Breve relato da manifestação de domingo (07/06/2020)

Começou bem pacífico. Meu, super supertranquilo. E tinha um pessoal famoso lá: o Boulos estava lá no carro de som, depois o Thaíde, tinha um pessoal do funk, tinha bastante gente. Cheguei ao Largo da Batata, por volta das duas horas. Fui junto com a equipe de boxe que eu faço parte.

Eu fui para fotografar, por isso eu me dispersei deles. A manifestação foi pacífica, muito pacífica. Mas houve uns conflitos internos com um pessoal, que disseram ser infiltrados. Eles queriam chutar a viatura da polícia, mas o pessoal conteve botou para fora. O cara até pediu desculpa. Depois falou que não era nada disso que eles estavam pensando.

Depois, quando acabou, que ele falou: “Olha, pessoal, encerramos o ato”, uma galerinha subiu para a Paulista. Foi todo mundo. Tinha umas quinhentas pessoas para mais, bem mais. Subindo para a Paulista, negociando com a polícia para subir todo mundo junto. Aí, um grupo tentou quebrar uma agência do Bradesco. O pessoal da própria torcida organizada se juntou e conteve o incidente.

A polícia continuou acompanhando. Por volta das cinco da tarde, próximo da estação Fradique do metrô uns quinhentos metros, a PM fechou um cordão de isolamento. Atrás estava o caminhão da Tropa de Choque, todos armados.  Um segundo caminhão apareceu. Tudo armado.

Ouvia-se gritos: “não vai, vai!”. Até mesmo o pessoal que trabalha com aplicativo teve dificuldade em passar pela rua. A polícia não queria permitir nem mesmo eles. Saquei a câmera, tentei ficar junto com o pessoal da imprensa. Mas a imprensa passou para o outro lado da linha, aquela em que estava a Tropa de Choque.

Eu fiquei ali, na linha de frente, com o pessoal. As coisas começaram a se acalmar. O grupo de manifestantes se dividiu em dois. Uma parte desceu pela Fradique para dar a volta e subir para a Paulista e, do nada, a gente começou a escutar: “bomba, bomba, bomba!”.

 A PM desceu por um dos lados. Começou a tacar bomba em todo mundo e começou a disparar os tiros de borracha. Aí, jogaram um rojão de volta, só um. Depois disso, as ruas ficaram vazias muito rápido. Aí eu entrei no metrô. O pessoal entrou junto na Fradique. Eu achei que estaria vazio, mas havia umas quinze pessoas deitadas no chão, passando mal por causa do gás e do spray que eles jogaram. Mas o confronto em si não durou dez minutos.

Bruno Santana

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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