uso desenfreado dos cartões de crédito é outro agravante para a inadimplência. Por isso, antes de usá-los, é preciso ter a consciência de que se possui o valor total para pagar a fatura a ser cobrada. “Apertar os cintos” é necessário, talvez até mesmo vender um bem para fugir da inadimplência total, pensando em reorganizar o orçamento para readquirir este bem depois, se realmente necessário. Nesse interím, procure instituições que orientem para um consumo equilibrado, assista a palestras, busque sempre orientação.
A queda do desemprego, a elevação de salários, mais condições propícias para renegociação das dívidas desde janeiro deste ano podem ter contribuído para a queda do endividamento, mesmo com um fator que esteve fortemente presente na gestão Dilma em 2013 para favorecer a contração de dívidas: a facilidade na concessão de créditos, que somente se reduziu com o aumento das taxas de juros visando combater a elevada inflação. 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas
Colaboração: Sérgio Eduardo Nadur 

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


One Reply to “Fim de ano: alerta vermelho para o bolso do consumidor, ou alívio, depende só de você!”

  1. Nadur

    Ficou muito boa sua abordagem, Mariana. Soube muito bem como aproveitar, de maneira abrangente mas concisa, as dicas que abordo na minha palestra 'Como Economizar e Planejar seu Orçamento".

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