Artigo: A criminalização dos pancadões

Mesmo sofrendo muito preconceito o funk carioca desceu o morro, chegou ao asfalto do Rio de Janeiro e hoje se espalhou por todo o país. Foi como meter o pé na porta e fazer as pessoas engolirem o movimento que surgiu nas favelas carentes de opções de lazer, diversão e totalmente ausentes do poder público.

Não dá para ignorar o movimento. Eles dominaram a TV, rádio e até aquela pessoa que pega o mesmo ônibus que você…

Mas esta invasão incomoda. Muita gente não quer o “favelado” se divertindo no Centro. Pior ainda, não quer ver a sua filha ouvindo um funk no fone,  rebolando ou trocando beijos com um “funkeiro maloqueiro.”

Mas qual é a opção que o poder público oferece mesmo? Quais são as baladas em Peruíbe? É possível que nem todos gostem da “baladinha de boy” como muitos da periferia chamam as poucas opções elitizadas da cidade.

Infelizmente os bandidos estão por toda parte e nas diversas baladas também. Recentemente, algumas pessoas morreram quando rezavam dentro de uma igreja, em Campinas. Não há lugar seguro.

É preciso saber que nem todo mundo que frequenta o pancadão é bandido. Há ali muitos jovens de família e de boa educação. Não é fácil para um pai controlar a vontade do seu filho e proibir não parece ser o melhor caminho, basta olhar para a história.

O movimento hippie e o rock and roll foram mal vistos. O rap e o samba (ambos nasceram na periferia) também foram marginalizados. Nem todo mundo que ouvia Planet Hemp fumava maconha.

Se você  não gosta do funk lembre-se que o mundo não é feito com as suas vontades. O Brasil é uma democracia e há diferentes culturas. Tem coisas que você não gosta nos outros, da mesma forma que os outros não gostam de coisas que venham de você.

Se é verdade que o funk é frequentado por um indivíduo sem cultura e sem educação, por que então não cobrar melhores escolas para os jovens do que proibir o pancadão?

É preciso se despir de qualquer preconceito, estudar o assunto, o histórico e as histórias pelo país, não colocar o gosto pessoal em primeiro plano e executar uma ação efetiva que seja boa para pobres e ricos.

Por hoje, a única verdade que não pode mais acontecer é a morte de um adolescente no Centro de Peruíbe.

Texto e Autoria: Márcio Ribeiro*

Imagem: Pixabay

Contato: [email protected]

*Márcio Ribeiro é Jornalista (Unisantos), Técnico em Turismo ( ETEC Centro Paula Souza), Técnico em Lazer e Recreação (Senac), Monitor Ambiental (Instituto Florestal) e Caiçara.

Sobre o autor

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Sou Jornalista, Técnico em Turismo, Monitor Ambiental, Técnico em Lazer e Recreação e observador de pássaros. Sou membro da Academia Peruibense de Letras e caiçara com orgulho das matas da Juréia. Trabalhei na Rádio Planeta FM, sou fundador do Jornal Bem-Te-Vi e participei de uma reunião de criação do Jornal do Caraguava. Fiz estágio na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Peruíbe e no Jornal Expresso Popular, do Grupo "A Tribuna", de Santos, afiliada Globo. Fui Diretor de Imprensa na Associação dos Estudantes de Peruíbe - AEP. Trabalhei também em outras áreas. Atualmente, escrevo para "O Garoçá / Editoria Livre" e para a "Revista Editoria Livre."


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