Macbeth: Ambição & Guerra

Publicado em janeiro de 2016 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

Passam-se os anos, o mundo se moderniza em suas mais variadas vertentes e o ramo da artes não fica de fora com suas novas manifestações cênicas, expositivas e por ai vai. Mas há obras que, por mais que o tempo avance, se eternizaram na mente de pessoas do mundo todo e continuarão a se eternizar, pois jamais cairão no esquecimento.

É o caso das obras de William Shakespeare, um dos maiores dramaturgos da história da humanidade. Quem conhece seu repertório sabe que este vai muito além de Romeu e Julieta e inclui histórias que atingem uma dramaticidade e intensidade tal que nos envolve pelas palavras, surpresas e desfecho das tramas.

É o caso de Macbeth, que novamente vai parar nas telas do cinema na mais nova produção do diretor Justin Kurzel: Macbeth: Ambição & Guerra. Adaptação da peça shakespeariana, o filme traz a história de Macbeth (Michael Fassbender), um cavaleiro de guerra que passa a ser aclamado principalmente pelo rei da Escócia (David Thewlis), quando luta bravamente contra os inimigos do rei numa batalha dada quase como perdida por parte do reinado escocês. A partir de então a obsessão de Lady Mactebh pelo poder (Marion Cotillard), esposa do protagonista, a consome de tal maneira que ela “envenena” a mente do marido para que ele mate o rei e assim assuma seu lugar.

A ideia surge depois que Macbeth é assolado por quatro bruxas as quais preveem que ele seria rei e seu companheiro de guerra Banquo (Paddy Considine) seria pai de muitos reis. Após relutar por um momento a aceitar a proposta da mulher, ele sucumbe a sua ideia e, a partir de então, deixa-se dominar por um instinto assassino que o domina intensamente fazendo com que ele passe a ordenar a morte de todos aqueles que ele acredita atrapalharem seu caminho.

Tem-se neste exato momento uma inversão de papeis em que o protagonista é dominado por um desejo sanguinário cada vez maior enquanto sua mulher retrai-se chegando a se chocar com o comportamento do esposo.

Com uma linguagem mais rebuscada que procura assemelhar-se bastante com a obra original, o longa também cativa pela densidade da história e os planos e cores utilizados: planos fechados focados muito mais nas expressões dos personagens presentes num cenário de cores sombrias, marcadas principalmente pelo preto e o vermelho, dando a sensação de sufocamento e aprisionamento do público que fica apreensivo o tempo todo diante de cada surpresa que surge na tela.

Destaca-se a atuação de Michael Fassbender no papel de Macbeth. Já Marion Cotillard está bem em seu papel de Lady Macbeth, mas poderia crescer ainda mais se avivasse mais a transformação intensa de sua personagem que revela um desejo insaciável de poder e matança, o qual acaba se atenuando no desenrolar da trama.

Sobre o autor

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Mestra em Ciências Humanas. Jornalista. Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior e em Comunicação Empresarial.
Assessora de Comunicação. Blogueira de Cultura e de Mídias.
Sou apaixonada por programas culturais – principalmente cinema, teatro e exposição – e adoro analisar filmes, peças e mostras que vejo (já assisti a mais de 150 espetáculos teatrais). Também adoro ler e me informar sobre assuntos ligados às mídias de modo geral e produzir conteúdos a respeito.


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