Reconhecer o crédito alheio é prova de credibilidade #PEDAblogBR

Não reconhecer os créditos alheios é uma prova cabal de desonestidade intelectual

Imagem construída com suporte do BitsStrip
Bonequinho com cabelo desgrenhando, usando camisa social azul clara com gravata azul escura. Sentado numa cadeira, lá atrás se enxerga uma cama, uma janela e um guarda roupa. O bonequinho diz: Trabalho com blogs desde 2008!

 

É muito comum ouvir – ou ler –, entre os blogueiros, que a credibilidade é muito importante para uma boa relação com o público. O grande problema é que, nem sempre, as pessoas fazem aquilo que pregam. “Faça o que eu mando, não faça o que eu faço”, diz o antigo ditado. A verdade é que, com a possibilidade de edição constante, as pessoas buscam parecerem mais bonitas, mais inteligentes, mais cultas. E para onde vai a credibilidade nessas horas? Ela desaparece porque é uma credibilidade vazia.

A palavra vem do latim, é uma flexão de creditu, credere in tu, crer em ti.

Quanto mais credibilidade alguém tem, mais acreditamos nesse alguém. Até aí, nenhuma novidade. O problema se dá quando algumas pessoas tentam tomar para si o crédito que é de outro. Acredito que todos conheçam a passagem bíblica em que um grupo de fariseus manda seus discípulos junto com alguns herodianos (uma seita composta por seguidores dos Herodes) para tentar Jesus.

Ao chegarem perto do rabino, cheios de elogios, perguntaram se deveriam pagar tributo a César. Jesus pediu para ver a moeda com que pagariam tributo. Com o dinheiro na mão ele perguntou:

– De quem é esta efigie e esta inscrição?

– É de César

Responderam.

Então, ele completou:

– Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

O trecho pode ser conferido aqui e aqui.

A passagem se tornou tão famosa que até hoje repetimos a frase quando queremos atribuir devidamente aquilo que é referente a cada um.

Você deve estar se perguntando por que diabos eu estou com esse papo bíblico, não é mesmo? Já me explico. Há alguns dias, enquanto pesquisava sobre edição de vídeos, descobri o site PowToon. Um serviço voltado a criadores de conteúdo para o Youtube e derivados. Fiz alguns experimentos toscos (você pode ver aqui e aqui) com a intenção de conhecer a ferramenta. Talvez eu possa usá-la para criar conteúdos mais chamativos em formato audiovisual. O PowToon é um serviço pago, mas que tem muitas das suas funções disponíveis gratuitamente. O custo pelo serviço gratuito (sempre tem algum) é o logo do site no canto inferior direito do vídeo e um pequeno anúncio no final.

Não há almoço grátis, dizia Milton Friedman –, caso você não queira que o logo apareça no canto, ou que o anúncio apareça ao final do vídeo, basta pagar pelo serviço. É simples assim. Mas, eis que assisto a alguns vídeos de apresentação de cursos digitais, produzidos no Powtoon, com os créditos finais cortados e o logo no pé do vídeo borrado (veja aqui).

Você pode achar uma besteira, mas não é. “Daí a César o que é de César”, diria o rabino. A empresa gastou para produzir aquela ferramenta, está oferecendo recursos gratuitos, você só precisa deixar os créditos lá. Dessa forma, outras pessoas terão conhecimento da ferramenta. Usar os serviços, ainda mais para fins comerciais, e não dar os devidos créditos é uma falta de respeito muito grande.

O pior é que são as mesmas pessoas que bradam por honestidade na blogosfera. Pessoas que não gostariam de ter os créditos da sua parca produção subtraídos. Então, vamos pensar direito: será que se todos os usuários omitirem os créditos da ferramenta a empresa continuará oferecendo alguns recursos de forma gratuita? Quem perderia com tudo isso? Será que o seu leitor não te daria maior credibilidade se você reconhecesse os créditos dos outros?

Aquilo que chamamos de blogosfera brasileira ainda é muito imatura. Cabe a cada um de nós fazer a sua parte , talvez assim os blogs deixem de ser vistos como veículos de comunicação sem credibilidade.

E você, o que acha de tudo isso?

 José Fagner Alves Santos

Este artigo faz parte da campanha #PEDAblogBR.

Sobre o autor

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José Fagner Alves Santos é jornalista (MTB 0074945/SP), formado em Letras. Mestre em Educação, Doutor em Literatura. Fã de Ernest Hemingway, Tom Wolfe, Gay Talese, Hunter Thompson, John Hersey e Eliane Brum. Faz um arremedo de jornalismo literário. Publica sempre às segundas aqui no Editoria Livre e apresenta o podcast que é publicado às quartas. Colabora com o Portal Café Brasil.


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