A pandemia e a hipocrisia
Pandemia e hipocrisia, além de rimar, fizeram parceria durante esse processo eleitoral
Neste último dia 15 de novembro de 2020 – mais conhecido como domingo – milhões de brasileiros se dirigiram aos seus respectivos colégios eleitorais para cumprir suas obrigações cívicas.
Em meio a uma pandemia que já matou mais de 160 mil pessoas só no Brasil, fomos obrigados a usar máscara, álcool gel, cada um portando sua própria caneta, mantendo distância segura. E mesmo assim, com medo. Ao menos eu estava.
Em minha cidade natal (Ipiaú – BA), no entanto, a atual prefeita, Maria das Graças César Mendonça -PP- reeleita com 49,87% dos votos válidos, para comemorar sua reeleição, colocou um trio elétrico no centro da cidade.
Veja o vídeo e tire suas próprias conclusões.
Atribuem ao poeta Juvenal, em suas Sátiras, durante o governo de Caio Graco, a criação da expressão pão e circo (Panem et circenses). A expressão é polêmica, mas é ela que me vem à cabeça quando vejo essa cena. Creio que esse tipo de evento deve ter acontecido em diversas cidades por todo o interior do País.
Como pedir, depois disso, que a população acredite na pandemia ou que obedeça ao confinamento? O cidadão médio não sabe separar as ações políticas das recomendações científicas.
Só nos resta tentar sobreviver e cuidar dos nossos.
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Sobre o autor
José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.