Programação de aniversário do coletivo reunirá grandes nomes da cultura popular no Largo da Batata, dia 25 de outubro, e promoverá roda de diálogo sobre a violência masculina nas coletividades de cultura tradicional no Espaço Ermaná, dia 3 de novembro
O Largo da Batata, no coração pulsante da cidade de São Paulo, será palco de uma celebração especial. No dia 25 de outubro, o coletivo Coco da Batata completa 7 anos de resistência e de preservação da cultura do Coco de Roda, manifestação tradicional nordestina que vem encontrando espaço e eco em um dos pontos mais emblemáticos de São Paulo. Esta edição comemorativa conta com uma programação recheada de atrações que reafirmam a importância desse patrimônio cultural no cenário urbano paulistano.
Desde sua origem em 2017, quando um cortejo de Maracatu desembocou numa roda de coco espontânea, o Coco da Batata cresceu e se consolidou como um ponto de encontro e de memória cultural para milhares de paulistanos. “A gente nasceu com o objetivo de preservar e propagar essa cultura tão rica e, nesses 7 anos, construímos um espaço que vai muito além da música, já que falamos de conexão, resistência e pertencimento”, afirma a arte-educadora Patrícia Soares, uma das organizadoras do coletivo. Ela também ressalta o valor afetivo que o evento gera ao conectar memórias de nordestinos que, ao se depararem com a roda, sentem-se em casa. “Já ouvimos muitas histórias de nordestinos radicados em São Paulo, voltando do trabalho, que, ao passar pelo Largo, se alegram e ficam ali com a gente ao ouvir as músicas que remetem à sua terra e à sua cultura”, conta.
Para Patrícia, o Coco da Batata é muito mais que um encontro. “É um espaço para recebermos nossas Mestras e Mestres e também para compartilharmos, enquanto artistas brincantes, o que produzimos a partir da vivência e pesquisa individual de cada um com os diferentes sotaques existentes do Coco, trazendo a realidade paulistana através de nossas letras autorais e rememorando quem nos inspira cotidianamente nesse fazer.”
A importância territorial é outro ponto que ela destaca: “Territorialidades são um dos aspectos mais profundos que nos impactam. Refletir sobre o lugar que ocupamos envolve compreender seus múltiplos significados, desde sua história ancestral até o presente. Isso também inclui pensar sobre como nos movemos pela cidade e como a localização central das rodas mensais facilita o encontro de pessoas de diferentes territórios, criando conexões e fortalecendo os vínculos entre artistas e a comunidade.”, enfatiza Patrícia, demonstrando o quanto o espaço é central para a criação e permanência desse movimento cultural em São Paulo.
Para celebrar esses 7 anos de história, a noite contará com apresentações de grandes nomes da cultura tradicional brasileira, como Rogério Souza, Coco de Oyá, Raiz Forte, Caboco da Mata, Mestre Nico e o Balanço da Manipueira, e o célebre músico Siba, conhecido por seu trabalho em defesa da música nordestina e suas vertentes. Cada artista traz sua própria energia e estilo, garantindo que a noite será inesquecível.
Mas a celebração não se limita à festa do dia 25. No dia 3 de novembro, o Espaço Ermaná será palco de um encontro transformador: o projeto “Tecendo Redes de Apoio: Mulheres na Cultura Tradicional”, uma roda de diálogo e acolhimento exclusiva para mulheres, quando serão discutidos temas como a normalização do abuso sutil e a conivência com a violência masculina dentro das coletividades culturais. Este segundo encontro será um espaço para que mulheres possam refletir sobre suas vivências dentro do movimento de cultura tradicional e propor soluções coletivas.
As mulheres do Coco da Batata destacam a importância de criar momentos de escuta e acolhimento dentro dos movimentos culturais, ressaltando que elas também enfrentam diversas formas de opressão nesses espaços. Segundo elas, o projeto Tecendo Redes visa justamente promover um ambiente de construção, troca e resistência feminina dentro da cultura popular, fortalecendo a rede de apoio entre as participantes.
Além de tudo isso, é importante lembrar que o Coco da Batata é uma roda colaborativa. O evento acontece graças ao apoio de sua comunidade e dos admiradores da cultura popular, que participam de forma ativa e colaborativa, mantendo vivo o movimento mês a mês. “O Coco da Batata é feito por e para a comunidade. É um espaço que construímos juntos, onde todos são bem-vindos para somar e contribuir”, lembra Patrícia.
Aniversário de 7 anos do Coco da Batata
● Data: sexta-feira, 25 de outubro de 2024
● Horário: a partir das 20h
● Local: Largo da Batata: Av. Brig. Faria Lima, S/N, Pinheiros, São Paulo
● Atrações: Rogério Souza, Coco de Oyá, Raiz Forte, Caboco da Mata, Mestre Nico e o Balanço da Manipueira e Siba
●
Entrada: colaborativa (contribuições voluntárias são bem-vindas pelo pix:
[email protected])
Tecendo Redes de Apoio: Mulheres na Cultura Tradicional
● Data: domingo, 3 de novembro de 2024
● Horário: a partir das 15h
● Local: Espaço Ermaná: Avenida Corifeu de Azevedo Marques, 1704, Butantã, São Paulo
● Entrada: exclusiva para mulheres, gratuita e oferece espaço para brincar.
● Tema: Diálogo e acolhimento sobre a normalização do abuso sutil e a conivência com a violência masculina nas coletividades culturais
Ficha Técnica:
Patrícia Soares
Olivia de Lucas
Pedro da Pilar
Gabriela Malaquias
Gabe Denser
João Aquino
Rodrigo Cristalino
Letícia Machado
Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.
Curtir isso:
Curtir Carregando...