Até o Último Homem

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

Foi difícil conter as lágrimas em alguns momentos e segurar a emoção e a tensão que tomaram conta de mim quando fui conferir no cinema a mais recente produção dirigida por Mel Gibson, Até o Último Homem. O longa concorre, inclusive, em seis indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Direção (Mel Gibson), Melhor Ator (Andrew Garfield), Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som e Melhor Edição.

A trama é uma história baseada em uma história verídica de superação e muita fé diante dos mais ardilosos desafios proporcionados pela vida. Andrew Garfield vive Desmond Doss, um franzino e jovem rapaz que segue arduamente sua religião Adventista do Sétimo Dia, interpretando literalmente os mandamentos da Bíblia. Sua total obediência às Sagradas Escrituras leva-o a sofrer duras penas e críticas assim que ele resolve alistar-se no Exército e, logo de cara, impressiona os companheiros quando se recusa a pegar em armas e fazer qualquer atividade no dia de sábado – restrição também imposta pela sua religião.

Não demora muito para que o jovem vire motivo de chacota e humilhação por alguns de seus companheiros do quartel, que passam a insultá-lo e agredi-lo fisicamente, a fim de que ele possa revidar, mas o rapaz simplesmente se recusa a encostar um dedo em alguém para ira maior de seus provocadores.

Prestes a lutarem no Japão, na Segunda Guerra Mundial, Doss consegue enfrentar diversas resistências do Sargento Howell (Vince Vaughn) e do Capitão Glover (Sam Worthington) – que tentam mandá-lo de volta para casa, já que não pegaria em armas –, e embarca com seus companheiros rumo à guerra. Então você se pergunta: quais motivos levariam um homem a querer participar de uma guerra se não fosse para lutar intensamente com o armamento que possuísse?

A resposta do personagem é de tal grandiosidade que chega a elevar sua bravura, coragem e fé acima dos outros: o soldado afirma que enquanto seus colegas estariam ocupados tirando a vida do inimigo, ele se ocuparia em salvar as vidas do maior número possível de soldados feridos no campo de batalha.

E sua missão vai sendo cumprida numa sucessão de acontecimentos mirabolantes, de tirar o fôlego e as lágrimas emocionadas do público. Diante de sua determinação e ousadia em arriscar-se sem limites para salvar quem fosse, Doss deixa de ser visto como um covarde por muitos dos soldados que estavam com ele, os quais passam a admirá-lo e respeitá-lo.

Além da eletrizante história que se baseou na vida real do verdadeiro soldado Doss (1919 – 2006), Garfield arrasa em sua atuação e nos transmite a fé inabalável de um homem que tinha como única “arma” para lutar na guerra, a bíblia que segurava nas mãos, junto com a imagem de sua esposa: a enfermeira Dorothy (Teresa Palmer), quem ele conheceu pouco tempo antes de alistar-se. Este certamente é mais um dos ótimos trabalhos de Gibson, que talvez não leve o Oscar de Melhor Diretor, mas cuja indicação é mais do que merecida.

O filme começa pacífico, narrando a infância do protagonista e como ele conheceu seu primeiro e único amor, e não demora a nos transportar para o campo de batalha, onde os momentos mais marcantes e emocionantes da trama acontecem.

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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