COVID-19 passará. E daí?

E eis que é chegado o momento tão esperado por todos! O momento em que finalmente as autoridades sanitárias afirmam que já se pode ir pras ruas, se pode trabalhar, praticar lazer, apertar mãos e pra quem tem o costume, abraçar pessoas queridas.

No início do mês de março, cientistas previam que morreriam mais de 2 milhões de pessoas apenas no Brasil*. Com o passar dos dias se foi observando que a maioria das pessoas infectadas – 09 para cada 10 pessoas – evoluía positivamente, se recuperando sem precisar de ir para hospitais.

Contrariando os pessimistas, no final de abril verificou-se que mais de 50% dos infectados já haviam se curado, inclusive idosos, que eram apontados como prováveis vítimas fatais.
O mais curioso é que pouco mais de um mês após as autoridades afirmarem que morreriam milhões de pessoas, passou a ser notório o fato de que 86% dos infectados não manifestam nem sequer um único sintoma.
Em outras palavras, eu posso contrair o vírus e nem ao menos apresentar tosse como sintoma.

Mas o que dizer desses quase três meses de isolamento social? (Ao final serão mais ou menos isso).

Mantidos em prisão domiciliar por esse tempo a maioria das pessoas, cujos corpos estão acostumados ao movimento, adquiriu sobrepeso, e olha que de acordo com o Ministério da Saúde (dados de antes da pandemia) mais de 55,7% da população está com sobrepeso e mais 22% sofre com a obesidade.

Quanto à ausência de movimento é inquestionável o quanto eles são importantes para nossa saúde. Nossos ancestrais eram nômades, moviam-se todos os dias de um lugar para outro. Subiam, desciam, corriam, suavam. Não é à toa que praticamos esportes seja ao ar livre ou em academias.

Mas confinados e impedidos de acessar praias, parques e praças, nossos ossos ficam mais fracos e nossos músculos tendem a atrofia.
Porém, a lista de males que podem surgir ou se agravar em razão da reclusão compulsória – e consequente ausência de movimentos e exercícios é imensa. De acordo com a OMS elas vão desde doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, osteoporose e até tumores malignos na mama e cólon.

E o que dizer do sol?

Um pouco de sol diariamente favorece a produção natural de vitamina D em nosso corpo. Se o corpo tiver vitamina D insuficiente o indivíduo terá baixa imunológica, sentirá fadiga, dor nos ossos, perda de cabelo e outros.
Mas não para por aí. Doenças como depressão, esclerose múltipla, psoríase e até Alzheimer, tem seu tratamento favorecido pela exposição moderada ao sol.

Nesse ponto talvez estejamos nos perguntando se deveríamos desobedecer as recomendações sanitárias e ir pra rua normalmente. Claro que não!

Mas devemos ser realistas quantos ao fato de que os danos causados por esse período de isolamento irão muito além dos danos à economia.

Enquanto todos os esforços estão voltados para o combate ao COVID-19, outras tantas doenças que atingem milhares de pessoas todos os anos é já por muitos anos, estão sendo deixadas de lado.

Embora tenha sido pouquíssimo veiculado na mídia em geral, de acordo com o Ministério da Saúde, apenas nas primeiras 10 semanas de 2020 foram registrados mais de 300 mil casos de dengue no país. Todos os anos ocorrem cerca de 900 mortes oficialmente registradas.

Talvez você não saiba, mas o Brasil está entre os sete países onde mais ocorrem mortes por leishmaniose no mundo. Por ano são mais de 3.500 casos e desse total 7,1% vão a óbito. A situação é vergonhosa se pensarmos que o Brasil acompanha nessa lista de sete países com maior incidência de leishmaniose nada mais que Etiópia, Quênia e Somália. Países miseráveis.

E o que dizer da febre amarela, doença que ressurgiu em 2017/2018 e que possui índice de letalidade de 35%, portanto muito superior ao COVID-19 que é de 4,2% no Brasil. Tem ainda o Zika vírus, Chikungunya e o já esquecido, mas ainda muito presente H1N1.
Pouca gente sabe, mas em 2019 morreram pelo menos duas pessoas por dia no Brasil devido a complicações causadas pelo H1N1.

Como será que ficarão esses índices daqui a alguns dias quando voltarmos novamente nossa atenção para eles?

Além disso, ainda não sabemos que mudanças comportamentais surgirão em razão desta onda de medo coletivo. Como nos relacionaremos uns com os outros, como veremos as doenças sazonais, o quanto de poder terão os médicos e a TV sobre nossas decisões no futuro?
Aliás, por falar em médicos, por vezes vi médicos cardiologistas, neurologistas e até ortopedistas falando sobre vírus na televisão. Não entendo qual a dificuldade em empoderar biólogos, biomédicos e especificamente médicos infectologistas.

O fato é que o porvir ainda é nebuloso. No momento estamos escondidos de um inimigo invisível e em breve teremos de voltar a lidar com questões tais como relações de emprego, previdência, economia, possíveis altos índices de natalidade e por aí vai.

Não imagine que quando disserem que você está livre, você estará realmente livre. As coisas mais complexas ainda estão no por vir.

Aliás, já pensou que essa gripe veio a calhar podendo ser usada como um ótimo experimento sobre manipulação e controle do comportamento humano avaliado em escala global?
Repito! As coisas mais complexas estão no por vir!

* Todos os dados apresentados ao longo do texto podem ser consultados através dos links logo abiaxo.

LINKS PARA CONSULTA

https://www.opovo.com.br/coronavirus/2020/03/19/cientistas-prevem-ate-2-milhoes-de-mortes-no-brasil-no-pior-cenario-sem-medidas-para-conter-o-virus.html
https://noticias.r7.com/saude/mais-de-50-dos-pacientes-com-covid-19-no-brasil-ja-se-curaram-14042020
https://saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45612-brasileiros-atingem-maior-indice-de-obesidade-nos-ultimos-treze-anos
http://www.tijucas.sc.gov.br/conteudo/site_paginas/32/a-importancia-de-movimentar-o-corpo.pdf
https://veja.abril.com.br/ciencia/falta-de-exercicio-enfraqueceu-o-osso-humano-diz-estudo/
https://saude.to.gov.br/vigilancia-em-saude/doencas-transmissiveis-e-nao-transmissiveis-/dant/fatores-de-risco/inatividade-fisica/
http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/quando-o-sol-cura-a-pele/437250
https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/nas-primeiras-dez-semanas-de-2020-brasil-registra-mais-de-300-mil-casos-de-dengue-24311549
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/01/brasil-registra-em-2019-segundo-maior-numero-de-mortes-por-dengue-em-21-anos.shtml
https://saude.gov.br/saude-de-a-z/leishmaniose-visceral
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51373320
https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus-preocupa-mas-gripes-como-h1n1-mataram-duas-pessoas-por-dia-no-pais-em-2019-24222429
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,setores-economicos-terao-recuperacao-desigual,70003260430
https://exame.abril.com.br/revista-exame/quem-vai-salvar-a-economia/

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