O Carnaval de Peruíbe está sem identidade e isto não é uma crítica!

Se for dizer com algum otimismo, o carnaval de Peruíbe está passando por uma transformação, mas não dá pra esconder que ele está sem identidade.

A cidade foi, há alguns anos, a única na Baixada Santista a ter o desfile das escolas de samba, mas a tradição das agremiações “Menina Flor”, “Dos Pescadores”, “Maria Assombração”, entre outras, e o último suspiro dado com a “União dos Prados”, “Caraguava” e “Geração Primeira” não existe mais.

Havia os blocos sim, mas estes eram tratados pela administração municipal e pelos turistas como segunda opção, tanto é que já aconteceu de um famoso bloco desfilar clandestinamente em um ano que não conseguiu autorização para circular na cidade. Os blocos resistiram graças aos esforços dos organizadores e moradores.

Agora, sem os desfiles, eles passaram para os holofotes e tornaram-se a atração principal, com destaque para dois: O “Bloco das Virgens” e o “Bloco da Estação”.

O “Bloco das virgens” está muito bem, muito obrigado. Vem ganhando mais força e a cada ano que passa atrai mais foliões, conquistando espaço no calendário da cidade e das pessoas que frequentam Peruíbe.

Bloco da Estação (Foto: Zé de Matos)

Já o ”Bloco da Estação” estava mais fraco. Por si só, ele já é excelente, mas faltou algum vigor que sobrou em outras anos. O balé dos chapéus mexicanos não foi visto. A banda estava com menos instrumentistas e a tradicional saída às terças-feiras não aconteceu. É preciso que os organizadores lutem para o bloco não perder forças.

Um ponto negativo para a cidade foi o cancelamento dos shows da Arena Peruíbe. Alguns turistas vieram e programaram o seu feriado por conta dos artistas que se apresentariam. Apesar de particular, a prefeitura tem que criar mecanismos para que isso não aconteça nunca mais e mostre que a cidade é lugar de gente séria.

Banda Camaleões (Foto Edmilson Matias)

O destaque positivo ficou por conta da “Banda Camaleões” que se apresentou na Praça Matriz, um exemplo de bom, barato e funcional. Tocando marchinhas de carnaval com ótima qualidade e outras músicas populares, não deixou ninguém parado. Jovens, idosos, crianças, casais, solteiros, marcianos e até plutaneses pularam que nem pipoca debaixo do padroeiro da cidade, o São João Batista.

Foi o segundo ano consecutivo que a prefeitura prepara este tipo de atração. Com o sucesso obtido, pode ser uma tendência que deve marcar a administração Luiz Maurício.

Vale lembrar que na época do Sodré, antigo prefeito, as marchinhas eram tocadas na quadra onde hoje está o finado espaço cultural Chico latim. Quem sabe está aí o resgate de uma tradição antiga da cidade e de uma identidade perdida?

Além da “Banda Camaleões”, o carnaval 2018 trouxe outra boa notícia que pode nortear os carnavais futuros: a apresentação da bateria da Escola de Samba Unidos do Caraguava, mostrando que a escola está viva e quem sabe pronta pra voltar em um futuro próximo?

Havia outras atrações espalhadas por diversos pontos da cidade e nenhuma delas sobressaiu, ou melhor, não foi possível dizer que uma estava melhor do que a outra. Existe espaço para qualquer uma delas cruzar as fronteiras do bairro com o “seu barulho”, para se tornar uma das principais atrações da cidade.

Dá pra perceber que o caminho está aberto para as atrações de carnaval em Peruíbe. De acordo com o que falam nos botecos, o que anda às bocas e o que combinam nos grupos de whatsapp, existem algumas possibilidades, ideias novas e outras antigas aguardando um pequeno incentivo para se desenvolver. O momento é agora, quando não há ainda uma identidade definida e quando a cidade busca encaixar atrações que sejam prontamente identificadas, aceitas e propagadas. Mas para tudo isso, é preciso saber qual o carnaval que queremos para Peruíbe. Você sabe dizer?

Bloco das Virgens (Foto: Lelo)

Texto, Criação e Autoria: Márcio Ribeiro

Fotos: Zé de Matos / Soul Peruíbe, Edmilson Matias e Lelo

Postagem: Márcio Ribeiro / O Garoçá

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Sobre o autor

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Sou Jornalista, Técnico em Turismo, Monitor Ambiental, Técnico em Lazer e Recreação e observador de pássaros. Sou membro da Academia Peruibense de Letras e caiçara com orgulho das matas da Juréia. Trabalhei na Rádio Planeta FM, sou fundador do Jornal Bem-Te-Vi e participei de uma reunião de criação do Jornal do Caraguava. Fiz estágio na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Peruíbe e no Jornal Expresso Popular, do Grupo "A Tribuna", de Santos, afiliada Globo. Fui Diretor de Imprensa na Associação dos Estudantes de Peruíbe - AEP. Trabalhei também em outras áreas. Atualmente, escrevo para "O Garoçá / Editoria Livre" e para a "Revista Editoria Livre."


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