Esquerda e direita são partes de uma mesma moeda chamada democracia #PEDAblogBR

Nos últimos anos vimos um pequeno movimento de direita surgir e tomar corpo aqui no Brasil. Não digo que já tenha amadurecido, mas, como tudo que se conhecia até então, dentro das universidades brasileiras, era a dialética da esquerda, essa linha de pensamento preencheu o vazio de muitas pessoas que não se identificavam com o que existia até então.

Aqui se faz necessário uma breve explicação: Tudo que nós, brasileiros, conhecemos do pensamento de direita está diretamente associado à Ditadura Militar Brasileira, ao fascismo, ao nazismo, à ditadura de Pinochet e mais algum regime extremista que se queira encaixar nesse rótulo.

Os intelectuais brasileiros parecem se esquecer de que a esquerda teve suas ditaduras, e que essas não foram mais brandas que as da direita. Todo extremismo deve ser rejeitado. Toda ideia ditatorial deve ser rejeitada. Mas as oposições, quando saudáveis, são necessárias ao funcionamento democrático.

Mas a ditadura no Brasil foi um golpe para controlar uma suposta “invasão comunista”. Portanto, os esquerdistas derrotados que conseguiram cargos públicos após o final do regime se apresentavam como bastiões da liberdade, da honestidade, de virtudes heroicas.

Que fique claro aqui que não estou defendendo a ditadura, tampouco me iludo com as propostas socialistas. Qualquer criança que saiba ler pode descobrir os efeitos do comunismo na URSS, na China, na Coréia do Norte ou mesmo em Cuba. Todo extremo deve ser evitado, toda ditadura deve ser destruída. Seja de esquerda, de direita, de centro, de baixo ou de cima.

Mesmo assim, com todo o nosso histórico, levou tempo até que um candidato de esquerda ganhasse uma eleição para presidente. Quando isso finalmente aconteceu foi possível ver, finalmente, que aquele era apenas um homem, suscetível a falhas como qualquer outro. Não importava o partido.

A democracia começou a amadurecer

Em países como EUA existe a tradicional disputa entre liberais e republicanos. No Brasil, nossa democracia é muito nova. Só recentemente começamos a escolher nosso presidente por meio do voto direto, só recentemente elegemos alguém declaradamente de esquerda para o cargo de administrador da república. Só recentemente o povo brasileiro pôde perceber que os candidatos ditos de esquerda não são melhores nem piores que os de “direita”.

O problema é que a dita direita do Brasil não se assumia como tal. Não defende os valores da direita. Não pense que os valores da direita estão ligados ao machismo, homofobia, racismos e preconceito de classes. Esse tipo de argumentação seria apelar a um reducionismo ridículo. Com algumas exceções, os representantes políticos da direita brasileira são simples oportunistas em busca de uma colocação pública qualquer.

Por conta disso que alguns intelectuais conservadores, que bebiam em fontes estrangeiras, começaram a ganhar público. Essas pessoas se referenciam em Ludwig Von Mises, Friedrich Hayek, Roger Scruton, Eric Voegelin, Milton Friedman, Russell Kirk, e tantos outros do mesmo calibre.

É claro que, se procurar, você vai encontrar pessoas que se dizem representantes desse movimento de direita e que pedem a volta da ditadura ou qualquer outra imbecilidade de mesmo nível. Mas, são apenas recém convertidos, ou parte da massa menos instruída. Isso existe em todos os lados. O movimento conservador no Brasil, assim como a nossa democracia, é muito recente. Precisa amadurecer, precisa compreender que todo excesso deve ser, automaticamente, rejeitado. Para que isso aconteça a esquerda precisa fazer o seu papel. Ela tem que se opor, tem que ridicularizar esse tipo de posicionamento, tem que propor alternativas, tem que fiscalizar o que estiver errado. A direita, por sua vez, precisa fazer a mesma coisa do lado oposto.

A direita é tão necessária quanto a esquerda

Algumas pessoas parecem se incomodar com a oposição que está surgindo. Minimizam o pensamento direitista. Associam-no à ditadura, à volta da escravidão, ao machismo, ao fascismo, ao nazismo. Parecem não perceber que um país que se divide entre esquerdistas e oportunistas não é uma democracia.

Quem cobrará os erros do Governo se não houver oposição? A pergunta é válida para ambos os lados. Não importa de que lado você esteja, precisamos amadurecer o nosso posicionamento, as nossas cobranças, o nosso julgamento.

Caso contrário, continuaremos andando em círculo e nunca deixaremos de ser um país de terceiro mundo.

José Fagner Alves Santos

Este artigo faz parte da campanha #PEDAblogBR.

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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