Moonlight: Sob a Luz do Luar

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

Falta pouco para a realização da cerimônia do Oscar 2017, que acontece neste domingo (27/02), em Los Angeles, nos EUA. E você? Já está na contagem regressiva para saber quem levará os principais prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas?

Fui conferir mais um filme indicado às categorias mais relevantes: o Moonlight: Sob a Luz do Luar, que concorre às estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor (Barry Jenkins), Melhor Ator Coadjuvante (Mahershala Ali), Melhor Atriz Coadjuvante (Naomie Harris), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora.

A trama começa narrando a infância de Chiron (Alex R. Hibbert), um garoto introvertido, quase monossilábico em suas falas, morador de um gueto, que sofre calado com as provocações dos seus colegas de classe – os quais vivem chamando-o de “bicha”, já desconfiados de sua sexualidade – e com a desatenção da mãe, viciada em drogas. O sofrimento perdura na adolescência (interpretada então por Ashton Sanders) e, depois de novas conturbações passadas pelo protagonista, o público é levado para a fase adulta de Chiron (papel de Trevante Rhodes), cuja aparência física robusta contrasta com o franzino rapaz de antes, mas prevalecem a quietude e introversão do personagem.

Ao longo da produção, é perceptível o sofrimento do protagonista diante das provocações que sofre, principalmente porque elas decorrem de sua sexualidade e da crise de identidade que o acomete – os próprios apelidos que representam uma personificação de tal crise. É de cortar o coração as cenas do Chiron, ainda garoto, sendo repreendido pela mãe e pelos colegas que o chamam de “bicha”, enquanto ele mesmo não consegue compreender quem ele é. Mas tudo pode mudar quando Kevin (Jharrel Jerome), o único amigo que ele parece ter na adolescência, o ajuda a se conhecer melhor.

Moonlight pode nos emocionar em alguns momentos, pois aborda um tema delicado e de grande repercussão nos dias de hoje, que é a repressão aos homossexuais, infelizmente ainda tão presente, especialmente em regiões menos favorecidas. A falta de apoio ao personagem numa fase tão difícil de autodescobertas, acompanhada por uma forte repreensão ao seu jeito de ser, contribuem para fomentar as angústias internas de Chiron e explicitar uma situação que certamente acomete muitas pessoas pelo mundo.

É provável que o apelo da trama tenha sido forte o suficiente para render as indicações ao Oscar mencionadas, mas ele acaba sendo pouco explorado na prática, o que torna o filme monótono, extensivo e até desgastante em alguns momentos. O final rápido e inesperado também quebra a expectativa do público e pode frustrar um pouco. Apesar de tudo, a trama levou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Dramático e quem sabe não surpreende na noite do Oscar.

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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