Para sempre Alice

Publicado em 28 de março de 2015

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

O que você faria se de repente percebesse que imagens, palavras e memórias estariam sumindo da sua mente e você descobrisse estar fadado(a) a se esquecer de tudo que foi e construiu ao longo da sua vida?

Essa triste e delicada reflexão é proposta pelo filme Para Sempre Alice, cuja história se baseia nos sofrimentos e angústias de uma vítima do mal de Alzheimer – doença neuro-degenerativa que leva a uma perda ou redução das capacidades cognitivas do indivíduo, fazendo com que ele sofra constantes esquecimentos, podendo até mesmo perder sua autonomia para realizar simples atividades do dia a dia. Ainda não foi encontrada uma cura para a doença e sua causa é desconhecida.

No longa, a atriz Julianne Moore interpreta Alice Howland, uma professora de linguística, casada e mãe de três filhos, que aparenta ser uma mulher equilibrada e bem sucedida, tanto em sua carreira quanto na vida pessoal. Porém, sua vida sofre uma drástica mudança quando – após ir ao médico por ter começado a sofrer lapsos de memória – ser precocemente diagnosticada com o mal de Alzheimer, com apenas 50 anos de idade – a doença costuma manifestar-se apenas a partir dos 65 anos.

A partir de então, Alice começa a entrar em desespero, principalmente após o médico dizer-lhe que seus filhos também poderão sofrer do mesmo mal que ela, pois a professora desenvolveu um tipo raro de Alzheimer com grandes chances de ser transmitido geneticamente.

Ao decorrer da trama, é perceptível a grande aproximação de Alice com a sua filha caçula (Kristen Stewart). A garota se mostra uma pessoa emotiva e compreensível com a mãe e que tenta entender o que realmente está se passando dentro do “mundo” de Alice, ao contrário de seus irmãos e do pai, que enxergam a professora como uma vítima de uma doença que necessitará sempre de cuidados, mas sem entender de fato suas angústias e medos.

Apesar de trabalhar um tema que por si só já é pesado e comovente, Para Sempre Alice, dirigido por Richard Glatzer e Wash Westmoreland, mostra as experiências vividas por uma vítima de Alzheimer de modo mais brando e generalizado. O longa não se aprofunda muito nas alterações gradativas de comportamento que muitos pacientes, vítimas desta doença degenerativa, podem apresentar.

Todavia, é a brilhante atuação de Julianne Moore no filme – que deu a ela o Oscar de Melhor Atriz neste ano – que acaba por prender a atenção dos espectadores, já que a atriz praticamente leva o filme nas costas, principalmente em cenas como a que mostra sua personagem discursando para um auditório cheio, sobre as limitações e medos que a doença lhe causa. O forte e comovente discurso talvez seja o ápice do filme o qual, se não fosse pela entrega de Julianne – mal conseguiria cativar o público.

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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