Por que a troca de poder na China gera suspense em todo o planeta


“Menina dos olhos” no cenário mundial: é assim que muitos países enxergam a China, potência econômica que em 2010 se tornou a segunda maior economia do mundo, atraindo os olhares de investidores oriundos de todos os continentes, preocupados e interessados em fazer alianças que alavanquem suas nações economicamente, tendo a China como uma geradora de riquezas.

Nos últimos dias a tal “menina dos olhos” foi motivo de atenção redobrada por parte das outras nações. A razão para tal fenômeno se deve ao fato das mudanças de poder chinês talvez serem as mais profundas da década. A partir de março de 2013 o novo presidente da China, Xi Jinping, tomará posse ao lado do primeiro-ministro Keqiang, de modo que eles poderão permanecer até 10 anos no cargo.

A troca de poder chinês preocupa várias partes do mundo por uma série de fatores. Um dos principais é que muitas nações, como os EUA e os países europeus, continuam sentindo fortemente os abalos da crise econômica mundial ocorrida em 2008, com o estouro da bolha imobiliária norte-americana. Porém, tais nações viram na China um aliado que pudesse ajudá-los na melhora econômica e por isso a troca de poderes acaba por criar tantas expectativas, já que as nações temem ser desfavorecidas pelos acordos comerciais chineses, caso haja profundas mudanças no regime de Xi Jinping.

Enquanto a existência de conflitos entre a população e o governo se torna rotineira, principalmente em países europeus, onde os cidadãos estão cada vez mais descontentes com as atitudes governamentais – que reduz salários e corta benefícios dentro dos planos de austeridade adotados pelas autoridades no intuito de combater a crise – a China parece seguir uma linha totalmente oposta ao desespero que se abate sobre diversas regiões afetadas pela recessão econômica.

Com tantos anos de história, a nação chinesa vem se destacando intensamente nos últimos anos pela forma como tem implantado sua gestão. O crescimento da mão de obra barata, semiescrava, aliada à estratégia, contestada, de uma política econômica centrada na maxidesvalorização de sua moeda, alavancou cada vez mais a produção nacional, colocando a China na mira das exportações. Almejada por muitas potências mundiais, o país se fortaleceu intensamente nos aspectos econômico e social exportando seus produtos para os quatro cantos do planeta, com custos sem par onde quer que seja.

A China só não contava era com o grande estouro da bolha imobiliária, ocorrido em 2008, que acabaria por impactar, principalmente, nações tão importantes para o desenvolvimento mundial. Mesmo assim, enquanto muitos líderes norte-americanos e europeus quebravam e continuam “quebrando a cabeça” para pensar numa forma que os livrem dos tentáculos da recessão, a China ainda pôde respirar mais aliviada desfrutando de sua riqueza, gerada principalmente pelas intensas exportações de outrora.

No entanto, a situação não tende a ser branda por período indeterminado, afinal os países que estabeleceram negócios com a China não estão em uma zona nada confortável, o que acabou abalando também a estrutura chinesa, que sofreu uma grande queda das exportações para estas regiões. O cenário mundial vem sofrendo alterações principalmente em relação à Europa, onde os países europeus contam com a ajuda chinesa para, em meio à crise do euro, poderem exportar seus produtos e garantir uma espécie de auxílio financeiro internacional.

Além disso, a grande demanda atual por profissionais reduziu a mão de obra chinesa disponível, o que obrigou muitas empresas a oferecerem salários mais altos para atrair os trabalhadores. Sendo assim o novo presidente Xi Jinping terá de lidar com alterações em sua nação que, futuramente, tragam um maior abalo para o país mais populoso do mundo. Fala-se em uma reforma política que possa voltar os olhos da China para o mercado interno. Resta saber se o novo líder estará disposto a promover tal mudança ou manterá a mesma e tradicional linha do regime chinês.

Portanto, não é de se estranhar que o mundo fique apreensivo com a entrada de Xi Jinping, pois, ao menor sinal de uma pequena modificação em sua gestão, muitas nações já prenderão o ar, temendo sofrerem um desgaste ainda maior em suas economias. O Brasil também observa atento tudo o que acontece, já que a China é a maior compradora de produtos brasileiros há três anos e, neste ano, se tornará pela primeira vez a principal fornecedora para o país, desbancando os EUA. 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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