Exposição da Tarsila do Amaral vai até o dia 28 de julho

E eis que eu finalmente fui ver a exposição Tarsila Popular, que está em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Nunca fui grande fã da Tarsila, mas achei importante não perder a oportunidade. A fila serpenteava no vão do MASP. Levei quase uma hora até conseguir entrar.

Logo à minha frente estava o ator Gero Camilo. Pensei em pedir para tirar uma foto com ele, mas fiquei com vergonha de atrapalhar sua conversa com a amiga que o acompanhava. Grupos escolares entravam e saíam. Alguns trajando uniformes escolares. Muita gente bonita e descolada. Membros da Ocas tentavam vender suas revistas para o pessoal na fila.

Quando finalmente conseguimos entrar, demos de cara com uma segunda fila na entrada do primeiro andar. Ao que parece, Tarsila realmente é muito popular.

Confesso que não conhecia a maior parte das obras que estavam expostas ali. Gostei de ver trabalhos de diferentes estilos, de épocas distintas.

As paisagens cubistas de cores berrantes – que compõem a parte mais conhecida de sua pintura – não me causaram muito impacto. Um grupo se amontoava em frente ao Abaporu, sua obra mais conhecida. Todos queriam tirar uma foto ao lado da obra. Achei tudo aquilo muito bonito, mas não me tocou.

No entanto, as obras em que ela retrata a nós, brasileiros, com nossas peles pardas, nossas feições de mameluco, nossos semblantes sofridos, nossas famílias grandiosas, nossos trajes caipiras e nossas manifestações folclóricas conseguiram me fisgar.

Seu cubismo francês – por mais que retratasse temas e cores nacionais – tem características que me parecem pouco naturais, como se aquilo não nos pertencesse. Seus retratos humanos deram-me outra dimensão da obra da artista.

Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias”, escreveu Tarsila do Amaral.

Apesar do seu conhecimento técnico e do domínio do ofício, o conjunto da obra é um tanto irregular. O que não quer dizer que essa exposição deva ser ignorada. A arte é e sempre será muito subjetiva. É provável que você reaja diferente ao ver os mesmos trabalhos.

De qualquer modo, Tarsila do Amaral faz parte da nossa história. Ela é figura importante do movimento modernista brasileiro e merece ser conhecida.

Com curadoria de Fernando Oliva (curador do MASP) e Adriano Pedrosa (diretor artístico do museu) a exposição vai até o dia 28 de julho de 2019. São 92 obras em exposição. Às terças-feiras a entrada é gratuita.

 

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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