O velho novo hábito de escrever à mão

Todo exercício manual ajuda a organizar as ideias, além de contribuir com a higiene mental

Escrever à mão é um hábito que tenho me esforçado para retomar. Diante dessa correria diária que se tornou a minha vida em São Paulo, a necessidade de um momento para colocar as ideias em ordem me obriga a buscar atividades manuais.

Tenho me esforçado para aprender encadernação, voltei a desenhar e tenho buscado, sempre que possível escrever à mão.

A caligrafia não é das melhores, eu sei, mas o processo ajuda na higiene mental. É muito mais fácil escrever no computador. É até muito mais prático. Mas todo esse ganho de tempo não se reflete em melhora na qualidade de vida, ao menos não na minha. Estou sempre sem tempo, sempre cansado, sempre desejando o mesmo ritmo de quando eu morava no interior.

Mas, voltemos para o assunto principal. Escrevo a lápis, não que eu queira me comparar a Hemingway (na verdade, diferentemente do grande mestre, eu escrevo sentado), mas é que o lápis permite que eu apague em caso de erro. Os erros, infelizmente, são constantes.

O fato é que este novo/velho hábito está me ajudando a manter a saúde mental nesses tempos tão conturbados. Esse exercício tem me feito pensar melhor, organizar as ideias de modo mais sistemático, além de me obrigar a reservar um tempo para que eu possa desacelerar.

Uma rápida pesquisa nos mecanismos de busca pode apontar uma série de estudos sobre a importância de se escrever à mão. Mas não é disso que estou falando, quero apenas ressaltar a importância das atividades lúdicas na preservação do bom funcionamento cerebral.

Somos animais complexos, com necessidades que vão muito além daquelas relacionadas à sobrevivência imediata. Necessitamos de interação social assim como necessitamos de um momento de “ócio”. As atividades manuais, ao menos para mim, servem como preliminares para esse momento de descanso. Escrever à mão permite que eu tenha o sentimento de maior controle das minhas ideias.

Não quero dizer que você deveria fazer o mesmo, comento apenas como forma de compartilhar algo que tem me feito bem. A sugestão fica no ar. Se quiser testar, não há nada que te impeça. Caso o exercício te faça bem, não custa nada torná-lo um hábito. Mas, nesse caso, eu pediria para você compartilhar aqui comigo a sua experiência.

José Fagner Alves Santos

 

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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